VARIG, FUSCA E O PARA-LAMAS

VARIG, FUSCA E O PARA-LAMAS

AS PORTAS ERAM PEQUENAS OU O FUSCA CRESCEU?

Os Fuscas que viajavam nos cargueiros da Varig eram tratados como passageiros VIP. O encarregado de colocá-los a bordo precisava ter uma dezena de atributos – ser astuto, inteligente e versátil, requisitos básicos para convívio saudável, apesar dos contratempos criados pela agilidade que faltava. No Brasil o Fusca se deu bem com a Varig. Os Cargueiros ficaram mais barrigudos, crescendo a pança com a entrada do lendário Curtiss C-46 (boca de trombone) facilitando o acesso de entrada de qualquer peça mais espessa, com raras exceções. Transportando 48 passageiros de dia, e durante a noite, num passe de mágica, transformando-se num operoso cargueiro, sem perder a compostura, gerava lucros bem-vindos. Os Fuscas que a Varig transportava, eram brilhantes, bonitos e carrancudos. Fortes como touros, foram criados num regime de austeridade. Seus para-lamas eram a defesa de ambiente originário de uma terra virgem pronta para ser explorada, como a nossa.

Com o inicio da produção da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, (1959), o Fusca começou a ganhar escala para dominar o mercado, fazendo da Varig a transportadora oficial.

 

Na Varig, em 1959, com a chegada do Fusca muita gente inteligente e alegre gostava de atropelar, sem causar arranhão, onde o bom senso passava sem cinto de segurança, oferecendo histórias que ficavam arraigadas, fixas pela raiz, no folclore – envolvendo gente nossa, como o colaborador LUIZ FERNANDO SMIDT vai contar, num depoimento temperado com a verve característica da sua marca registrada.

O FUSCA NAS ASAS DA VARIG SÓ ANDAVA DE AVIÃO – PRÁ QUE PARA – LAMAS ?

A matéria excelente sobre competição de carga, recém publicada neste Blog, continha uma foto dos Fuscas embarcando num Curtis C-46 da Varig, que de dia levava 48 passageiros e à noite transformava – se num lucrativo cargueiro, me fez lembrar de uma história hilariante:

“Na primeira viagem dos Fuscas de São Paulo para Porto Alegre, eram seis, se não me engano, que estavam no Curtiss. O assistente do seu “MUller, de Cargas”
como era conhecido, mandou avisar que não estava conseguindo desembarcar os carros de jeito nenhum, por mais que forçasse. Usando o rádio de comunicação com o assistente, cuja sala ficava a uns 3 metros da dele, que estava quebrado cerca de 5 anos, mas pelo timbre e altura da voz do seu Muller não fazia diferença, pois o Sinfrônio escutava alto e claro, como se o chefe estivesse ao seu lado – disse naquele sua conhecida gentiliza – “DEIXA COMIGO QUE EU VOU LÁ E TIRO ! E rumou para a pista.

Depois de uns 15 minutos de muito suor e pescoço tauriano escorrendo feito balde d’agua, voltou para a sala dele e baseado na sua enorme experiência vislumbrou a única solução possível – Falar com São Paulo – “Tá bom Arnaldo, qual é a sacanagem! O seu Arnaldo, bem ao seu feitio, se dera ao trabalho de tirar todos os para-lamas dos Fuscas, carregar a bordo e depois recolocar, um por um, sem abrir o jogo, só para fazer o Muller, metido a sabichão, quebrar um pouco a cuca, pedir socorro e depois espalhar a façanha prá todo o pessoal da manutenção, contando vantagem, sendo aclamado como herói pela vitória. Esse era o espírito de companheirismo que instigava o pessoal a enfrentar os desafios do dia-a-dia, ajudando a fazer da Varig uma grande família unida na alegria e na tristeza.

* Colaboração selecionada, que merece registro no glossário das historietas envolvendo o cotidiano da Grande Família Varig. A escolha, acontece dia 7 de maio, por ocasião do encontro festivo dos 96 anos da Pioneira.

