PRIMEIRO ACIDENTE DA VARIG

PRIMEIRO ACIDENTE DA VARIG

AVIÃO DA VARIG PEGA FOGO E EXPLODE NO SOLO

O drama do primeiro acidente fatal da Varig com passageiros. Depois, Berta resolveu trocar os nomes por apenas o prefixo.

Ao impacto da saída de Meyer em 1942, veio juntar-se a perda do Junkers JU-52 Mauá, o maior e mais moderno avião da frota da Varig, na época, levando consigo a dor irreparável da perda de preciosas vidas humanas. No ano anterior Meyer tinha renunciado e se gabava, em seu discurso de afastamento da empresa, de nunca ter sofrido qualquer tipo de acidente transportando passageiros com perda de vidas. Mesmo contrariando ordens expressas das forças de repressão, Berta continuava se relacionando com Meyer, mantendo correspondência secreta da qual tive acesso quando da investigação para o livro, liberado pela família.

Junkers JU 52/3M “Mauá”

O Mauá era um avião com três motores adquirido pela companhia em 1938. No momento do acidente transportava 20 passageiros adultos e uma criança. Logo após a decolagem o avião caiu no pantanal próximo ao aeroporto. O pessoal da Varig, juntamente com o pessoal das obras do aeroporto federal e o corpo de bombeiros rumaram para o local.  O avião bateu primeiro nas macegas com a asa direita, que ficou destroçada. A fuselagem acabou reduzida a cinzas e escombros. A cauda não queimou tendo rompida pouco depois da cabine de passageiros. Todos os três motores estavam desprendidos espalhados pelo local. As hélices retorcidas demonstrando choque com o solo a bastantes rotação. A primeira dedução, conforme relato de Berta; era de que estando o avião fazendo uma curva fechada com cerração baixa bateu a asa direita nos arbustos à grande velocidade.

O aparelho tinha no comando o piloto Herald Stund um profissional de grande experiência, que infelizmente pereceu no acidente. Ele havia entrado para a Varig em 1932 e era o seu piloto chefe, tendo uma história fantástica. Atuando como piloto em vários países sendo Milionário do Ar desde 1938 em avião tipo Junkers. Fazia parte da tripulação o mecânico Bruno Wilibaldo, funcionário da Varig desde 1932, passando a ser mecânico do avião desde a sua chegada. Ele foi escolhido entre os demais mecânicos da companhia para esse posto, em atenção aos seus méritos profissionais cuidadoso e diligente. Ruben Berta que estava no aeroporto acompanhando a decolagem, afirmou que conversou com ele ainda antes do voo. Estava calmo e concentrado no seu trabalho. Além dos tripulantes foram encontrados mais dois corpos carbonizados sobre os destroços fumegantes da cabine. Os demais passageiros ficaram ilesos ou feridos. Sendo atendidos por carro da Assistência Pública, no outro lado do rio. Alguns deles demonstraram absoluta calma. Voltaram a Loja da Varig reclamando da nova condução para Pelotas, um dos destinos do voo.

Walter Ferreira, grande ator de novelas da Rádio Farroupilha estava também a bordo – “Senti dentro da cerração uma sensação estranha, como a de uma criança que se levanta muito alto no balanço. O avião ficou no sentido vertical e então se deu o sinistro”. Muitos passageiros foram entrevistados pelos jornais. Um deles, Ely Loureiro de Souza prestou um depoimento para Berta, que o foi visitá-lo no hospital onde estava sendo recuperado de algumas contusões- “Eu estava sentado na primeira poltrona à esquerda, lugar que prefiro ocupar nesse aparelho, a porta entre a cabine de comando e dos passageiros estava aberta pelo que pude observar tudo muito bem. Não ouve incêndio o ar, nem pane de motores, surgindo apenas labaredas depois de ficar espatifado o chão O avião estava voando em teto abaixo da cerração. O piloto realizou uma curva para a direita buscando visibilidade. Certamente ele não tentava pousar pois a velocidade era grande. Eu estava cintado, tendo o meu corpo se levantado bruscamente. Após o acidente o passageiro conta que viu o vulto de um dos tripulantes falar alguma coisa na porta da cabine.  A fuselagem ficou destruída no meu lugar o que facilitou a saída, Então surgiram as primeiras labaredas. Consegui me arrastar cerca de cem metros quando os tanques de combustível explodiram. Dada a repercussão do desastre que ficou marcado por Acidente do Mauá, Berta resolveu retirar o nome dos aviões e deixar apenas o prefixo obrigatório.

