BERTA – MEYER E O MILAGRE BRASILEIRO
A PALAVRA CHAVE ERA ” BLITZKRIEG”
A verdadeira história dos bastidores na “guerra” – David x Golias (PANAM) que ajudou a transformar a pequena Varig na gigante dos ares conquistando o mundo.
Usando o Super Constellation e o simulacro da tática Alemã do Blitzkrieg (guerra relâmpago) Berta começou a fazer da Varig um incrível milagre brasileiro.
Para aderir ao sistema do Blitzkrieg, Berta contou com a parceria de Otto Meyer, nascendo dai uma estratégia que este conhecia muito bem ( ex-combatente alemão da Luftwaffe – Força Aérea Alemã) executada por Berta com perfeição. O Super Constellation era o mais recente lançamento da Loockheed que encantava pelo traçado das linhas, tanto na forma estética externa, como no seu interior. A configuração da cabine de passageiros ia de 63 poltronas (escolhida pela Varig) até 99 – tal conforto redundava num custo compatível das passagens atraindo um público específico, interessado no conforto do voo, agregado ao excelente atendimento, oferecendo inclusive o ineditismo da cabine pressurizada. Quando a Varig comprou o Super Constellation, com subsidio garantido por Getúlio Varas, que não viveu (1954) para saborear o sucesso do amigo, Berta já sabia que avião a pistão teria vida curta e o futuro estava nos jatos .Ele saiu a cata do desconhecido. O jato Comet tinha sérias dificuldades técnicas, apresentando problemas operacionais que trancavam sua produção, além de causar perda de credibilidade. Passou a ser uma incógnita.
Berta apostou todas as fichas no notável. quadrimotor a hélice. Além do prazo de entrega de dois anos dado pelos fabricantes, era necessário criar uma moderna infraestrutura incluindo-se no caso, hangar gigante para abrigar as novas aeronaves, alavancar todo um projeto envolvendo tripulação técnica, engenharia, manutenção, serviço de bordo e pessoal da área de vendas e administração, além do domínio da língua inglesa. (infraestrutura A cabine de passageiros do Super, tinha formato alongado, possibilitando uma série de modificações, que se alternavam de maneira inusitada encantando todos e perturbando a concorrência (estratégia de combate) Ampliando corredores e reduzindo o numero de poltronas, podia dar-se ao luxo de oferecer uma comodidade jamais vista. Berta transformou a aquisição duvidosa, mas imprescindível pelas circunstâncias, para renovação da frota na espera dos jatos, fazendo com que o quadrimotor a pistão, pelas características de grandiosidade, se tornasse verdadeiro laboratório de testes para o futuro, onde a genialidade de Berta floresceu.
Ele sabia que o menor tinha que ser o melhor e com isso não ser engolido, criando quesitos inquestionáveis, que nem os gigantes, pela sua estruturação pesada, teriam interesse em concorrer. Com a presença dos modernos jatos, os aviões a pistão seriam considerados peças de museu para alcançar grandes distâncias. Entretanto, precisava cumprir a palavra empenhada com Getúlio Vargas, ao dar prazo de validade para cumprir a missão de levar além fronteiras a bandeira brasileira, executando tarefa na qual a Cruzeiro tinha fracassado (equipamento inadequado e pedido de subvenção) Surgia a grande oportunidade de construir algo novo, revolucionário, capaz de tornar-se lendário (estratégia de planejamento). Pela primeira vez na história, a Varig comprava aeronaves diretamente do fabricante, o que lhe dava vantagens e oportunidades de estágio, ampliando conhecimentos nunca antes alcançado ( tática de combate).
O avião mostrava-se espetacular sob todos os aspectos, apresentando um atendimento nunca igualado na rota de Nova York, com excelente serviço de bordo e eficiente manutenção. Descobrir diferenças, agir rápido e tirar vantagem do acerto eliminando possíveis falhas, fazia parte da cartilha alemã que Berta cumpria à risca Aeronave de linhas belíssimas jamais igualadas, somava tudo o que o presidente precisava para mostrar a cara, num avanço inusitado, capaz de paralisar qualquer oponente, deixando de ser apenas mais um.( domínio de espaço ) Já no ingresso a bordo, a cabine de passageiros impactava pela exuberância. e beleza arquitetônica. Um amplo corredor com poltronas mais largas e confortáveis, representava solução única para voos intercontinentais de longa duração, que os passageiros da primeira classe ocupavam, rindo de boca aberta (sem trocadilho).
Toda a experiência vivida nesse período tornou-se valiosa filtragem de muitos acertos e poucos erros, rapidamente corrigidos. (plano de voo) Em terra, o pessoal da engenharia e da manutenção, em Porto Alegre, esmerava-se num trabalho incessante conforme os requisitos que a cada hora sofriam alterações inimagináveis, tornando o impossível, palavra que não existia no vocabulário pioneiro. Com o Super, Berta cumpria a promessa feita à Vargas vitalizando a linha de Nova York. Depois, com o Caravelle e o Boeing – 707, dando ao presidente Juscelino Kubischek o pioneirismo do jato no Brasil em seu governo, num retorno institucional que colocou a aviação brasileira no patamar das grandes marcas mundiais.
Finalmente, com a chegada dos jatos, o Super Constellation teve vida curta, conforme Berta já previra – A era inesquecível dos belos quadrimotores da Lockheed durou pouco. Os aviões a pistão chegaram ao limite máximo do desenvolvimento, enquanto os novos jatos entravam rapidamente em cena. A diferença entre voar no Constellation e um jato era brutal. Com a chegada do Boeing PP-VJA e PP-VJB, os Super foram em seguida retirados de cena. Um Boeing fazia Rio- Nova York em pouco mais de 9 horas. O Super levava cerca de 25 horas. O último voo de passageiros do Super Constellation. para Nova York ocorreu em 29/01/62 e a partir dai todos os aviões foram negociados, A Varig conseguiu compradores para todos os H e para apenas um G. Os demais tiveram um fim inglório, sendo picados a machado, em 1967,.estacionados em CGH e Porto Alegre.