VARIG E BRANIFF

VARIG E BRANIFF

NOVA YORK – A CEREJA DO BOLO
BRANIFF  era uma velha conhecida do Brasil desde março de 1949 usando os DC-6 e DC-7 com duas frequência semanais. Logo em seguida, nos anos 50, já estava em todo o país. Em 1960, junto com a Varig , inaugurou a era do jato com o Boeing – 707, tornando-se gigante dez anos depois. No cenário político a BRANIFF conseguiu um golpe de mestre. O presidente Truman escolheu a companhia para as novas rotas Oeste da América Latina, dando a empresa texana  a autorização para ligar Houston à `Buenos Aires  com escala entre outras no Rio de Janeiro e São Paulo. Em 57 já  tinha lançado com o DC-6 a  versão  El Conquistador.com a rota panorâmica sobre os Andes garantindo – “Hoje no Brasil, amanhã cedinho nos EE. UU. – Uma só passagem  – um só avião até ´Nova York ,( escancarando o enfrentamento com a Varig)  No ano seguinte (58) lançava El Dorado, a fabulosa versão BRANIFF  do DC-7C para Nova York e Washington, com leitos de verdade nos voos  e serviço de luxo De lambuja, lembrava – “e…somente pela BRANIFF  – Lima -Panamá –  Miami com conexões em Miami  para qualquer parte dos Estados Unidos Na era do jato, assim como a Varig no Brasil, tornou-se uma das mais bem sucedidas empresas aéreas americanas. encomendando mais de 40 jatos de uma só vez ( Boeing-707 e DC-8).
Em 1955,na disputa de Nova York, a Varig tinha ideia fixa no confronto direto com a PAN AM, como se fosse obstáculo único a ser vencido, que com todo seu poderio se espalhava pelo mundo. Enquanto que para a empresa gaúcha a disputa representava sua sobrevivência, para a congênere americana era migalha. Qualquer reação contrária poderia ser esmagada com o estalar dos dedos. O tiro saiu pela culatra e os gaúchos com seu CTG munido de serrote que assobiava, dando a cadência do espetáculo, saíram incólumes, vencedores improváveis na  histórica guerra David x Golias. Por traz deste pano de amostra a Varig esqueceu que não estava tão sozinha nesta empreitada . Muito pelo contrário, tinham outras concorrentes que por linhas transversas ameaçavam qualquer hegemonia em  Importantes fatias de  mercado, começando por Nova York,  a cereja do bolo que Berta estimava comer  desacompanhado. Caras novas ( não tão novas)  surgiam no cenário mostrando as “garras” disfarçadamente. Uma delas, tinha nome e sobrenome insinuando-se como postulante de um espaço onde muitas outras tentavam botar o  bico. Na verdade  VARIG e BRANIFF pareciam irmãs gêmeas. E isso começou a assustar. por uma série incrível de coincidências que se multiplicavam como papel carbono. Meyer e Berta criaram a Varig em 1927.. Em seguida, um ano depois (1928) os irmãos Thomas e Paul Braniff  lançaram-se na aventura do espaço aéreo,  assumindo posição relevante na história da aviação comercial.
As estratégias de desenvolvimento de ambas as companhias seguiram num ritmo alucinante em busca do protagonismo, com coragem digna dos inovadores. A BRANIFF  foi a estrangeira que mais investiu no Brasil, inclusive no marketing, apostando num filão que logo mostrou-se promissor, numa serie infindável de coincidências, escrevendo  relatório de  ações que escancarava um duelo em terra, nunca  visto nos ares. Nascendo, praticamente juntas, na mesma época, as características  ganhavam semelhança  e o que uma fazia era logo rebatida pela outra, tentando melhorar a ideia  criativa. Tudo ainda marcado pelas  vias do destino implacável.
Nos anos 50 a BRANIFF perdeu seus dois poderoso fundadores. Paul  e Thomas Braniff. Um em acidente de helicóptero, outro vitima de séria doença. Na VARIG  o mesmo fato ganhou ares dantescos. Logo em seguida a empresa viveu momentos dramáticos nos anos 60,  com a morte também  dos seus fundadores –  Otto Meyer e Ruben  Berta, este aos 59 anos de idade, fulminado por um enfarte em plena mesa de trabalho no seu escritório no Rio de Janeiro. – deixando lacuna difícil de ser suprida.. Seus sucessores no entanto, nos dois lados souberam  transformar a década seguinte num campo promissor de grandes triunfos . As escolhas, de ambas as partes, se revezavam de forma plural  – Um exemplo espetacular representou o lançamento da era do jato no Brasil e na América, simultaneamente se apresentaram  no  mesmo ano,  mesmo dia, com a fábrica  do mesmo avião, um moderno   Boeing -707. Provavelmente, depois de apurados estudos, ( ou nem tanto) ambas chegaram a igual conclusão (Berta garante que foi da Varig) Na verdade, uma usava a outra como plataforma de lançamento, desde que tudo desse certo, abdicando da áurea de chegar primeiro, em detrimento de colher menos riscos..
Paul e Thomas Braniff
Na área de marketing a BRANIFF mostrava-se  eloquente, as vezes até sobrepondo  a VARIG. Quando  secavam  os dólares o espaço era preenchido por cartazes exibidos nas vitrines das lojas de passagens ou nos grandes magazines e imprensa especializada, como verdadeiras joias da criatividade, que encantavam os clientes pela finesa dos detalhes, num duelo exibido e comentado na mídia impressa e eletrônica no mundo da aviação… Nos ano 80, novo debate de encantamento tomou conta dos ares – Depois de 10 anos manchete na revista ICARO anunciava –  “Mais charme e elegância no ar, via Varig, obrigando a BRANIFF a rebater lançando padrões revolucionários que se sobrepunham à coincidência e se transformavam em disputa de beleza pura. – Ambas tiveram um zelo incrível  com suas raízes ao manterem Museu Histórico, sendo o da Varig visitado por multidões (30 mil pessoas num fim de semana) nas comemorações da  “Semana da Asa” evento patrocinado pelo Ministério da Aeronáutica.