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BERTA, GETÚLIO E CHATEAUBRIAND (Parte 2)

BERTA, GETÚLIO E CHATEAUBRIAND (Parte 2)

VARIG RECÉM-NASCIDA, MARCADA PARA MORRER

Estas três figuras notáveis da nossa história tiveram grande afinidade com o desenvolvimento da aviação comercial brasileira. A política e a imprensa foram armas poderosas na expansão da Varig usadas por Meyer que criou e Berta consolidou tornando a modesta companhia aérea regional dos gaúchos, na maior empresa aérea privada do mundo. Cada um deles por afinidade dentro das suas atribuições formavam um grupo monolítico, capaz de superar desavenças, tendo Berta como mediador e ponto de equilíbrio capaz de vencer desafios e superar vaidades.

 

GETÚLIO VARGAS SALVOU A VARIG DO EXTERMÍNIO

Você vai saber agora, como e porque, a Revolução Liberal de Getúlio, salvou a Varig do extermínio. Histórias de bastidores recolhidas dos arquivos secretos de Meyer, quando da investigação para o livro (ainda sem nome na época) mostravam detalhes que salvaram a Varig do extermínio. Logo após seu primeiro ano de existência ainda bebê, começando a engatinhar, já estava condenada a desaparecer envolvida numa fusão com a LufThansa, em Berlim. Na época estavam feitas tratativas avançadas para uma fusão sonhada pela Condor com a Varig. Mas um acontecimento inesperado e mantido em absoluto sigilo durante as negociações foi peça-chave para o desfecho do caso.

Na verdade, a Condor Syndikat nunca foi uma empresa aérea antes de se estabelecer no Brasil. Tinha como missão contando com o apoio do governo alemão e da Lufthansa, penetrar no mercado da América do Sul para vender serviços e aviões dando apoio técnico, empregando pilotos e mecânicos, ajudando a criar empresas aéreas para manter seus negócios atuantes. No Brasil, o objetivo maior, mas nunca revelado explicitamente, era assumir o controle da Varig, da qual já tinha 41% das ações. A meta era abrir caminho para uma empresa de bandeira interessada diretamente no transporte de carga e mala postal da Europa para a América do Sul. A fusão era considerada “favas contadas”… A proposta feita quando a Varig comemorava timidamente seu primeiro aniversário, dá ideia do oportunismo e verdadeira razão que levou a empresa alemã a ser a grande parceira na criação da companhia gaúcha em 07 de maio de 1927. Dentro da proposta da fusão nasceu um acordo provisório de participação conjunta, com prazo de validade vencendo em 21 de dezembro de 29, até lá seriam avaliados os prós e contras da provável união. A ideia era a extinção da Varig e a criação de outra empresa com novo nome, deixando a Varig numa posição subalterna.

No entanto, a fusão projetada pelas duas empresas começou a vazar. Dentro de um novo quadro histórico, em 7 de maio e 1930, o major Alberto Bins, presidente do Conselho Fiscal da Varig declarava oficialmente o desinteresse em prosseguir nas negociações – por falta de prazo conveniente. Anunciava, também, em ter a Varig recebido valiosa proposta do governo do estado visando apoia-la moral e materialmente para manter-lhe a independência buscando o bem dos interesses da população do Rio Grande do Sul.

