SUCÇÃO DAS TURBINAS NA ERA DO JATO

SUCÇÃO DAS TURBINAS NA ERA DO JATO

QUALQUER DESCUIDO PODERIA SER FATAL

Quando da entrada da Varig na era do jato com o Caravelle e o Boeing – 707, ambos vindo diretamente de fábrica, uma séria preocupação de Berta ficou escancarada na Circular Interna para os mecânicos da manutenção em especial, e ao funcionalismo em geral. Anunciava os cuidados que deveriam ser redobrados com relação a sucção de objetos estranhos pelas potentes turbinas, especialmente as quatro do Boeing-707.

A palavra sucção era o grande “Calcanhar de Aquiles” na era do jato, capaz de causar sérios prejuízos as turbinas e até risco de morte a pessoa menos avisadas. Teve início, então, uma forte campanha, onde a sujeira nos hangares e imediações tinha que ser banida. Qualquer objeto estranho, como parafusos, ferramentas e uma infinidade de coisas antes espalhadas pelo chão sem sentimento de culpa, passou a ser identificada e recolhida. Tudo virou fator de risco – Inclusive a presença de pássaros da região, no momento da decolagem ou na aproximação do pouso, preocupando a tripulação. Quando os jatos chegaram o piso dos hangares brilhava e o pessoal seguiu uma rotina de cuidados que eliminou problemas.

Na época do DC-3 as indesejáveis figuras de animais de porte como cachorros, cavalos e vacas (o campo era rodeado por tambos de leite) dividiam com os aviões o espaço da pista, pois não havia cercadura que impedisse esta estranha presença. A Varig   chegou a criar uma guarda montada sempre pronta para espantar os invasores. Agora, os tempos eram outros. O aeroporto fora remodelado e toda área no lado da Av. Sertório, ganhara forte cerca protetora.

O Caravelle chegou em 1959. Um ano depois foi a vez do Boeing – 707, quadriplicando os cuidados e as apreensões. O moderno jato foi recebido com grandes manifestações de júbilo, tendo Berta liberado quase  todo o pessoal  dos Estaleiros para saudar a tripulação que acabara de bater um recorde e se encantar com a nova máquina. Nem o tempo chuvoso foi capaz de arrefecer o ânimo da grandiosidade do ato.

 

 O INDESEJÁVEL VERMELHO NO LUGAR CERTO NA HORA ERRADA

O que ninguém esperava aconteceu. As poderosas turbinas vieram tomadas por uma brilhante faixa de tinta vermelha, já de fábrica, dando inicio em pleno aeroporto a reabertura da disputa interna do Grenal nos Ares –  brincadeira que vinha desde os tempos do Super Constellation, com a palavra Intercontinental  escrita em vermelho.  Berta chamou Jungblut  que teve que se explicar, garantindo que aquilo não fora obra do seu pessoal e sim uma determinação vinda do fabricante que ele ignorava. O objetivo era aumentar o visual das turbinas lembrando do perigo  que representava em terra firme, quando fossem  acionadas.

No dia seguinte a clouse nas turbinas ganhava projeção na mídia, e o vermelho que lhe dava ênfase  regorgitou para a satisfação de muitos e o acabrunhamento de outros tantos. Mas no final prevaleceu o orgulho de ser Varig e pertencer a esta incrível família.

AS TURBINAS E O NON STOP

A  escolha da Varig pelas turbinas Rolls – Royce – Conway,  fabricadas na Inglaterra, representou  decisão preponderante para a vitória da Varig na chamada guerra David x Golias, garantindo o voo Non Stop na linha de Nova York. Para a empresa Inglesa foi uma afirmação perante a concorrente norte –  americana, Pratt Whiney  que obrigava o Boeing – 707 da PANAM a fazer escala na mesma rota. Na euforia lançou um anúncio mostrando o logotipo, com a manchete –  A VARIG escolheu ROLLS –  ROYCE. E o texto afirmava –   Agora,  o majestoso Boeing – 707 da Varig é impulsionado por 4 turbo-jatos, com derivação Rolls -Royce CONWAY, os mais avançados motores de avião existentes. O motor Conway introduzia o by-pass e com isso o avião voava com muito mais economia e maior raio de ação. No entanto, para que funcionasse com perfeição era necessário que a temperatura não estivesse muito alta durante a decolagem. Foi por isso que se criou o hábito de partir à noite quando a temperatura estivesse a mais baixa possível, garantia o cmte. Goetz Herzfeld, diretor de Operações.

Assim como fizera com o Super Constellation e com o Caravelle nas fábricas, a Varig mandou seus técnicos para estagiarem em Renton USA, onde era feita a construção das unidades do B – 707, versão Intercontinental, encomendada pela companhia brasileira. Eram grandes máquinas que possuiam 134 toneladas e cujos reatores desenvolviam uma potência de 60.000 libras de empuxo. A direção da Varig, antes de resolver sua compra, fez inúmeras pesquisas em toda a indústria aeronáutica européia e americana, decidindo-se,finalmente, pela Boeing, em cujo protótipo seu pessoal executou dezenas de voos de experiência nos EUA.

 

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2 thoughts on “SUCÇÃO DAS TURBINAS NA ERA DO JATO

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