RESPINGOS DA LEGALIDADE (2/4)
Relatos de uma história real.
O VOO SECRETO COM KRUEL E BERTA
Vultos emergiram das sombras – “fingi assombração”.
Os aviões da VARIG procedentes do exterior passaram a ser revistados, inspecionados pelos militares. à procura da possível vinda clandestina de João Goulart. Ciente da situação, Berta apressou-se em comunicar o fato ao governador gaúcho. Atendendo a solicitação de Brizola ( como sempre) Berta se deslocou para o Rio de Janeiro num DC-3, trazendo a bordo o General Amaury Kruel, que era padrinho de João Viicente, filho de Jango
Amaury Kruel , militar histórico, tinha estudado no Colégio Militar, em Porto Alegre. Em 1930 tomou parte, no Rio de Janeiro, da revolução que levou Getúlio Vargas ao poder. Garantiu o golpe de 64, através de São Paulo. Fora ministro da guerra do ex-presidente João Goulart.. Com a chegada dele, mesmo sendo já na reserva das forças armadas (exonerado como marechal) Brizola esperava ter ao seu lado um oficial capaz de assumir o comando da operação, Também pediu a presença do banqueiro e ex-embaixador Walter Moreira Salles.
Pelas circunstâncias o voo foi secreto, tendo o presidente da Varig comandado toda operação junto com a tripulação e os passageiros. Eu, apenas inventei um susto quando de madrugada, emergindo das sombras, deparei-me com aqueles vultos – fingi assombração.. Eles desembarcaram na cabeceira da pista do Salgado Filho na noite de 2 de setembro e rumaram para o setor da manutenção onde eu trabalhava. O general estava à paisana e, provavelmente, trazia sua farda .em uma mala que carregava. Depois, seguiram para o Palácio do Governo. Berta começava seu envolvimento com o movimento legalista, onde teve uma destacada atuação. Ele colocou todo o parque de manutenção à disposição da causa, num gesto de agradecimento ao apoio dado por Jango e Brizola na conquista das linhas internacionais da empresa, tanto para Buenos Aires como para Nova York.