O clima da incerteza política e o movimento liderado pela Aliança Liberal, que levaria Getúlio Vargas ao poder, interrompeu qualquer negociação Documentos encontrados nos arquivos de Meyer contam episódios da revolução de 30, tendo como meta a derrubada do governo da União, então presidido por Washington Luiz. Meyer e Osvaldo Aranha faziam reuniões secretas na calada da noite na Chácara da Tristeza com envolvimento total da Varig, considerando a aviação arma estratégica para qualquer necessidade.

 

Na verdade, a revolução de 30, e a presença de Vargas no poder presidindo o pais, a Varig pode respirar, sobrevivendo de uma morte anunciada.

A Revolução Liberal de 30, com a presença de Vargas presidindo o país numa ditadura que durou cerca de 15 anos, fez a Varig respirar numa amizade que se estendeu até a morte trágica do presidente em 1954.

 

CHATEUBRIAND BOTOU A FORÇA DOS SEUS JORNAIS EM DEFESA DA REVOLUÇÃO

Assim como Meyer e Berta colocaram a frota da Varig em defesa da Revolução Liberal, Chatô não se fez de rogado usando as armas da imprensa, colocando seus veículos de comunicação em favor da causa Liberal. Como jornalista aderiu a bandeira da Aliança representado um símbolo de libertação .Para ele ,a manipulação das eleições presidenciais era demonstração de abuso do poder por parte do presidente Washington Luiz. A nova revolução era esperança de renovação da política nacional. Estava centrado na denúncia do funcionamento do sistema político da república Velha.

Como jornalista, Chatô buscava para o Brasil um sistema governamental mais justo e democrático e outras vezes visando apenas interesses próprios. Lutava pela liberdade de expressão. Ele se engajou na espera da democratização do país, o que não acontecia, buscava a transformação através de críticas severas, muitas vezes descabidas em busca de vantagens para seus jornais.

Mas, durante a proclamação do golpe do Estado Novo, rendeu-se e passou a fazer apologia ao presidente e seu programa de governo. Buscava a transformação por meio de livros e textos jornalísticos com críticas severas. Procurava influir nos rumos da política da Nação. Mas logo que as coisas melhoravam com alguma vantagem, mudava de opinião. Nada era de graça para Chatô. Quando não alcançava resultados positivos. Mudava de estratégia… Era realmente um parceiro de difícil convivência, que Berta logo aprendeu a conhecer suas forças e fraquezas.

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O ERRADO E O CERTO ( e o que eu quero que seja)

O ERRADO E O CERTO ( e o que eu quero que seja)

Berta era assim – Quem ousasse rebater seus argumentos publicamente corria o risco do contraditório e sentia a força da sua mão. No início dos anos 60 a Varig já tinha entrado na era do jato, com o Caravelle e o Boeing 707. Berta deixou claro aos membros do Colégio Deliberante da Fundação dos Funcionários a sua maneira muito pessoal e “democrática” de dirigir as reuniões. Em uma Assembleia o Comte. Portofé, com o qual Berta tinha algumas diferenças, fez uso da palavra (coisa que acontecia raramente) buscando reivindicações pessoais, falando ao mesmo tempo em nome de um grupo de tripulantes.

Na ótica do presidente, o pronunciamento era intempestivo, fora do contexto e sem propósito. Berta ouviu o orador sem interromper a fala. No final, olhando firme para Portofé sentenciou   – “Aqui na Varig tem o errado, o certo, e aquilo que eu quero que seja“.

A plateia emudeceu. Depois de alguns segundos de perplexidade, os trabalhos seguiram o seu ritmo normal – sem mais interrupções. Esse era o estilo de Berta. Objetivo. Convicto do que dizia era leal e duro nas participações. Quem ousasse rebater seus argumentos publicamente, corria o risco do contraditório e sentia a força da sua palavra.