 A década de ouro dos anos 70 vinha chegando ao fim e com ela os problemas na aviação  comercial  norte – americana  se multiplicavam.  A BRANIFF tinha crescido mais do que podia. Uma dívida de 350 milhões de dólares pesava no Balanço da empresa.. A recessão de 1979/1980 começava a fazer estragos.. Os grandes jatos  encomendados em quantidade ( o centésimo Boeing  –  747 chegou naquela época) voavam vazios O segundo ” oil shock” e uma frota antiga tardiamente sendo renovada além de excessiva capacidade dentro e fora da empresa faziam os  “Yields”.(rendimento de lucro) caírem  abruptamente, levando a empresa a uma situação insustentável. Fatores combinados com acirrada concorrência levaram a BRANIFF à sua falência em 15/05/82, após 54 anos de prósperas operações.( fato pela primeira vez ocorrido na aviação americana)

VARIG E BRANIFF – Na vida e na morte – nasceram juntas, alcançaram o apogeu na mesma época e morreram vítimas de uma mesma doença –  chamada falência – por motivos semelhantes, sem direito a  intervenção cirúrgica.

PRECISÃO E DISCIPLINA

PRECISÃO E DISCIPLINA

BERTA VIA  AS PERNAS DAS CORISTAS E PENSAVA NOS TRIPULANTES DA VARIG

(Foto nos achados de Meyer)

O espetáculo ficava na Broadway (via larga) em Nova York famosa pelos seus teatros que exibem super produções de música que muitas vezes ficam em cartaz durante 20 anos É ponto de referência para 43 teatros que conformam o circuito  Broadway. Depois de longa espera (meses) Berta foi  assistir o espetáculo –  Music Hill e saiu   maravilhado., considerando o conjunto  da obra e o desempenho das bailarinas de elevado padrão, marcado pela excelência dos movimentos sincronizados. Era um notável desempenho de equipe. Um único passo em falso representava o desastre iminente, capaz de por tudo a perder aniquilando o compasso  da apresentação. No texto,  em cima da foto, Berta escreveu ”  Music Hall  Nova York- Exemplo para os tripulantes da Varig – Precisão e Disciplina.

Mesmo nos momentos de excepcional descontração, Berta tinha em mente  a imagem da Varig capaz de colecionar tudo de  bom que seu celebro privilegiado identificava, para usar em favor do seu sonho. Diz a lenda, ter a  mensagem  voado de boca em boca, sendo conferida por muitos, pessoalmente, assimilada com resultados que garantiram para a Varig excelência no atendimento, em performance de grupo que conquistou o mundo.

BERTA E O FRETE BAIXO DOS VOOS CARGUEIROS

BERTA E O FRETE BAIXO DOS VOOS CARGUEIROS

Pioneirismo da Varig – Voando dia e noite – transportando riquezas do Rio Grande para todo o Brasil chegou a ser contestada por concorrência ruinosa.

 

om o programa Frete Baixo, criado por Berta, a indústria gaúcha ganhou ares de modernidade conquistando o pais, e a Varig, voando dia e noite, consolidou sua liderança como transportadora aérea no segmento cargas.

 

Beliscado por Ribeiro Dantas, da Cruzeiro, através de entrevista dada ao jornal  O Globo, Berta respondeu com uma campanha na  imprensa que deu a Varig  liderança no transporte aéreo de cargas. Ele não deixava nada sem resposta – não levava desaforo para casa. Gostava de debater temas polêmicos, sempre que necessário  sair em defesa da Varig, ou de uma ideia brilhante.

Quando examinava os arquivos secretos de Meyer ( liberado pela família) encontrei uma correspondência de Berta endereçada ao diretor geral da aeronáutica civil,  Cezar Grillo comentando declarações prestadas pelo presidente da Cruzeiro, Bento Ribeiro Dantas, ao jornal O Globo tecendo críticas sobre a Varig, Na parte superior do documento datado de 10/06/48 Berta escreveu: ” Ao prezado senhor Meyer para divertir-se um pouco com esse bate- boca. – assinado Ruben Berta. Ele tinha prazer especial em polemizar, especialmente quando o assunto dizia respeito à Varig. ou mesmo sobre a aviação comercial, da qual era considerado um mestre, seja qual fosse a abordagem. Assim, tornaram-se famosos seu debates contra dirigentes das empresas concorrentes sem deixar de estender suas considerações aos maiores  mandatários do país e as autoridades responsáveis pelo sistema aéreo.

