UMA DATA INESQUECÍVEL
POR QUE A VARIG SEMPRE SERÁ LEMBRADA ?
A Varig, comandada por Berta, não era somente uma empresa aérea prestando o melhor serviço. Representava parte integrante da comunidade. Participava dos seus anseios e alegrias. Fazia com que os colaboradores devolvessem com exaustão os benefícios recebidos e distribuía junto a sociedade gaúcha benesses que eram predicado do seu incessante desempenho humanitário, como trazendo medicamentos do exterior, na época não existentes no Brasil, sem cobrar o transporte, salvando dezenas de vidas, criando – SOS -VARIG – SAUDE, emocionando o Rio Grande.
Garantia educação para os filhos dos funcionários – fazia doação de bolsas de estudo excedentes aos alunos de escolas menos favorecidas, oferecendo educação para dezenas de jovens carentes (com famílias até hoje agradecidas pela benesse) Ainda na área da educação foi gigante fazendo nascer, através da EVAER ( Escola Varig de Aeronáutica) em parceria com a PUC-RS, a primeira Universidade do Ar formando pilotos de alto nível, prontos para exercerem com elevado conhecimento a sua honrosa profissão. Para qualificar a mão de obra absolutamente técnica, foi criada a ESVAR (Escola Senai Varig) preparando mecânicos especializados para o setor de manutenção, tudo centralizado na Diretoria de Ensino.
A Fundação criou o GEFUVAR (Grêmio Esportivo dos Funcionários da Varig) para as competições esportivas internas, construindo um Ginásio de Esportes coberto, multiuso, único do gênero no Brasil. Sempre pensando em dividir com a comunidade seus avanços. A Varig, através da Fundação, expandiu acesso para entidades e federações locais, possibilitando a pratica esportiva, mesmo no rigor do inverno. Por sua vez o uso do Salão Nobre era cedido para eventos culturais e sociais relevantes, além de palestras do corpo médico da Fundação, trazendo para seus pares gaúchos experiências vividas em constantes viagens em países avançados na medicina.
A Varig e a Fundação dos Funcionários davam tudo o que o homem que produzia necessitava para uma vida feliz com sua família: saúde, através do serviço médico com equipe especializada (mesma que atendia a tripulação) farmácia ao preço de custo; alimentação em armazém próprio e nas cantinas com comida balanceada; programa sério para crescer profissionalmente; ambiente de trabalho, em harmonia e dedicação em equipe; férias remuneradas com direito a GC (Grátis Condiciona) para voos nacionais e exterior (dependendo do tempo de serviço); ginásio coberto, polivalente; sede campestre em Ipanema; festa de natal, vivendo o sonho da casa própria com a Vila Varig para os menos aquinhoados, depois transformada no Bairro Ruben Berta, considerado o mais populoso de Porto Alegre, abrigando milhares de pessoas.- daí nascendo a força da marca.
* A marca Varig recebeu desde a sua criação um tratamento diferenciado, focado no público interno e voltado ao passageiro – “Ele é a razão única de existirmos. Sem ele não somos nada” garantia Berta. Esse conceito acompanhou a Varig através dos tempos. Vencida esta etapa do pioneirismo, com a transição do hidroavião para o Junker F-13, pousando em terra firme, sempre voltado ao endomarketing, Berta buscou dar referência a marca. Nasceu aí a figura do Icaro, rabiscado por ele mesmo, e aprovado por Meyer – símbolo que viria a acompanhar a empresa através dos anos, aparecendo nos meios de comunicação e no bojo dos aviões. Em 1942, quando a Varig iniciou seus voos para Montevidéu, o Icaro ganhou a companhia da bandeira brasileira no Dragon Rapide de Havillan, maior avião da frota. Antes, os documentos e a papelaria usados tinham a marca do Biguá – pássaro nativo do Rio Grande do Sul – sem a presença no hidroavião.
* Quando da aquisição do Super Constellation, em 1955, e início dos voos para Nova York, o panorama da comunicação passou por uma completa reformulação enfrentando uma concorrência poderosa (Panam). Vencida a batalha na chamada “Guerra David x Golias, tendo a Varig ingressado na era do jato com o moderno Caravelle e o Boeing-707, o nome da companhia ganhou respeito internacional pela excelência do serviço de bordo, atendimento diferenciado e qualidade da manutenção. Com a chegada dos aviões a jato surgiu a Rosa dos Ventos, criada por Nelson Jungblut, nosso diretor de arte. Aconteceu então um fato inusitado. Pela primeira vez uma empresa aérea mantinha no bojo das suas aeronaves dois símbolos – A Rosa dos Ventos e o Ícaro. Os comandantes não aceitaram a retirada da figura do Ícaro, que permaneceu junto a porta da cabine de comando. Nas peças publicitárias o Icaro foi dando lugar a Rosa dos Ventos, saindo na gestão de Érik de Carvalho. Criativos anúncios traziam com a assinatura, slogans que apresentavam o posicionamento da empresa como: VARIG – A maneira mais elegante de voar (público feminino) VARIG – a Pioneira (imbróglio com a Real Aerovias). VARIG – Voando mais para que todos voem melhor (aumento da frota) Varig – acima de tudo você ( ganhando elogios de Berta.)
Depois, nos anos noventa, o logotipo sofreu sua última alteração, numa atitude de rejuvenescimento do símbolo e nova pintura. A criação foi da Agência Young & Rubican, que havia comprado a Expressão Brasileira de Propaganda, pertencente ao grupo Varig, em 1996, por 5 milhões de dólares, encerrando um ciclo histórico de mudanças. e começando outras. Finalmente, o Icaro era apenas doce recordação de momentos grandiosos, vividos por gente, como a gente, orgulhosos pelos feitos conquistados, passando a lutar por uma causa perdida incapaz de defender seu chão, onde ideias ganharam forma de conquistas. O Museu era a esperança de um futuro sem fim. O testemunho vivo da história. A herança para a eternidade que virou pó. A Varig, enquanto viva, pulsante, deslumbrou uma geração que transferiu para seus filhos e netos um conto de fadas, que na verdade existiu.