Berta foi uma figura carismática, inclusive pelas posições objetivas e transparentes que faziam parte da sua personalidade. Sem sinais aparentes de riqueza e muita lisura nas atitudes era considerado incorruptível numa época de grandes escândalos. Ele mesmo no cargo de diretor-presidente, se considerava apenas um funcionário da Varia gozando de um posto privilegiado, incapaz de assumir vantagens pessoais, a não ser aquelas que o seu posto determinava

Na sua estratégia de administrar foi conquistando espaço, retirando do caminho cada congênere que lhe fazia concorrência direta. Certamente, na busca de objetivos, não se preocupava com os meios para atingir os fins, sem perder a decência. Talvez esteja aí um contraste que deva ser examinado no seu perfil. No âmbito político, Berta teve presença forte. Foi parceiro inconteste de Getúlio, Jango e Brizola, de Juscelino, de Jânio, da junta militar e figura marcante no episódio da Legalidade, mas soube enfrentar Jango, quando da guinada para a esquerda. Não pensou duas vezes e rompeu com seu aliado histórico.

A receita para fazer a multiplicação das rotas foi recheada por muito trabalho. Liderança, honestidade, determinação e competência, tudo agregado a ousadia

Dono de uma modéstia bem genuína nunca se deixou contaminar pelo sucesso. Tratava com as mais altas personalidades do mundo – presidentes, ministros, dignitários estrangeiros. Sabia ser, ao mesmo tempo, surpreendentemente franco. Da mesma maneira convivia com os seus companheiros de trabalho, repartindo atenção e generosidade, exigindo dedicação e lealdade.

Sexta-feira, 03 de setembro, continuamos a contar essa grande história, com a segunda parte do artigo “BERTA, GETÚLIO E CHATEAUBRIAND”

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BERTA, GETÚLIO E CHATEAUBRIAND (Parte 1)

BERTA, GETÚLIO E CHATEAUBRIAND (Parte 1)

UM TRIO DE OURO QUE JOGAVA COM AS MESMAS CARTAS

Um trio de ouro que se entendia muito bem, nem sempre. Em 1932 Getúlio Vargas tirou a Varig do sufoco ordenando que Flores da Cunha cumprisse a promessa feita de ajudar a empresa gaúcha em retribuição ao apoio de Meyer e Berta na Revolução Liberal. No mesmo ano garantiu a Chatô a compra da revista Cruzeiro (bem assim sem a letra O, que somente mais tarde foi incluída) Getúlio conseguiu empréstimo de 500 contos (no grito) ao Banco da Província do Rio grande do Sul.

O presidente quando precisava comprar aliança não media esforços e fazia tudo acontecer com dinheiro alheio sem se comprometer. Foi uma dívida que Getúlio soube cobrar e Chateaubriand levando anos pagando, mesmo tendo se rebelado no meio do caminho. Como político calejado Getúlio sempre soube lidar muito bem com a imprensa e tirar dela os melhores resultados, até o momento que teve de enfrentar a fúria de Carlos Lacerda

Foi assim seu comportamento com os Diários Associados e com a Ultima Hora de Samuel Wainer. Era ardiloso, estrategista, capaz de manipular pessoas, entidades partidos e correligionários, sem causar conflitos aparentes, buscando alianças quando não podia vencer o inimigo.

Espertamente, Berta sempre ficou na sombra de Vargas, acompanhando taticamente, todos os seus movimentos. Da mesma forma sempre deu grande atenção aos Diários Associados, repassando mídias vultosas em troca de apoio explícito. A Varig, sob o comando de Berta, nunca foi hostilizada pelas Associadas. Muito pelo contrário ganhava generosas matérias e farto noticiário favorável. Por sua vez, Chatô aprendeu cedo a se aproximar dos governantes. Ajudava a eleger presidentes, indicava embaixadores, inclusive a si próprio (para a Inglaterra), fazendo cumprir uma promessa de Juscelino, caso fosse eleito. Da mesma forma Berta foi sempre ligado ao poder, sem dele participar. Conquistando pela sua competência e lisura, a admiração de todos. Nada em benefício pessoal era pleiteado por Berta. Ao contrário recusava ofertas importantes feitas por vários presidentes para dirigir Ministérios públicos, desde a época de Vargas. Todos ficavam encantados com a sua personalidade dominante, o vasto conhecimento dos problemas nacionais e das estratégias para combatê-los.