 

A reportagem afirmava que a  Varig recebia 4.200 contos e tinha vantagem de 10 centavos ao litro de gasolina sobre as congêneres. que cobrava fretes duvidosos ao Rio Grande do  Sul, porque nele trabalhava sem concorrência. De ambas as circunstâncias tirava partido para deflagrada concorrência ruinosa no trajeto de Rio a Porto Alegre contra suas congêneres. A entrevista, por ninguém provocada fez Berta partir no contra-ataque. Provou, com longa argumentação, que a subvenção que recebia era muito inferior ao necessário, mostrando através de farta documentação, que metade do valor recebido era aplicado na construção e reforma das pistas de pouso,. Só no ano de 47, segundo Berta, os fretes baixos correspondiam simplesmente  a  uma operação de aviões cargueiros em conjunto com um movimento apreciável de cargas representando o resultado de uma conquista, em benefício do nosso movimento interno . Era coisa que a Varig não pretendia abandonar enquanto as circunstâncias o permitissem mesmo cessada a luta das tarifas

 

A Varig não tirou com semelhante política, as cargas das empresas que operavam nessa linha. As estatísticas comprovaram que tais empresas mantiveram seu aproximado volume anterior de encomendas. Abriu, sim, horizontes novos na função de estreitar e simplificar as relações comerciais entre nossos estados sulinos. Quanto aos passageiros. é de se supor que a Varig tendo a intenção da concorrência ruinosa tivesse estendido a sua política baixista aos preços das passagens, que constituem o grosso da receita das nossas empresas de navegação aérea. Como o dr. Bento Ribeiro Dantas não abordava semelhante assunto em suas declarações Berta deu por subtendido que não precisava defender a companhia nessa imputação .sendo prova da inexistência de competição ruinosa apontada contra a Varig.

 

Para concluir, Berta afirmava : ” A Varig não tem o propósito de menosprezar os sacrifícios de suas congêneres ou aumentar-lhes os contratempos. Operando com fretes baixos em carga industrial, o faz pela razão muito simples de que algum dia estes fretes teriam que ser introduzidos como consequência lógica do desenvolvimento da aeronáutica e do ´ mercado.- A Varig esta pronta a concorrer – como sempre tem ocorrido – para apaziguar uma situação pela qual não tem culpa, resguardados os interesse públicos  e o desenvolvimento da aviação aérea em nosso pais.. Pelo bom uso das subvenções tenho  honra de reclamar para a Varig certidão da mais absoluta lisura no manejo destas verbas, como bem sabe o governo que nos toma as contas.

NELSON JUNGBLUT 

NELSON JUNGBLUT 

A  “FERA” DOMADA

Os calendários da Varig dos anos 60/70, em especial,  levando a assinatura de Nelson Jungblut  diretor de artes da companhia, eram aguardados  com grande expectativa, pois passaram a ser peças únicas, colecionadas avidamente pelos clientes ansiosos em exibir sua parceria com a Pioneira. Cada ano recebia um tratamento especial, consideradas verdadeiras obras de arte, impressas em silk – scrin, uma técnica inovadora na época, realizada nos estúdios da Propaganda, em Porto Alegre, capaz de usar um número incrível de cores e contrastes.  Aparecia num momento em que a Varig tinha sua estratégia de comunicação voltada para a mídia eletrônica, onde o radio e a televisão eram mídias distinguidas com polpudas verbas publicitárias.. O trabalho de Nelson representava um importante reforço institucional de marca, que pela beleza  e originalidade era recebida como  destaque na imprensa especializada.  Conseguir um exemplar do Calendário era proeza que o distinguido exibia como troféu.

Conviver com Nelson seriai meu teste definitivo  no novo cargo. Domar a “Fera” como era conhecido, com seus rompantes, aparentava missão difícil de ser cumprida sem evitar atropelos, segundo bilhetinhos de colegas do Rio  e São Paulo’ que apareciam na minha mesa. em envelope fechado – desafio que me aguardava com visão nebulosa. Aquela manhã aprazível era prenuncio de mais um dia calmo e produtivo, até que, inesperadamente, transformou-se num ambiente de beligerância. Ele invadiu a sala  sem ser anunciado. Aparecia como se tivesse  com quatro pedras nas mãos. Entrou de supetão direto sem qualquer  saudação.- “O que estas fazendo aí na mesa do Acauan ? Respondi com sarcasmo -“Contando ovelhinhas”  Em seguida entrou a Neusa, minha secretária já treinada, com o cafezinho da paz, pondo agua fria na fervura. Então expliquei com calma cada detalhe – O Acauan tinha se aposentado – Eu era jornalista formado pela PUCRS, com bolsa de estudos dada por Berta. Fora transferido para a Propaganda para dar continuidade a edição da Revista Rosa dos Ventos, agora de responsabilidade da Superintendência. Estava no cargo vago, de forma  provisória e tinha pouco relacionamento com o  Adoniram.Araujo, novo titular do Setor no Rio de Janeiro  (egresso da Panair) por indicação do presidente Erik de  Carvalho

