Browsed by
Mês: Setembro 2023

UMA FIGURA CARISMÁTICA

UMA FIGURA CARISMÁTICA

HARRY SCHUETZ – O “TIO PATINHAS” DA VARIG

DEPOIS DE MEYER E BERTA, TORNOU-SE A PRÓPRIA BANDEIRA DA VARIG

Berta trouxera Erik de Carvalho da Panair, para substitui-lo no comando da Varig – Contrariando determinação legal (era vice-presidete) abriu mão do cargo fazendo valer o desejo de Berta, figura que venerava – Os anos 70 foram mágicos no destino da Varig

Harry Schuetz, na era Berta, foi certamente o mais importante e influente personagem na história da Varig. Enfrentou ao lado do presidente as lutas mais encarniçadas, atuando sempre na retaguarda, dando um suporte que só ele conseguia, partilhando segredos com Berta, vitais para as mais fortes decisões, como o evento da Fundação dos Funcionários da Varig, em 1945. Berta tinha em Schuetz uma confiança ilimitada ao ponto de entregar-lhe as chaves do cofre em Nova York, dividindo secretamente os  mais importantes segredos da Varig.

Harry Schuetz foi figura carísmática na história da Varig

Foi eleito vice-presidente da Fundação, aclamado pelo Colégio Deliberante, sem jamais  postergar o  cargo. Sabia que Berta tinha pinçado Erik de Carvalho da Panair, para substitui-lo, contrariando o desejo da Assembleia, mas respirou aliviado, preferindo servir a Varig numa posição estratégica em que se achava alinhado pronto para continuar dando sua leal  e prestimosa contribuição a empresa   Com a morte de Meyer e Berta, Schuetz tornou-se a própria bandeira da Varig, fazendo  valer os desejos de Berta, ganhando a referência do seu povo – todos nós o considerávamos um líder humano e eficiente, de coração grande, livre de ambições desenfreadas visando  sempre o melhor para a Varig

Ele tinha cuidados de quem se aproximava da intimidade de Berta, sem adivinhar suas reais intenções. Acreditava de inicio na boa fé das pessoas, mas era reticente, talvez pelo fato de responder pela riqueza da empresa e subsistência de milhares de famílias. Certa vez, quando viajei pela primeira vez para Nova York, fui recebido  em seu escritório, quando me fez uma revelação emocionado. Preparando para contabilizar o Caixa, confessou que passara a noite em claro, na véspera de saldar a folha salarial dos funcionários, pensando na responsabilidade que assumia perante milhares de famílias que dependiam do sucesso da empresa para seu sustento.

Harry Schuetz foi uma figura carismática da Varig, sendo considerado o braço direito de Berta, para quem confiava a sagrada missão das finanças da empresa.  Carinhosamente chamado de “Tio Patinhas “gozava da estima, sendo muitas vezes a tabua de salvação nos empréstimos de última hora na Fundação. Tive a oportunidade de conviver com ele e testemunhar seu empenho ao lado de Berta para fazer da modesta  companhia regional que era a Varig, um empreendimento gigante capaz de conquistar o mundo. O presidente apreciava seu desempenho, mantendo em dia as finanças da empresa nos momentos de grande crescimento Considerava, ainda, o que a Varig representava para o próprio país, além da responsabilidade na execução dos negócios no exterior, sempre complexos  com margem mínima de erro. Assim como Berta, era dedicado ao extremo, sendo possuidor de uma personalidade forte, mas cativante pela pureza e correção do desempenho.

Em 1979, Erik de Carvalho renunciou a presidência, incapacitado por sério problema de saúde, tendo Harry Schuetz assumido  a presidência, posição que ocupou até o ano seguinte, desligando-se das funções. Ele  ingressara na empresa em 1937, quando a Varig completava dez anos vivendo ainda uma época  pioneira, contando  apenas com 25 funcionários. Entusiasta da  aviação, fez curso recebendo o brevê de piloto civil  e carta de piloto de aeronave, mas  nunca foi liberado por Berta das suas funções, por depositar nele uma total confiança. Também empolgado pelo voo à vela, participava das atividades aero desportivas desenvolvidas pela VAE (Varig Aéreo Esporte) .