A amizade com Getúlio nasceu na Revolução de 30 e se estendeu enquanto Getúlio viveu. Foi parceiro na volta de Getúlio em 51. Teve comportamento decisivo no episódio da Legalidade, em 61, colocando toda a infraestrutura da Varig à disposição de Brizola e Jango, herdeiros políticos do “velho”. Fazendo a empresa correr sérios riscos de sobrevivência Berta mostrou aí toda lealdade e determinação de princípios, fatores que moldavam o seu caráter. Muitas vezes posições drásticas eram tomadas ao arrepio do colegiado da Fundação e dos seus colaboradores mais diretos que acreditavam piamente nas suas decisões mesmo que mais polêmicas. Tinha forte personalidade. Comandava como um ditador sem se achar um deles. Travestido de socialista distribuía a riqueza entre seus colaboradores e juntava muitos favores para manter sempre acesa a lealdade de todos. Por influência de Meyer, Berta   aprendeu bem cedo a se aproximar do centro das grandes decisões. Fez isso com qualidade e eficiência, sem nunca perder a decência. Foi a característica da sua formação Luterana. Tudo o que pensava e fazia era em nome dos seus funcionários, aos quais dedicava especial atenção. Esse fato irritava seus adversários que não encontravam um motivo forte para minar a sua conduta – ponto fraco que quase todos carregavam

Com outros critérios e atitudes, Chatô não ficava atrás. Era, no entanto, contundente, imprevisível e escandalosamente perdulário. Segundo a definição dos seus mais sagazes inimigos. Para eles Chatô usava a força dos seus jornais para intimidar e conseguir de qualquer forma atingir seus objetivos sem medir consequências.

Ele tinha o poder de amedrontar, agredir com sua máquina mortífera – seus veículos de comunicação – que usava sem escrúpulos. Engolia o prato cheio, mesmo que a comida estivesse fervendo. Berta, quase sempre, ia devorando pelas bordas e terminava comendo tudo sem queimar a língua. As Associadas nunca fizeram qualquer tipo de ameaça ou agressão contra a Varig e seu líder.

O ENCONTRO

Fui admitido na Varig em julho de 1954. Um mês depois aconteceu o suicídio de Getúlio Vargas, deixando todos perplexos, inclusive o pessoal da Varig, que tinha nele um parceiro fiel. Três anos depois recebi bolsa de estudos dada por Berta para cursar a Faculdade de Jornalismo da PUC_RS. Dentro do currículo estava a necessidade de estágio em jornal. Por indicação de um professor consegui vaga no Diário de Notícias, com redação e impressão na av. São Pedro, próximo a Farrapos. Convivi com Chateaubriand e depois com Samuel Wainer, na Última Hora. Figura com relevância na história destes três personagens, assunto para ser abordado na próxima sexta-feira.

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MULHERES A BORDO

MULHERES A BORDO

A coragem das mulheres e os olhos azuis do comandante alemão

Enquanto os homens discutiam sobre a segurança do voo, a mulher gaúcha assumia posição de vanguarda mostrando destemor que constrangia o lado masculino. Meyer soube transformar o detalhe num ganho estratégico quando o ato de voar era considerado uma aventura sendo questionada a segurança dos aviões, a mulher teve papel preponderante apoiando com destemor a iniciativa da Varig, desmontando mitos e receios, batendo de frente com o machismo do gaúcho. A decidida presença do público feminino nos voos pioneiros, desde o hidroavião aos terrestres foi argumento usado por Meyer para enfrentar àqueles que consideravam o ato de voar eminente tragédia.

