PRIMEIRO ACIDENTE DA VARIG
AVIÃO DA VARIG PEGA FOGO E EXPLODE NO SOLO
O drama do primeiro acidente fatal da Varig com passageiros. Depois, Berta resolveu trocar os nomes por apenas o prefixo.
Ao impacto da saída de Meyer em 1942, veio juntar-se a perda do Junkers JU-52 Mauá, o maior e mais moderno avião da frota da Varig, na época, levando consigo a dor irreparável da perda de preciosas vidas humanas. No ano anterior Meyer tinha renunciado e se gabava, em seu discurso de afastamento da empresa, de nunca ter sofrido qualquer tipo de acidente transportando passageiros com perda de vidas. Mesmo contrariando ordens expressas das forças de repressão, Berta continuava se relacionando com Meyer, mantendo correspondência secreta da qual tive acesso quando da investigação para o livro, liberado pela família.
O Mauá era um avião com três motores adquirido pela companhia em 1938. No momento do acidente transportava 20 passageiros adultos e uma criança. Logo após a decolagem o avião caiu no pantanal próximo ao aeroporto. O pessoal da Varig, juntamente com o pessoal das obras do aeroporto federal e o corpo de bombeiros rumaram para o local. O avião bateu primeiro nas macegas com a asa direita, que ficou destroçada. A fuselagem acabou reduzida a cinzas e escombros. A cauda não queimou tendo rompida pouco depois da cabine de passageiros. Todos os três motores estavam desprendidos espalhados pelo local. As hélices retorcidas demonstrando choque com o solo a bastantes rotação. A primeira dedução, conforme relato de Berta; era de que estando o avião fazendo uma curva fechada com cerração baixa bateu a asa direita nos arbustos à grande velocidade.
O aparelho tinha no comando o piloto Herald Stund um profissional de grande experiência, que infelizmente pereceu no acidente. Ele havia entrado para a Varig em 1932 e era o seu piloto chefe, tendo uma história fantástica. Atuando como piloto em vários países sendo Milionário do Ar desde 1938 em avião tipo Junkers. Fazia parte da tripulação o mecânico Bruno Wilibaldo, funcionário da Varig desde 1932, passando a ser mecânico do avião desde a sua chegada. Ele foi escolhido entre os demais mecânicos da companhia para esse posto, em atenção aos seus méritos profissionais cuidadoso e diligente. Ruben Berta que estava no aeroporto acompanhando a decolagem, afirmou que conversou com ele ainda antes do voo. Estava calmo e concentrado no seu trabalho. Além dos tripulantes foram encontrados mais dois corpos carbonizados sobre os destroços fumegantes da cabine. Os demais passageiros ficaram ilesos ou feridos. Sendo atendidos por carro da Assistência Pública, no outro lado do rio. Alguns deles demonstraram absoluta calma. Voltaram a Loja da Varig reclamando da nova condução para Pelotas, um dos destinos do voo.
Walter Ferreira, grande ator de novelas da Rádio Farroupilha estava também a bordo – “Senti dentro da cerração uma sensação estranha, como a de uma criança que se levanta muito alto no balanço. O avião ficou no sentido vertical e então se deu o sinistro”. Muitos passageiros foram entrevistados pelos jornais. Um deles, Ely Loureiro de Souza prestou um depoimento para Berta, que o foi visitá-lo no hospital onde estava sendo recuperado de algumas contusões- “Eu estava sentado na primeira poltrona à esquerda, lugar que prefiro ocupar nesse aparelho, a porta entre a cabine de comando e dos passageiros estava aberta pelo que pude observar tudo muito bem. Não ouve incêndio o ar, nem pane de motores, surgindo apenas labaredas depois de ficar espatifado o chão O avião estava voando em teto abaixo da cerração. O piloto realizou uma curva para a direita buscando visibilidade. Certamente ele não tentava pousar pois a velocidade era grande. Eu estava cintado, tendo o meu corpo se levantado bruscamente. Após o acidente o passageiro conta que viu o vulto de um dos tripulantes falar alguma coisa na porta da cabine. A fuselagem ficou destruída no meu lugar o que facilitou a saída, Então surgiram as primeiras labaredas. Consegui me arrastar cerca de cem metros quando os tanques de combustível explodiram. Dada a repercussão do desastre que ficou marcado por Acidente do Mauá, Berta resolveu retirar o nome dos aviões e deixar apenas o prefixo obrigatório.
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