JUNKER F-13  E AS ROTAS DO MAU TEMPO 

JUNKER F-13  E AS ROTAS DO MAU TEMPO 

NA DECOLAGEM ERA ERRO ZERO – NO FIM DA PISTA TINHA UM PRECIPÍCIO

Nos tempos pioneiros o Junker F-13 foi figura marcante no crescimento da Varig, inclusive ajudando na formação de pilotos notáveis. Prestaram relevantes serviços a companhia durante 20 proveitosos anos

No tempo do pioneirismo, o Junker F-13 da Varig era uma das poucas opções da frota, admirado por seus clientes corajosos. Mas, nem tudo terminava em sorrisos. As  dificuldades seguidamente faziam-se presente. Os aviões não possuíam orientação pelo rádio – a navegação tinha que ser visual. enfrentando  neblina, chuva, temporais e nuvens baixas –  utilizavam-se então as “rotas do mau tempo” Eram itinerários cuidadosamente planejados e elaborados pelo veterano comandante Greis, anotando  acidentes geográficos bem visíveis e identificáveis, voando a 50 metros de altura. Era preciso ter cuidado de que a rota não passasse por desníveis do terreno, uma colina ou um morro pela frente seria fatal

O aeroporto de Livramento era todo peculiar. Na área da cidade existem muitos morros, de forma que o demarcaram bem para o lado oeste, no topo de uma colina. Havia duas pistas e uma maior, com 600 metros. Esta ultima era curva e tinha um desnível enorme. Começava na parte mais baixa da colina  e ia terminar na parte mais alta, onde ficava a estação de passageiros. Vindo  de Bagé não havia “rota de mau  tempo “que pudesse levar o avião até lá. Tornava-se necessário o tempo melhorar um pouco. Entretanto, vindo do outro lado, de Uruguaiana ou Quarai havia um macete que poucos pilotos conheciam. A área toda era mais baixa do que o aeroporto propriamente dito. Muitas  vezes havia cerração na parte mais alta onde ficava a estação de passageiros, mas existia teto e visibilidade na parte mais  baixa e na planície. Nosso caro comandante Greis, responsável pelas rotas, descobriu uma estradinha que ia dar bem próximo da parte inferior da pista. Orientando-se por esta estradinha ele acabava achando o campo. Pousava com boa visibilidade mas a medida que ia subindo a colina entrava na cerração. Os passageiros e o despachante que lá estavam ficavam boquiabertos ao ver o avião aparecer no meio da cerração com visibilidade quase zero

Geraldo Knippling foi, certamente, o mais importante comandante da Varig de todos os tempos, atuando nos aviões da frota da empresa, (do pequeno Junker F-13 ao gigante B–747-400) com uma história na aviação comercial brasileira jamais igualada, ultrapassando fronteiras

Esta pista de Livramento também era muito critica para decolagens. Geralmente pousava-se lomba acima e decolava-se lomba abaixo, mas nem sempre o vento permitia que isso acontecesse. Uma decolagem em curva, lomba acima, com o F-13, tornava-se uma verdadeira gincana: era vir descendo a colina levemente acelerado e, ao chegar na cabeceira inferior, fazer uma curva rápida, quase um cavalo de pau, já com o motor todo acelerado e procurar ganhar velocidade na curva da pista. Mais ou menos no segundo terço da pista existia uma “casinha” de marcação com uma bandeirola preta – caso não se conseguisse atingir 80km/h a decolagem era abortada.. Não dava para arriscar- NO FIM DA PISTA HAVIA UM PRECIPÍCIO. A solução era esperar a mudança do vento.

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