A adesão das mulheres da alta sociedade transformando cada chegada e cada saída num clima de festa e descontração representava fator decisivo para afastar o medo de voar, deixando os que criticavam o projeto numa situação constrangedora

Já por ocasião da Revolução Liberal, nos anos 30, a elegância  e coragem da mulher gaúcha se fazia presente através de Darcy Sarmanho Vargas, esposa de Getúlio Vargas e da senhora  Iracema Neves da Fontoura, esposa de João Neves da Fontoura, embarcando no Atlântico rumo ao Rio de Janeiro para participarem de evento político naquela capital, Em 1927, antecedendo o primeiro voo com o Atlântico havia uma relutância geral sobre a utilização do hidroavião, não só pelo inusitado, como pelo temor de acidente fatal. Corriam boatos pela cidade, muitos deles espalhados pela concorrência que via no uso do avião um obstáculo difícil de ser superado.

Meyer, usando de estratégia, convidou um grupo formado por senhoras e senhoritas da alta sociedade local, liderado por Maria Echenique, para a realização de um voo panorâmico pelos céus de Porto Alegre, elas lotaram o hidro felizes com a oportunidade de realizarem um voo histórico, deixando o público masculino sem poder de reação. O voo realizado pelo comandante Von Clausbruch foi excepcional, deixando encantadas as passageiras. O piloto alemão era considerado uma figura carismática, pela perícia, educação, porte físico e juventude, causando suspiros apaixonados nas mocinhas casadouras, nascendo daí, provavelmente, a súbita coragem de enfrentar o desconhecido.

Em agradecimento, depois do pouso a tripulação foi homenageada com uma linda corbeille de flores naturais entrelaçadas por fitas com as cores do Brasil e da Alemanha. Junto as moças entregaram para a tripulação um cartão com a assinatura de todas elas, formulando votos para a fundação da VARIG e pronta regulamentação dos seus serviços. A mulher gaúcha se fez presente, através de Maria Echenique também no dia seguinte (3/2;27) por ocasião de passagens pagas no Atlântico rumo a Rio Grande. Na oportunidade foi portadora de mensagem do dr. Octavio Rocha, Intendente municipal, aos intendentes das cidades de Pelotas e Rio Grande, respectivamente, João Moreira e Augusto Simões Lopes.

 

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GUERRA “DAVID X GOLIAS” NA CONQUISTA DE NOVA YORK

GUERRA “DAVID X GOLIAS” NA CONQUISTA DE NOVA YORK

FINAL INCRÍVEL SURPREENDEU O MUNDO DA AVIAÇÃO

Meu primeiro dia no emprego (40 anos de fidelidade) jamais esquecerei. Aconteceu numa manhã fria e chuvosa em pleno inverno ide 1954. Apesar do mau tempo, foi paixão a primeira vista. A VARIG (Viação Aérea Rio Grandense) tivera um inicio conturbado. Em 53 recebera do presidente Getúlio Vargas, concessão para explorar linha internacional de longo porte para Nova York. Era uma oportunidade incrível que não podia ser desperdiçada. Para tanto a Varig preparava-se com afinco. Criara uma Diretoria de Ensino prevendo o crescimento da aviação comercial no pós-guerra. Junto organizou a EVAER (Escola Varig de Aeronáutica)  para formar pilotos brasileiros e a ESVAR (Escola Senai Varig) para credenciar supervisores como engenheiros de bordo.

Conquistar Nova York seria uma façanha, considerando a inexperiência da pequena companhia aérea gaúcha no enfrentamento ante a gigantesca Pan American Airways (PANAM) uma das maiores do mundo.

Fui trabalhar no Controle de Serviços de Manutenção (CSM) setor ligado a Engenharia de Bordo, junto aos mecânicos da pista. A nossa responsabilidade consistia em escalar a aeronave disponível para voo, sendo considerada uma série de fatores como horas vencidas para substituição  de motores, hélices e demais componentes. O livro de bordo revelava possíveis reclamações da tripulação, repassadas aos mecânicos de pista.

