A VIAGEM PRECURSORA COM O PRESIDENTE
Juscelino encantou-se com a personalidade de Berta, mas o passe não estava à venda
Em 1956, antes da posse de Juscelino Kubitschek antecipando-se a qualquer concorrente, num lance de mestre, Berta convenceu o “staff” do presidente a realizar ao exterior, uma viagem precursora garantindo repercussão mundial,. A Varig oferecia um dos seus Super Constellation, “novinho em folha” (e outro em prontidão) para cumprir um roteiro que se estenderia num total de 8 países percorridos em 13 dias. O programa incluía tratamento VIP, com renomado serviço de bordo e poltronas leito. Tudo cortesia Varig – um convite irrecusável.
Na verdade, este custo, (em dinheiro vivo) como investimento de marketing representava, a grosso modo, um valor considerável, que a Varig não tinha, Berta no entanto estava disposto a bancar. Considerava oportunidade única em privar do convívio do presidente, podendo expressar de viva voz, desejos e angustias que a aviação comercial brasileira estava passando, na esperança de dias melhores. Projetar seu moderno equipamento para o mundo era fantástico, coisa que sua verba de propaganda jamais poderia alcançar.-
A exposição da marca Varig servia como pano de amostra e um desafio para o próprio fabricante – Lockheed Constellation , que acompanhava com vivo interesse a atitude da Varig, Ao mesmo tempo considerando que sua prestigiosa marca estaria passando por um sério teste de popularidade, sendo seu desempenho analisado com lente de aumento, capaz de interferir de uma maneiro boa ou não, em futuras negociações. Também, como o programa envolvia uma caravana presidencial, inúmeros fornecedores da Varig atenderam a solicitação de Berta, Assim, vários itens foram diluídos, cabendo a Varig o uso da máquina e sua equipe de bordo, a responsabilidade de descobri caminhos nunca antes percorridos.
A viagem serviu como demonstração de eficiência .Em apena 13 dias o avião da Varig cumpriu sua missão levando o presidente eleito do Brasil sendo aclamado e recebido com honras de estadista, na República Dominicana (Ciudad Trujilio); Estados Unidos ( Key West/ Washington/New York); Holanda (Amsterdam); Inglaterra (Londres); Bélgica (Bruxelas/Luxemburgo); França (Paris); Alemanha (DusseldorfI); Itália (Roma). Aproveitando a oportunidade, no mesmo avião que levava a comitiva, Berta transportou uma missão de técnicos da empresa para observação e estudos especializados em países europeus. Na Inglaterra,, os técnicos da Varig visitaram a fábrica De Havilland, construtora dos famosos aviões Comet. A viagem transcorreu com toda a regularidade possibilitando o perfeito cumprimento dos compromissos do presidente Juscelino. Berta ficou chegado ao presidente sendo seu anfitrião, propiciando um tratamento de bordo impecável, bem como eficiência técnica demonstrada pelos tripulantes.
Durante esse tempo todo, Berta e Juscelino tiveram oportunidade de abordar vários assuntos de interesse nacional, envolvendo a inflação, a situação econômica e social do pais, incluindo as dificuldades por que passava a aviação comercial brasileira. Berta comentou temas amplos Falou sobre riqueza e pobreza, o valor da terra, do progresso industrial, do combate a inflação e a busca do mercado estável. Criticou o excesso de impostos pagos, defendeu a abertura de estradas, a criação de veículos de transporte, amplas usinas de energia elétrica, indústrias básicas de aço e outras – que o país precisava colocar em sua base uma agricultura desenvolvida, buscando pagar salários mais altos possíveis, criando mercado e diversificando a produção – O resultado seria introduzir o Brasil num verdadeiro ciclo de riqueza- Na oportunidade, Berta prometeu que daria no governo de JK a primazia da era do jato, consagrando seu plano de modernidade.
O presidente encantou-se com a personalidade de Berta e sua visão de mundo.. Tentou comprar seu passe – mas ele não estava à venda.