Foto – Acervo museu

Harry Schuetz era gaúcho, natural de Santa Cruz. Veio a falecer em 3 de maio de 1983 – assim como Berta, no Rio de Janeiro, sofrendo enfarto que lhe tirou a vida, aos  66 anos. Quando estávamos organizando o  Museu da Varig, recebemos da família, através de dona Walda Schuetz (esposa) farto material histórico, cuidadosamente guardado pelo presidente, que veio enriquecer o acervo no local dedicado aos grandes heróis da Varig

COISAS DA PROPAGANDA

COISAS DA PROPAGANDA

RELAÇÕES PÚBLICAS DA VARIG E AS ARTIMANHAS DA PUBLICIDADE.

Carinho com a imprensa nas datas simbólicas e os brindes, peças únicas que encantavam – ao desaparecimento misterioso (nem tanto) dos talheres de bordo causando apreensão, enquanto o presidente apenas sorria.

O desaparecimento sistemático dos talheres de bordo da primeira classe, com a marca Varig estampada, era um assunto que causava certo desconforto  na tripulação, com dificuldade de reposição nas escalas. A revista de bordo Icaro publicava uma série de anúncios  do cliente e os talheres sumiam como num passe de mágica. A Varig repunha o material negociando descontos  absurdos, em função da quantidade de itens, num interesse recíproco. Os custos tornavam-se insignificantes, diluídos na verba de RP  e Serviço de Bordo, só para constar, pois o valor dos imagináveis gastos, já era incluído no bilhete da passagem – custo zero? O pessoal da Icaro ainda ria atoa, faturando mensalmente criativos anúncios, muitos de página dupla – bem pagos –  capaz de instigar seus leitores para ações mais arrojadas.

Nos anos 70/80, nas gestões de Erik de Carvalho e Helio Smidt, o prestigio da Varig  repercutia no próprio funcionário, sentindo orgulho da marca reforçando conceito, tornando  cada funcionário  (por conta própria) um agente promotor, capaz de abrir portas em qualquer situação O pessoal da manutenção vestia um macacão e um blusão, feito em Caxias do Sul, com o logo da empresa nas costas. O orgulho de ser Varig era tão grande que muitos deles retornavam para suas casas com a vestimenta para que os vizinhos soubessem que trabalhavam na empresa. Outros, viajavam nos bondes  e ônibus ostentando  craxá, buscando reconhecimento. O nome Varig era tão respeitado que muitos veículos de comunicação ofereciam  espaço de mídia gratuito para ter a parceria da Varig no lançamento de uma programação, pois a presença dava credibilidade e  garantia de qualidade do evento, tornando mais fácil a negociação com terceiros, normalmente interessados na parceria com  uma marca consagrada.- um negócio que dificilmente era aceito pelo crivo do nosso marketing.

Importantes pela liderança e conceito profissional, os jornalistas Candido Norberto e Ruy Valandro tornaram-se figuras históricas, aliadas ao engrandecimento da Varig

Dentro desse panorama, uma das mais usadas pelo nosso setor  estava um serviço de RP junto aos órgãos de divulgação, especialmente jornais, procurando manter um relacionamento direto, usando estratégia de aproximação com a maior parte possível dos  seus funcionários, não se atendo somente aos chefões, donos das decisões, mas ao grupo exclusivo capaz de construir o corpo da notícia, usando momentos estratégicos, o que repercutia em toda a organização, criando um clima de simpatia  que  se espalhava pelas redações A festiva  data do Ano Novo, por exemplo, tinha a fragilidade da separação familiar. A Varig, usava então esse instante emocional, para antecipar-se e levar o seu abraço aos plantonistas dos principais jornais, procurando cobrir essa lacuna, O pessoal da Propaganda (Adilio, Argenor e Edison) juntamente com colegas do Serviço de Bordo, se multiplicava, visitado a redação  dos principais orgâos de imprensa levando a saudação da Varig aos plantonistas, junto a uma apreciada cesta de iguarias, para satisfação geral.  A nossa equipe fazia um levantamento preliminar da relação dos funcionários acrescentando ao presente uma mensagem individual que emocionava. Normalmente, eles retribuíam  com farta matéria