USANDO AS PRÓPRIAS ARMAS DO INIMIGO DAVID VENCEU GOLIAS 

Ruben Berta, então presidente da Varig desde 1945, quando da existência da  Fundação dos Funcionários, era responsável pela missão de modernizar a frota da empresa. A Cruzeiro do Sul fora descredenciada pelo mesmo motivo. Ele  tinha certeza que o futuro da aviação estava no jato. E foi buscar o De Havilland Comet que ainda não estava disponível, passando por uma série de testes antes de ser  liberado para voo. Mas era impossível esperar. Acabou trazendo o Super Constellation da Lockheed

Chegada da primeiro Super G. Constellation PP-VDA
Aterrissagem em Porto Alegre do primeiro voo (operacional) dos Estados Unidos ao Brasil

Ainda na mesma década (1959) Berta realizou seu antigo sonho fazendo a Varig pioneira da era do jato no Brasil, com a aquisição do Caravelle, bi-reator francês da Sud Aviation. Mas o golpe de misericórdia na PANAM foi dado no ano seguinte com um notável jato de selo norte-americano, o Boeing 707, voando non-stop para Nova York, enquanto a concorrente, com o mesmo avião era obrigada a fazer uma desagradável escala em Lima, no Peru. A diferença estava nos motores. Berta preferiu as turbinas Rolls Royce, de fabricação inglesa, enquanto a PANAM ficava com o Pratt & Whitney,- uma questão de patriotismo que lhe valeu a perda do  protagonismo.

A Varig, anos depois, viria a tornar-se a mais importante companhia aérea da América Latina e a principal empresa aérea privada de aviação no mundo conquistando  a liderança pela excelência dos seus serviços.

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PERÓN CAIU COMO UM PATINHO

PERÓN CAIU COMO UM PATINHO

Jogada ardilosa de Berta, transformou um surrado C-46 de dois motores em quatro, com ruído de jato, ludibriando o todo poderoso General  Juan Domingo Perón, liberando Ezeiza para a Varig.

General Juan Domingo Perón

Quando entrei na Varig em 54, todo mundo ria atoa. No ano anterior, Berta havia passado um espetacular “cachorro” no presidente argentino transformando um desacreditado avião bimotor em um moderno jato.

O herói era meu chefe, um francês histórico da aviação, companheiro de  Jean Mermoz e Saint-Exupéry, capaz de descobrir o defeito de um motor apenas pelo barulho

Junto com a equipe de técnicos Beaumel conseguiu resolver o problema  com incrível competência, transformando o pesado  Curtis C-46 de dois motores, num possante quadrimotor, anexando embaixo de cada asa um turbo – reator, que ele descobriu na França, capaz de servir como fonte auxiliar de potência. Na verdade o Turbo-meca-palace trazia vantagem relativa.  Apenas causava boa impressão. Fazia um forte ruído mas a potência era pequena, produzindo apenas efeito moral. Os dois motores apresentavam 2000 HP de potencia cada, enquanto o turbo-meca apenas 100 HP de potência cada.

Antes de voar para a Argentina, Berta fez um série de demonstrações para brasileiros e uruguaios buscando testar o seu blefe, passando com distinção.  Todos ficaram impressionados com a velocidade do avião e pelo ruído estridente, semelhando ao jato, ainda pouco conhecido. Sempre que um C-46 chegava em um aeroporto importante, iniciando a rolagem na pista, eram cortados os dois motores. No embalo ficavam apena as duas turbinas ligadas produzindo ruído ensurdecedor, que encantavam os “ratos” de aeroporto

O Curtis C-46 veio com fama de “tijolo voador”, mas depois de passar por uma completa revisão nas oficinas da empresa , transformou-se num rentável componente fazendo a função dupla de transportar passageiros de dia e carga de madrugada, com excelente desempenho Eles foram substituídos  com a chegada do Super Constellation que assumiu o voo para Nova York partindo de Buenos Aires, dando a impressão para muitos  estrangeiros, que Buenos Aires era a capital do Brasil.

