TAP & VARIG – E O VOO DA AMIZADE

TAP & VARIG – E O VOO DA AMIZADE

 Coisa séria, até que um fato inusitado virou piada de português.

Na época um anúncio criativo feito em Portugal pela TAP e divulgado no Brasil nos anos 70 ficou famoso e entrou para o folclore da aviação. Dizia: ” TAP – Transportes Aéreos Portugueses no Brasil. Desfrute do Voo da Amizade. Nossa agência fica logo ali, na Avenida Faria Lima 2407, bem em frente da VARIG ! VARIG ! VARIG !  O carioca  com sua verve natural deitou e rolou, achando que era coisa de português. Um voo da TAP com a assinatura sonora VARIG ! VARIG ! VARIG. Não dava para acreditar.. Pouca gente sabia  (e  jamais se deram conta) de que o anúncio abria uma campanha onde as duas empresas haviam firmado um convênio que levava o nome de “Voo da Amizade”, comtemplando o  compartilhamento da frota e da tripulação. O episódio fiou para a história da aviação como um grande mico. que faz parte, até hoje, do  anedotário nacional

O primeiro anúncio com a presença da Varig, mostra o Super Constellation das duas empresas, com o traçado do mapa das regiões alcançadas com assinatura conjunta VARIG e TAP

 VOO DA AMIZADE LEVADO A SÉRIO

O chamado Voo da Amizade foi resultado de um acordo operacional entre os governos do Brasil e de Portugal, buscan0do fortalecer o intercâmbio comercial e turístico entre os dois países irmãos. Em 1965, a Varig iniciou sua participação no programa em combinação com a TAP. Essa parceria, antes  realizada com a Panair, ligava Rio de Janeiro a  Lisboa, com escalas. A Varig usava duas tripulações técnicas neste voo  – uma fazia o trecho nacional, outra o internacional – a  partir de Recife. Muitas vezes a tripulação da cabine era formada por  comissários da Varig e da TAP. Os bilhetes aéreos eram bem mais baratos do que os usuais. mas tinham restrições – poderiam ser comprados somente por cidadãos brasileiros, portugueses. ou estrangeiros, com residência permanente  em um destes dois países. Cada passageiro tinha direito  a uma franquia de 20 kg de bagagem

Com  a saída da Panair( (10/02/65) houve uma interrupção nos voos sendo o programa retornado em 22/04/65 com  um Lockeheed L 1049 G Suoer Constellatiion da TAP que reiniciou os serviços tendo a presença da VARIG, que também utilizou, a princípio, um Super Constellation,.A operação buscava um inteligente serviço de baixo custo, utilizando somente aeronaves com motores a pistão e hélice. O servíço de bordo na etapa nacional  era modesto – classe econômica  ( dentro do planejamento de redução de custo) Os voos da Varig, inicialmente, foram realizados também com os Super Constellation, logo substituídos pelos Lucheed – L 188 Electra. O primeiro voo da Varig  com o novo equipamento (22 de setembro de 65,) foi realizado pelo PP- VJN  tendo na cabine de comando, no trecho internacional, os Cmtes.Gilson,.Schiling e Holts (reserva) mostrando-se mais  econômico em todos os sentidos, sem criar comparações .

O Super Constellation foi o primeiro avião da Varig, a realizar o Voo da Amizade, logo substituído pelo Electra II

Por outro lado a etapa internacional de longo curso oferecia novidade intrigante, capaz de reduzir o número da equipe de voo, com trabalho de atendimento simplificado. O serviço de bordo, verdadeiro calcanhar de Aquiles das empresas aéreas, como num passe de mágica deixou de existir. As refeições passaram a serem feitas em restaurantes dos aeroportos, nas escalas, maioria aproveitando a parada técnica obrigatória para o reabastecimento das aeronaves,.com considerável ganho econômico. O  Electra foi o primeiro avião turbo hélice projetado e construído nos Estados Unidos. Usava 5 tripulantes, transportando 98 passageiros.

O Electra da Varig deu vida nova para o voo, que passou a ser um bom negócio para ela, em detrimento ao equipamento da parceira luzitana que se manteve com o Super Constellation, oneroso para o programa.

O Voo seguia a rota Rio de Janeiro(Galeão) Recife, Ilha do Sal, Lisboa. Alguns operavam de São Paulo (Congonhas). Na época, Cabo Verde onde fica localizada a Ilha do Sal, uma província ultramarina portuguesa, realizava o voo em território brasileiro e português. Servia como parada obrigatória para reabastecimento ou algum conserto de manutenção. Tanto a TAP como a Varig  operavam durante a época do Voo da Amizade  também com voos diretos entre Brasil e Portugal, sem qualquer restrição, usando ambas o Boeing -707. Em  1967, dois anos depois do ingresso da Varig, a TAP resolveu afastar-se considerando a ineficácia  apresentada pelos seus  Super Constellation, dentro dos critérios que o programa exigia, determinando  o fim do programa.

 Os laços de amizade mantiveram-se  firmes, reforçados com a presença de Fernando Pinto –  (Um brasileiro, com passagem histórica pela Varig) assumindo o CEO da TAP, com excelente desempenho. Quando a Varig fechou as portas, a TAP retribuiu com a aquisição da  VEM, (Varig Engenharia de Manutenção) considerada a mais qualificada prestadora de serviços técnicos de grandes aeronaves na  América Latina, assunto que teve desdobramento, merecendo abordagem especial. Aguardem !

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