 Na verdade o trabalho de RP na  Varig – anexado a Propaganda, era um setor que Berta sempre deu grande atenção capaz de personalizar a aproximação, mantendo o cliente fiel  ou na busca de futuros passageiros. Nos anos 50 tudo ganhou ênfase com o ingresso do Super Constellation  no voo de Nova York e se perpetuou pelo tempo. Épocas depois, já na era de Erik de Carvalho e Helio Smidt, (anos 70/80) ao assumirmos a gerência de propaganda no setor sul passamos a incentivar a programação inventando novas artimanhas – A única peça relevante ligada diretamente ao cliente, vinha sendo feita na gráfica Rotermund, em Novo Hamburgo, através de um calendário personalizado, muito  bem elaborado, mas de uso comum – passamos a reivindicar um exclusivo, mostrando dados da Varig. Nasceu daí a ideia de ampliar essa estratégia .Dentro da verba de propaganda estava relacionada uma série de brindes para os diversos públicos, Eram peças únicas históricas. algumas de relativo valor financeiro, não disponíveis no mercado, trazendo o logotipo da Varig. Uma das exceções eram os cinzeiros da coleção Francisco Brenam   que a Varig escondia o logotipo na parte de trás, deixando ao possuidor da obra de arte a decisão de após a admiração dos amigos, revelar a procedência  (coisa que sempre acontecia, com certo orgulho) Gerenciando o setor recebi a alcunha de “Mario promessa” chamado pelos amigos  e conhecidos por nem sempre poder atender as solicitações.

COMO E PORQUE NASCEU A IDEIA DO MUSEU VARIG

COMO E PORQUE NASCEU A IDEIA DO MUSEU VARIG

UM PAÍS SEM MEMÓRIA É UM PAIS SEM FUTURO

Frase lapidar passada por Meyer, forjou minha trajetória na Varig e abriu caminho para um grande desafio.

A reabertura do Museu ao completar 19 anos de fundação para reformas e ampliação do acervo catalogou o Museu como um dos mais importantes da América Latina

Quando editava a revista Rosa dos Ventos –  fazia tudo sozinho –  valendo-me das comemorações dos 40 anos da Varig, tive oportunidade de entrevistar colegas que viveram os anos pioneiros da companhia, com relatos fascinantes, certamente desconhecidos pela grande maioria do nosso pessoal. e da própria mídia em geral. Nasceu daí  o Suplemento –HISTÓRIA DE UMA UTOPIA – ( local de lugar ou estado ideal de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos)   –    que logo ganhou a adesão dos leitores, exigindo uma tiragem ampliada. Empolgado pelo sucesso, passei a criar asas, na busca de personalidades, incluindo o grande fundador da Varig, Otto Ernest Meyer, que entrevistei varias vezes  recebido em seu apartamento.  Nem Meyer nem Berta chegaram a usufruir de suas  façanhas, eternizadas em Museu Histórico.

 

 A  época pioneira esta ali, escondida, fugindo dos meus dedos pronta para ser contada. Senti que algo de grandioso precisava ser construído. Nasceu então a ideia do Museu da Varig para perpetuar o passado e dar continuidade ao futuro. O projeto ganhou forma. Dificuldades enfrentadas e vencidas. Um acervo logo catalogado recebeu incrível adesão. O cenário estava montado com os protagonistas prontos para assumirem a verdade histórica –  e minha caneta com tinta suficiente para escrever uma Epopeia.

Fita simbólica

A inauguração do Museu Varig  aconteceu no dia 18 de outubro de 1971. Ao ato compareceram vários diretores inclusive o atual presidente Erik de Carvalho que deu amplo apoio ao evento. A fita simbólica foi desatada por Carlos Maria Bins e Adroaldo Mesquita da Costa. Na oportunidade, Erni Paixoto, diretor regional, um dos grandes incentivadores da obra, fez histórico discurso. No mesmo dia o Museu sediado num pavilhão junto ao  Parque de Manutenção em Porto Alegre, abriu para visitação, emocionando os funcionários. Era uma tarefa insana. Na época, então  gerente regional de propaganda e marketing, tinha uma equipe de colaboradores enxuta, considerando o tamanho da empreitada, mas apaixonada pelo que fazia, capaz de viver a Varig de corpo e alma – Adilio Inácio, Argenor Moraes, Neusa Rocha, Edson Silva e depois Lidia Marques e o pessoal de silkscrin ligado ao setor, com mais cinco colegas, liderado por Nilo Jungblut Era um produto novo que a nossa capacidade criativa precisava digerir. Dividimos o espaço em módulos. Antes, porem, já na parte fronteira, o visitante  se empolgava ao  conhecer um veterano DC-3, conservado novinho em folha, graças ao apoio do pessoal da manutenção, que trabalhava nas horas de folga num mutirão em que todos queriam dar sua parcela de contribuição, sem pensar em remuneração. No seu interior mantido intacto  os visitantes sentavam-se nas poltronas relembrando antigos sonhos. As crianças adentravam a cabine de comando e davam uma de piloto,