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A AGONIA DA VARIG (José Sarney)

A AGONIA DA VARIG (José Sarney)

José Sarney assinava uma coluna no jornal Folha de São Paulo, publicada todas as sextas-feiras. Uma delas beira o inacreditável. No dia 16/06/2006, data crucial para os destinos da Varig, ele lança em manchete uma frase de arrepiar – A agonia da Varig – e derrama lágrimas de crocodilo.

Ex-Presidente José Sarney

Lembra que os meninos do seu tempo queriam ser aviadores e fala sobre o fascínio de voar. Já, então, para ele, a Varig era o máximo, marca de conforto e segurança. Fala que estava em Paris, viajando pela Panair do Brasil, quando a Varig assumiu a rota para a Europa e fez seu regresso por ela. Conta sua admiração pela figura de Ruben Berta e o convite para o primeiro voo a Tóquio, tendo como meta o sonho de dar a volta ao mundo (que nunca se realizou). Patético, ele se debulha em lágrima – Vejo agora a agonia da Varig. Lembro do seu charme e esplendor naqueles anos, com a beleza dos Constellation. No final do texto garante numa frase absurda como se eximisse de qualquer culpa do cadáver aos seus pés – E garante – É com nostalgia que assisto aos estertores das asas abertas por Berta. E acrescenta – Quanto tempo levam as empresas aéreas para morrer? Pergunta beirando a indecência. Ele teria a resposta na ponta da língua E termina afirmativo – “Que bom se ela se salvasse”, debochando com a assinatura Varig! Varig! Varig! Acredite quem quiser, mas nosso Blog tem em sua cartilha de princípios – O Bom Blog fala a verdade. O bom Blog tem conteúdo e outros oito mandamentos – que procuramos seguir à risca.

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VARIG A PÃO E ÁGUA

VARIG A PÃO E ÁGUA

A Varig não atendeu pedido de Zé Dirceu em 2002. Em 2006, passou a viver de pão e água como o todo poderoso presidente do PT profetizara.  (ISTO É).

Ozires Silva dirigia a companhia gaúcha em tempo de crise e qualquer ajuda política teria que ser referendada pelo Conselho e não alcançaria receptividade dos seus pares.

Ozires viera da EMBRAER, onde tivera uma carreira elogiável; mas faltava a ele a jinga para dançar a música e vestir botas num verdadeiro baile de cobras. Berta tinha um jeito próprio de tratar estas questões. É verdade que os tempos eram outros, embora a política fosse seguida por gente preparada para grandes batalhas verbais e estratégicas, que só um homem com o perfil de Berta poderia acompanhar.

Mas tudo começou por obra do destino, com a morte prematura de Tancredo Neves, democraticamente eleito cedendo espaço para José Sarney, seu vice-presidente. As peças começavam a serem expostas no grande tabuleiro de xadrez da política nacional, envolvendo todos os ex-presidentes pós regime militar numa trama que congregaria desde Sarney, passando por Collor de Melo, chegando em Fernando Henrique e terminando com Lula e Dilma, num acerto coletivo onde as peças se comunicavam em cada lance,

Ozires Silva

Era uma época em que o prestígio da Varig tinha ligação direta com o sucesso do Governo Militar e seu protagonismo incomodava precisando ser extirpado a qualquer custo, O lance mortal, obra de Sarney em 1986, através da Defasagem Tarifaria, com o congelamento das tarifas aéreas por cinco anos, dívida nunca paga pela União mesmo sacramentada em juízo favorável a Varig, até hoje não resolvida. Em seguida, a Política de Flexibilidade do Transporte Aéreo Brasileiro imposta por Collor viria a dar início a um ciclo nefasto, que levaria a Varig ao extermínio.

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