Um comentário malicioso, feito para mexer com os brios do gaúcho, nos anos 30, passou de uma geração a outra, até perder consistência. Assim como os sulistas valiam-se por ter amarrado seus cavalos no Obelisco, os cariocas respondiam com frase jacosa. A origem foi o primeiro anúncio publicado pela VARIG, quando começou a usar o Junker F-13 em voo terrestre, em lugar dos hidroaviões que voltaram para o Syndicato Condor, então naturalizado.
Era um anúncio mudo que dizia tudo. Uma boa imagem vale mais do que mil palavras. Mensagem para ficar na história. Sem texto algum, apenas levando a assinatura da sigla VARIG, esta antológica mensagem publicada em 1931 para apresentar o moderno Jukers F-13, primeiro avião terrestre da empresa (em substituição ao hidroavião Atlântico) e sua conquista no domínio dos ares. A matéria sem texto, era instigante pela originalidade e ousadia, causando repercussão, acirrando a curiosidade e expectativa da revelação. A saudação bonacheira do cavaleiro dos pampas com sua montaria, num gesto largo de satisfação, identificava o público- alvo e sua aceitação a modernidade da máquina, ao mesmo tempo que servia para reforçar sua identidade: Viação Aérea Rio Grandense.
Agência de Propaganda não existia. O anúncio aprovado por Meyer e Berta, pela sua elegância e criatividade foi criado por um letrista da Livraria do Globo, Ernesto Zetes, numa época que a ideia de marketing ainda engatinhava e os recursos técnicos escassos. Era exemplo de institucional de marca vinculado ao produto, mais que perfeito, usado pelo professor Alberto André, nas aulas da PUCRS para a 3ª turma de jornalismo, no final dos anos 50, confirmando a frase – Uma boa imagem vale mais do que mil palavras. Nasce daí uma campanha clássica para a era do pioneirismo da aviação brasileira.
A ideia brilhante de seu criador era a de mostrar nas estradas do céu, um novo caminho a percorrer os pampas, visto pela verver carioca por outro ângulo: O gaúcho só vai ser feliz quando for de cavalo ou avião da VARIG, ou ainda: Filho de gaúcho, nasce cavalo ou avião da Varig – a escolher, segundo João Martins, da revista O Cruzeiro. Pela visão do jornalista gaúcho, Flávio Tavares (ZH) durante anos ironicamente se dizia, Brasil afora, que todo gaúcho queria ter nascido cavalo ou avião da Varig. E nós, gaúchos, nos orgulhávamos da piada e a ouviamos como elogio. Até as mulheres, que não se importavam de ser cavalos-fêmeas (jamais égua) conquando pudessem ser também avião da Varig..