Planador Gaivota

Logo na entrada, a direita, existia a Galeria dos Ex-Presidentes, onde ficavam documentos e objetos pessoais, além de uma grande foto de cada um, com dados biográficos. Comandando o espetáculo, usando um sistema elétrico, movimentavam-se em rotação o planador Gaivota e um outro sem registro construído na Varig Aéreo Esporte. Suspensos, estrategicamente no teto eles se mostravam com suas asas longas, parte integrante e viva da história da época do pioneirismo da empresa. Especialmente convidados os colégios da capital e do interior do Estado, passaram a colocar durante os dias de visitação ao Museu, como item de cultura geral, incluindo como matéria de  redação sobre o tema. da visitação, recebendo como atração distribuição de brindes da Varig aos cinco primeiros colocados, segundo definição da escola. A adesão foi significativa, batendo recordes de presença.

crianças de colégio brincando em frente ao Museu com professora

Numa ampla vitrine existiam manequins com fardamentos de tripulantes desde a época pioneira, bem como uniformes de comissários e comissárias, quando a Varig passou a voar para Nova York, além de cardápios e amostras de “menu” servidos a bordo. O setor de propaganda desfilava cartazes e posters antigos, bem como magnifica coleção de anúncios de campanhas promocionais, incluindo-se uma valiosa coleção de selos e flâmulas da Varig

Mesmo enfrentando extensas filas o Museu recebia milhares de visitantes (30 mil, na semana do Portões Abertos) ansiosos em conhecer as novas instalações e o acervo que se completava.

Quase na saída foi montado um mocape autêntico de Boeing – 707, onde os visitantes podiam sentar e apreciar filmes sobre a história da Varig e demonstração dos aviões que compuseram a frota, desde o hidroavião Atlântico ( maquete) até os mais insinuantes jatos, levando a nítida sensação de terem vivido uma viagem inesquecível através do tempo, num resumo de outras espetaculares situações do que foi considerado uma das mais importantes mostras da história da aviação comercial de todos os tempos. Na saída havia entrega de um folder sobre o Museu, quando os visitantes eram convidados a dar suas impressões no livro de presença sobre a visitação.

COMISSÁRIAS DE BORDO

COMISSÁRIAS DE BORDO

MAIS CHARME E ELEGÂNCIA NO AR – VIA VARG
 
Nos anos noventa, depois de uma década, a reformulação dos uniformes  das comissárias da Varig, passaram a confundir os aviões com palcos de requintados desfiles – Desde 31 de  maio – Dia internacional do Comissário de Voo – as comissárias da Varig passaram a desfilar com novos uniformes mais modernos e elegantes. Resultado de uma longa pesquisa junto as comissárias e consultas a estilistas brasileiros, franceses e italianos, a nova coleção de uniformes representou um passo importante na concretização de mudanças que ocorreram na própria Varig, e em decorrência de incessante evolução da moda feminina.  Mudou-se, o que já era uma tradição na empresa.. Em uma década, sequer o tecido dos uniformes fora  mudado, alterando – se só pequenos detalhes.
Levando-se em consideração fatores essenciais como praticidade e qualidade, não foi esquecida a feminilidade, fator importante para a valorização da imagem e grande incentivo para as duas mil comissárias. .A inclusão da cor vermelha foi um arranjo. Nos voos internacionais as comissárias trocam de roupa. “É gostoso sair daqui de branco e chegar ao destino de vermelho”. por exemplo, segundo Helena Uramoto, assessora para eventos especiais. Por isso a opção em duas cores. Além do mais houve preocupação com o tecido não inflamável. São modelos adequados tanto para jovens quanto para senhoras com peças que permitissem liberdade para a composição e combinação.
Opções é que não faltam na nova coleção em estilo clássico Chanel O tailleur em gabardine mista manteve a cor azul –  marinho, a saia justa com fenda atrás e o blazer que pode ser usado com outras peças. O vestido de verão – modelo chermise em seda mista nas cores vermelha e branca com poís azuis – possui mangas curtas com gola militar ou colarinho adaptado e laço azul. O jumper de uso exclusivo a bordo, foi confeccionado em gabardine mista. A blusa, em poliester, nas cores vermelha e branca com mangas curtas e  longas permite gola militar ou colarinho adaptado., O cardigá é azul com frisos vermelhos. Tudo enfeitado pelo detalhe dos botões dourados personalizados com o desenho de Icaro e pelo distintivo da empresa.. O trench coat, para ser usado como mantô no inverno e capa nos dias de chuva foi feito com tecido impermeável com revestimento interno de lã destacável com fecho ecler.  Qual mulher não gostaria de ter disponível um guarda-roupa desses? .