 Acalmada a fera, senti que precisava ainda ser domada. E logo surgiu a oportunidade. Na época Nelson se desdobrava com a sua criatividade. Os calendários da Varig passaram a ser um diferencial de marca. Sempre na busca da perfeição, sugeriu que a impressão fosse feita  em serigrafia, técnica pouco conhecida no mercado, com resultados surpreendentes. De pronto aderi à iniciativa, conseguindo espaço e aquisição do material  necessário. Por sua vez, por solicitação, admiti seu irmão  Nilo Jungblut, para completar a equipe, dado o conhecimento  adquirido sobre o assunto (silk – screen). Adoniram ficou de nariz torcido, pois tudo foi feito por minha conta, mas terminou aceitando, dado o sucesso do empreendimento. (acrescente-se ao fato de ficar livre  por um tempo da sombra que incomodava)

Com a presença de Nilo (a esquerda ao meu lado) num encontro de confraternização. O projeto ganhou corpo atingindo o apogeu, com as exigências de Nelson cumpridas à risca, num ambiente de parceria e comprometimento – formula do sucesso.

Os primeiros calendários, ideia de Cristovam Rios então diretor de Propaganda, utilizavam somente fotografias. Eram impressos no Uruguai onde estavam as melhores gráficas. Quando Nelson assumiu o Departamento, ampliou as dimensões dos calendários tornando-os mais vistosos, introduzindo ilustrações seguindo tendência existente nas grandes companhias internacionais de aviação, como Swissair, KLM e Air France. O calendário ganhou 12 estampas e o tamanho de 30 centímetros de altura ampliou para 80, dando ao colorido das pinturas um significado dominante…

Por sua vez os cartazes também seguiram novos conceitos –  as fotos, que antes se repetiam como  lugar comum, passaram a exibir apurada técnica valorizando figuras típicas de cada região tornando-se únicas, dando lugar a forte  presença da marca, isoladamente, tendo o logo da Rosa dos Ventos  (criação de Jungbluth) quase invisível no pé da arte, eliminando a presença do Icaro, abdicando, corajosamente, da presença do avião. O conjunto dos detalhes além da  beleza, contribuía para realçar uma estratégia de comunicação inovadora, com  premiação no Brasil e no Exterior exibida nas vitrines das Lojas de Passagens da Varig no mundo, incluindo Agências de Viagens e Turismo, diversos locais públicos e empresarias, todos ansiosos em mostrar sua parceria com a Varig

No final, formamos em Porto Alegre uma equipe coesa. Pessoalmente, eu dava presença diária  na oficina incentivando  o trabalho do Nilo, muitas vezes junto com o próprio Nelson, apoio que terminou transformando o limão azedo numa saborosa limonada (caipirinha) sorvida no churrasco em grupo, que marcava a comemoração de cada vitória. Tempos depois, já aposentados, compareci na concorrida seção de autógrafos do belo exemplar que mostrava a exuberância da sua obra e o quanto Nelson  era reconhecido pelo seu  trabalho  Recebi com emoção o autografo – ” Para o Mario, com todo o amor e amizade, de um colega da Varig”  – Nelson Jungbluth. Um afetuoso abraço selou a  parceria, marcando parte inesquecível da nossa história de vida na Varig.

Missão cumprida – Nelson realizou seus sonhos e tornou-se um companheiro calmo e solicito ao dialogo, consagrado pelo conjunto da obra. Eu, orgulhosamente, me deixava fotografar tendo na retaguarda o colorido das obras de arte do colega e amigo que corriam o mundo pelas asas da Varig

FESTIVAL DE CINEMA

FESTIVAL DE CINEMA

Decolagem de Gramado nas asas da Varig

Kikito, estatueta criada pela artesã Elisabeth Rosenfeld – premio máximo concedido aos vencedores, com a chancela da Varig, Transportadora Oficial

 

Recém tinha assumido a Propaganda, quando recebi uma convocação do diretor Erni Peixoto, solicitando  a minha imediata presença em sua sala. Atendi, prontamente, sem saber o motivo da urgência. Lá chegando, fui apresentado ao jovem Romeu Dutra, que se dizia secretario de turismo da cidade serrana de Gramado e ´ponderava a possibilidade de dar continuidade as conversações entabuladas com meu antecessor. Peixoto ausentou-se da sala para tratar outros assuntos e nos deixou à vontade, numa frase final – “É gente nossa” Depois fui saber que ele tinha residência de veraneio na cidade e adorava o clima, as paisagens ,e  sua gente, com a comida típica dos alemães. E apostava no sucesso do empreendimento (coisa que lhe valeu o titulo de “Cidadão Honorário”.

A beleza de Gramado era incomparável . Da visita, resultou matéria de capa em nossa revista Rosa dos Ventos. com a chamada — GRAMADO UMA FESTA PÉRMANENTE DA NATUREZA. Os exemplares também circulavam nas lojas de passagens da Varig, no Brasil e Exterior, expondo um recanto que poucos imaginavam existir na América do Sul.

