Premonição da Berta em seu último legado
QUE OS NOSSOS SUCESSORES FAÇAM O MESMO – DIRIGINDO SEM DIVIDIR
VARIG NÃO ERA VARIG / O SALÁRIO DE MEYER / A DEMISSÃO DE BERTA
O primeiro nome especulado por Otto Meyer quando idealizou criar no Rio Grande do Sul uma empresa aérea, em 1926, não chamava-se VARIG, chamava-se CORTA (Companhia Rio Grandense de Transporte Aéreo) O nome VARIG (Viação Aérea Rio Grandense) veio por sugestão do prefeito, major Alberto Bins, quando ambos subiam as escadarias do Palácio do Governo, fato que deveria sensibilizar Flores da Cunha, o que de fato aconteceu, quando da formalização dos Estatutos aclamado em Assembleia Geral, quando da fundação da empresa em 7 de maio de 1927. Adroaldo Mesquita da Costa, foi também, uma das mais importantes figuras no crescimento da nova companhia, participando de importantes episódios, que levaram a modesta empresa aérea criada em solo gaúcho, a tornar-se através dos anos uma estrela maior, a mais pujante da América Latina, transformando-se num êxito sem precedentes.
A Varig esteve parada de 1º de janeiro a 17 de abril de 1927, por falta de equipamento. Aviões terrestres vão recuperar a Varig das tremendas perdas e lutas dos primeiros quatro anos. Os hidros, na verdade, dão mais despesas do que receita. Meyer pensa o Estado como um todo, e já percorre vários município contando com a liderança de figuras proeminentes da sociedade, para escolher locais que dessem para servir futuros aeroportos. Sua perseverança e firmeza de propósitos davam-lhe, ao mesmo tempo, coragem e audácia.
Meyer chegava a receber, muitas vezes, salário inferior aos dos pilotos, que para ele são o maior investimento. É tão exigente consigo mesmo e com o trabalho, que Berta, muitas vezes, pedira demissão, inconformado com o grau de exigência. Meyer, certa vez, chegou a dizer-lhe : “Tu vais ficar mais duro do que eu, afirmando: “Sempre o chefe deve lembrar-se de que o futuro da obra planejada,dependera da escolha e valorização da equipe, ambiente de trabalho, da honestidade, disciplina e o idealismo dentro da empresa, valorizando relações com autoridades, imprensa e clientes – coisa que Berta seguiu ao pé da letra.
Ruben Martin Berta, o primeiro funcionário, conforme Adroaldo Mesquita da Costa, foi criado na mais rígida disciplina. Meyer procurou realizar um plano bastante ousado para a época: abrindo os confins do Rio Grande, mal servido de estradas de ferro, pessimamente de estradas de rodagem, através da aviação comercial. No seu gênio teotônico viu esta possibilidade somente no trabalho abnegado e dos mais humildes dos seus servidores. Entusiasmou o rapaz Ruben, descendente de família teuto-brasileira e confiou nele, forjando-o ao seu modo: Trabalho com T maiúsculo, disciplina militar, abnegação e um único ideal – dominar os céus do Rio Grande do Sul.
Em 1966, Berta é reeleito mais uma vez presidente da Fundação dos Funcionários, mas veio a falecer no mesmo ano (16/12). Alguns meses antes (14/06) Otto Meyer também havia morrido, ambos em plena atividade, o que foi considerado um ano trágico para a Varig e toda a aviação comercial brasileira. Berta já havia preparado o discurso de posse para ser lido por ocasião da assembleia extraordinária da Fundação, marcada para o dia 30 de dezembro daquele ano Entre outros tópicos ressaltavam-se: Só pode ajudar os outros, quem ajuda a si mesmo/ A importância do trabalho como gerador de riqueza e na formação do patrimônio/ A necessidade de concorrer nos mercados através da eficiência/ E que os nossos sucessores façam o mesmo, dirigindo sem dividir.