RESPINGOS DA LEGALIDADE (3/4)

RESPINGOS DA LEGALIDADE (3/4)

Relatos de uma história real 

 SOLUÇÃO FOI O PARLAMENTARISMO

 

Durante a madrugada sugiram informações  de que a FAB havia  detonado a Operação Mosquito. O objetivo era abater qualquer avião que entrasse sem autorização no espaço aéreo brasileiro. Era uma notícia preocupante. Vidas preciosas estariam correndo sérios riscos, acrescentando – se aí a possibilidade das instalações da Varig serem alvo de alguma agressão  Berta chegou de cara amarrada pedindo para analisar a disponibilidade de algum avião  realizar o voo da legalidade, como Brizola definia a volta de Jango ao poder, Os principais aviões estavam retidos fora de Porto Alegre, com voos interrompidos, e outros  retirados estrategicamente pela nossa equipe, com aval de Berta, pela ameaça de atentado contra o Parque de Manutenção da Varig.

Depois de consultar a manutenção e escala de voo (cmt. Lauro Rabello) com aval do Eng.Viana e ok de Berta, liberei o Caravelle PP-VJD, ( já  abastecido para voo internacional) estacionado no Rio de Janeiro, para executar a perna Rio- Montevidéu e de lá trazer o presidente até Porto Alegre, onde estabeleceria estratégias com sua base de apoio. Ao amanhecer de sexta-feira ele embarcou para o Rio Grande do Sul. Com as luzes apagadas e as cortinas cerradas, o Caravelle decolou do aeroporto de Carrasco com passageiros e tripulação sob tensão. O jato  pousou no aeroporto Salgado Filho as 20h35 min do dia 1º de setembro trazendo o  vice-presidente.

Toda estratégia havia sido montada por Leonel Brizola desde o dia anterior, evitando que fosse conhecida em detalhes a chegada ao Rio Grande (Operação Mosquito da FAB)   Passou  a informar aos jornalistas brasileiros e estrangeiros, através da Rede da Legalidade, de que Jango partiria de Montevidéu por terra, acompanhado por uma caravana  de carros. O assunto repercutiu  na Varig onde passamos a confirmar a versão do governador.

Tancredo Neves, foi figura central na decisão de Jango em aceitar o sistema do Parlamentarismo, evitando enfrentamento traumático entre brasileiros.

Já na chegada do jato brasileiro no  aeroporto, Salgado Filho, correu a informação de que por solicitação do presidente  –  interino, Ranieri  Mazzilli, haviam  desembarcado em Montevidéu, os ministros Tancredo Neves e Hugo Faria, com a missão de convencer Goulart a aderir ao sistema do parlamentarismo, o ideal para resolver a difícil celeuma, evitando derrarmamento de sangue entre os brasileiros,  –  decisão que vinha ao encontro  de Jango, o que acabou acontecendo. O futuro  presidente  da República estava consciente que iria governar com poderes limitados. Às 20h20min no dia 5, Jango chegou à Capital Federal. Um tapete vermelho foi estendido para receber o futuro presidente. Dezenas de deputados  e Senadores aguardavam a  comitiva presidencial. O rigoroso esquema de segurança estava sob o comando do general Ernesto Geisel, que havia assumido a chefia da  Casa Militar. Em 7 de setembro, às 15h30min, em sessão conjunta da Câmara e do Senado, João Goulart assumiu a Presidência da República. A meia – noite desfazia-se a Rede da Legalidade

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