 

Eu conhecia Gramado de passagem, considerando minhas incursões com a família, mais no inverso, reservando o verão para a praia como todos faziam. O assunto versava sobre um pretenso apoio para uma inciativa arrojada que considerava fundamental para o desenvolvimento do turismo na região  –  arma que considerava essencial para o progresso. A presença da Varig era fundamental-  usar a força da marca e seu poder de comunicação dando credibilidade ao projeto, transformando a cidade na capital do cinema brasileiro.

Uma vez oficializado, o Festival de Cinema de Gramado ganhou apoio irrestrito da Varig/Cruzeiro, então voando juntas, transformando o evento em sucesso internacional

 

As raízes do Festival do Cinema em  Gramado, que completou 50 anos bem vividos de forma ininterrupta, teve história marcada com a presença da Varig, desde os anos 70. na 15ª edição. A ideia surgiu da popularidade de um evento realizado ao longo da Festa das Hortèncias liderado pelo prefeito da cidade Horst Volk e o secretário de Turismo Romeu Dutra. No inicio chamada “Mostra de Cinema” (realização da Caldas Jr) ganhou notoriedade a partir  de 1973, quando o Instituto Nacional do Cinema (INC)  oficializou o evento junto a Prefeitura Municipal (através da Associação de Cultura e Turismo de Gramado) com suporte do Governo do Estado do RG: Governo Federal e Assembleia Legislativa do Estado, ganhando o selo de “Festival de Cinema de Gramado.” Essa vitória teve participação ativa da Varig, valorizando o evento  com sua marca dando apoio irrestrito, propiciando seguidas viagens de Romeu Dutra para Brasília e outros setores estratégicos, munido de farto material institucional e análise técnica, na possibilidade de conseguir para a região novo polo turístico à nível nacional

Em 1973, Darnele Glória ( foto) recebeu o premio de melhor atriz do Festival, relembrado 15 anos depois na Noite das Estrelas

 

O primeiro Festival de Cinema Brasileiro de Gramado, em caráter oficial, aconteceu em janeiro de 1973, tendo o filme -Toda a nudez será castigada  de Arnaldo Jabor o grande vencedor, cabendo a Darnele Glória, o premio de melhor atriz do Festival Já aos 15 anos de existência, contando com Varig e Cruzeiro  voando juntas, o Festival ampliou seu raio de ação chegando ao exterior na sombra dos jatos.  A credibilidade da Varig que liderava a operação garantiu um salto de qualidade, transformando num espetáculo mágico  com artistas famosos desfilando sobre o tapete vermelho do Palácio dos Festivais ( antigo Cine Embaixador).aumentando a qualidade das produções ganhando insuperável mídia expontânea. Mais de mil kikitos (Deus do amor) foram distribuídos entre profissionais do cinema que venceram em diferentes categorias.

Em cada Festival o final era apoteótico. Os laureados reuniam-se para foto histórica, erguendo o Kikito e outros símbolos de vitória.
A adesão da Varig não se resumiu no simples papel de transportadora oficial, mas na integração de todo o projeto de marketing, usando as ferramentas que a tornaram conhecida fórmula certa para qualquer iniciativa diferenciada. Nas Lojas de Passagens, no Brasil e Exterior, o Festival passou a ser mostrado através de folhetos ilustrativos de qualidade  criados pela Varig e cartazes que levavam a assinatura de Nelson Jungblut., além, de vídeos promocionais.

No coração de Gramado o Parque Knorr, com características da Floresta Negra na Alemanha, e o mega projeto. da Rede Tropical de Hotéis, que ficou no papel.

A sinergia entre as duas partes ganhou tal ênfase, que  a Varig usando a Rede Tropical  de Hotéis, em acordo com a Prefeitura Municipal, através de comodato, viabilizou  a construção de um hotel turístico de alto nível localizado junto ao Parque Knorr, no coração da cidade que, no entanto, por motivos administrativos, não teve tempo de ser concretizado. A presença da Varig tornou-se o embrião dessa grande decolagem, ajudando a construir um evento que orgulha todos os gaúchos.

ÍCARO DE BORDO – FENÔMENO EDITORIAL (PARTE 2)

ÍCARO DE BORDO – FENÔMENO EDITORIAL (PARTE 2)

Um vitorioso “Case de Marketing”

A revista de bordo Icaro, nos anos 80, nasceu como opção de lazer e entretenimento para os passageiros dos modernos jatos da VARIG, tornando-se leitura obrigatória  levada também como suvenir de inesquecíveis viagens. A matéria sobre Gal Costa, ganhando destaque de capa, serviu para dar  ideia do layout da revista, qualidade do texto  (resumido) e beleza das fotos, num conjunto  harmonioso que premiava os leitores com seu conteúdo. Incluía ai as próprias mensagens publicitárias, criadas exclusivamente pelas agências, visando um público alvo qualificado, além da oportunidade única de mostrar seu talento, pondo assinatura numa obra capaz de desfilar numa passarela  que abrangia o planeta terra.

No início a revista tinha circulação bimestral. Depois do exemplar nº 16 passou a ter edição mensal,, triplicando o número de páginas com anunciantes aguardando na fila de espera para não quebrar o planejamento editorial  (divisão entre matéria e anúncio) –  todos havidos colecionadores. O salto para novos rumos abrangeu a oferta de assinatura anual  (12 exemplares) para clientes fiéis, recebendo  adesão imediata. O próximo passo  garantiu resposta avassaladora, oferecida em venda avulsa nas bancas de revista dos aeroportos brasileiros (depois no exterior)- estratégia divulgada antes, timidamente, no Expediente; Equipe consagrada de mestres da fotografia percorria o mundo  voando em céu de brigadeiro para mostrar aos passageiros/leitores o que  existia de mais  belo nesse mundo conturbado.. Era uma descoberta de personagens e lugares, trazendo em cada foto, cada emoção, cada pessoa, tudo  que  a Ìcaro viveu e mostrou –  desde as grandes capitais do mundo até os mais inóspitos  lugares e ambientes, esbanjando  conhecimento e saber, com sua gente, crenças e costumes num ângulo inusitado,  salientado por Ricardo Kotsche na famosa edição do numero 100, em que seguiram-se outras tantas.

Até o exemplar 14, a Icaro era distribuída apenas em voos nacionais, com circulação bimestral, preparando um salto estratégico de crescimento A partir daí, passou a ser mensal, duplicando seu número de paginas e exemplares oferecidos a bordo

 

 A arte era mostrada na sua essência valorizando mestres da pintura e das artes, sem esquecer as crônicas  e humor de gente nossa , como Mino Carta, Fernando Sabino, Millô,  Luis Fernando Verríssimo e Jô Soares, O jipe de reportagem da Icaro  era um boeing que cruzava  o mundo. A curiosidade em descobrir novas paragens e revelar o país  acabou dando o tom da revista. Vinhos gaúchos, café,  frutas, carros, aço, gado, sapatos, tecidos, um a um nossos principais produtos de exportação foram ocupando aa capas e páginas centrais da Icaro, que se tornaria uma grade vitrine do Brasil circulando pelo planeta . Mas, além de paisagens e produtos, a revista nunca parou de mostrar desde o seu inicio a arte do pais em todas as suas  manifestações.  Muito se deve aos fotógrafos brasileiros com suas câmaras sensíveis e cabeças lúcidas que se lançaram mundo a fora num fecundo corpo -a – corpo com a realidade em constantes transformações. Com igual valentia e sensibilidade eles se aventuravam pelas solidões das escarpas do Monte Roraima, minas da Bolívia e praias de Abidjan. Eram pelo menos oito viagens por ano que podiam envolver tanto as  fervilhantes ruas de Osaka no Japão, um persistente cerco ao escritor  Mario Vargas Llosa, no Peru, ou o encontro com a insólita beleza do Mar Morto, em Israel.

Icaro assumiu sua grandeza festejando a centésima edição, como uma das revistas mais lidas no pais e grande presença na mídia classe A alcançando liderança mundial no segmento
A presença de grandes escritores, artistas consagrados, fotógrafos renomados e diagramação exuberante, fizeram dela referência de qualidade, encantando os seus leitores que passaram a ser colecionadores, logo atendidos através de assinaturas

Nas páginas da Icaro, num lance genial, a Varig criou o  Air Shopping, passando a oferecer em pleno voo uma série de peças promocionais ostentado a logomarca cobiçada exibida na revista com entrega imediata quando do desembarque. Além do ganho mercadológico, a Varig ficou livre (ou quase)  de um constrangimento causado pela  ânsia do passageiro em levar alguma peça como suvenir que marcasse a sua viagem . Ia de caixa da fósforo à talheres  finíssimos da Hercules, disputados na primeira classe, além  de artigos essenciais para a segurança de voo como salva-vidas, retirados sorrateiramente  da parte inferior das poltronas.

Do irrecusável desejo do passageiro em levar alguma lembrança do voo, nasceu a ideia do Air Shopping, juntando o útil ao agradável

 

O próximo passo seria a edição em japonês (Los Angeles -Tóquio) com circulação bimestral (20 mil exemplares). O cuidado com a versão japonesa segue o mesmo cultivado com a edição do  lançamento em inglês – produzir um texto que não pareça tradução. O conjunto da obra  tornou-se um dos mais significativos “Cases de Marketing” do gênero, na aviação comercial, colocando a Companhia gaúcha no patamar dos ” best –  seller” editoriaisA revista de bordo da Varig em sua trajetória tornou-se referência no setor merecedora de prêmios internacionais no segmento.

A presença de grandes escritores, artistas consagrados, fotógrafos renomados e diagramação exuberante, fizeram dela referência de qualidade, encantando os seus leitores que passaram a ser colecionadores, logo atendidos através de assinaturas

VARIGUINHO

VARIGUINHO

Ode a Vida

No fascínio da personagem das histórias infantis, conquistando na raiz a força de uma mensagem singular  É  semente plantada em terra fértil que fez brotar  no nascedouro  paixão sem fim. marcando  tempo e  espaço o nome Varig e sua gente, como símbolo sempre presente, ultrapassando gerações

 

Nesse Natal,  através do Variguinho, levamos  mensagem de fé e esperança  na construção de uma obra que se eterniza, saudando àqueles que deram corpo e alma e ainda hoje  confraternizam, num momento de paz e amor  Na lembrança  dos muitos que nos deixaram, causando  a dor sentida da saudade – reverência que ultrapassa simples palavras. – ficam nossos  votos de contrição – a tristeza da alma  – “Meu Deus eu me arrependo  e confesso”

ICARO DE BORDO – FENÔMENO EDITORIAL (PARTE 1)

ICARO DE BORDO – FENÔMENO EDITORIAL (PARTE 1)

A partir de HOJE dois episódios vão revelar como e  porque uma revista de bordo tornou–se obceção nacional,  antes, com textos elaborados exclusividade para clientes  VIP dos jatos da Varig. Finalmente as página da Icaro desnudam o segredo dos textos, a beleza das fotos, numa diagramação exuberante., tendo como espelho uma das edições  mais apreciadas. nos anos 90.  

VOCE VAI SABER COMO E PORQUE UMA REVISTA DE BORDO PASSOU A SER LEITURA DE CABECEIRA  POR GENTE QUE JAMAIS  ENTROU NUM JATO DA VARIG  – tornando-se um verdadeiro “Case de Marketing” no gênero, jamais igualado.

GAL COSTA E A VARIG

Era recepcionada com honras de rainha pela tripulação 

A revista de bordo da Varig – Ícaro  era um presente apreciado (e colecionado) pelos passageiros, encantados pela leitura dos textos  e qualidade das fotos, que tornavam cada exemplar um  colírio para os olhos e um descanso para a mente. Uma das edições mais apreciadas (texto  Osmar Freitas Jr) trazia na parte superior da capa a targeta – Edição Mulher  e em close  mostrava  a imagede uma cantora que se apresentava assinando – meu nome é Gal. Ela conquistaria  o mundo, pelas asas da Varig, onde era recepcionada com honras de rainha pela tripulação. A Icaro tornou-se sucesso editorial nunca igualado no gênero. – No final você vai ficar sabendo como e porque.

GAL INTERNACIONAL – (Icaro – edição 72 – anos 90) Considerada por muitos como a maior cantora do Brasil, Gal Costa ganha o mundo com sua voz energética e limpa. É preciso dizer, para aqueles que ainda não a viram, que Gal Costa sempre foi sex symbol brasileiro. Tanto que aos 40 anos  foi convidada por uma revista masculina para mostrar -se nua. Aceitou o convite e fez o delírio dos fãs Num ensaio antológico –  mas que alguns consideraram um tanto pudico, ela revelou a boa forma que sempre manteve cativando as  plateias pelo mundo. De lá para cá, viveu um pouco longe dos palcos brasileiros. Investiu mais no mercado internacional. Fez tanto sucesso que o seu bit Balancê  foi escolhido pela radio do exército de Israel para abrir e encerar a programação diária. Esteve com Tom Jobim nos Estados Unidos, lotando teatros. Foi ao Olympia de Paris, deu a volta ao mundo levando a música  brasileira para palcos famosos. Também arrumou tempo para lançar uma grife de perfumes. Chamava-se GAL Mantém- se no comando dos negócios como autêntica empresária auxiliada pelo irmão Guto.

O show Plural, lançado em São Paulo, marcou o reencontro de Gal com os brasileiros: se é que alguma vez houve um distanciamento real. O espetáculo, considerado  um marco na carreira da cantora, vai percorrer o Brasil e depois ganhar o mundo (sempre nas asas da Varig) a começar pelos Estados Unidos. Para alegria de ouvidos acostumados com refinamento. Circunspectos executivos japoneses  –  corretamente trajados dentro do estilo clássico  ocidental –  deixaram de lado sua conhecida timidez oriental e invadiram o palco onde uma brasileirinha de  1.65 m e 55 quilos, cantava um frevo. Com os dedos erguidos e tentando acertar o passo da dança  nordestina, aqueles senhores fizeram um show à  parte. Um jornal local saudou o  excesso de entusiasmo dizendo : ” Um feitiço brasileiro levou a loucura nossos patrícios”.  O nome da feiticeira responsável  pela “quebra de protocolo” dos homens de negócio do Japão é Maria de Graça  Costa Penna Burgos, ou simplesmente Gal Costa, como é conhecida  na Europa ,África, Àsia e Américas, sendo a autêntica representante da música popular brasileira.