ÍCARO DE BORDO – FENÔMENO EDITORIAL (PARTE 2)

ÍCARO DE BORDO – FENÔMENO EDITORIAL (PARTE 2)

Um vitorioso “Case de Marketing”

A revista de bordo Icaro, nos anos 80, nasceu como opção de lazer e entretenimento para os passageiros dos modernos jatos da VARIG, tornando-se leitura obrigatória  levada também como suvenir de inesquecíveis viagens. A matéria sobre Gal Costa, ganhando destaque de capa, serviu para dar  ideia do layout da revista, qualidade do texto  (resumido) e beleza das fotos, num conjunto  harmonioso que premiava os leitores com seu conteúdo. Incluía ai as próprias mensagens publicitárias, criadas exclusivamente pelas agências, visando um público alvo qualificado, além da oportunidade única de mostrar seu talento, pondo assinatura numa obra capaz de desfilar numa passarela  que abrangia o planeta terra.

No início a revista tinha circulação bimestral. Depois do exemplar nº 16 passou a ter edição mensal,, triplicando o número de páginas com anunciantes aguardando na fila de espera para não quebrar o planejamento editorial  (divisão entre matéria e anúncio) –  todos havidos colecionadores. O salto para novos rumos abrangeu a oferta de assinatura anual  (12 exemplares) para clientes fiéis, recebendo  adesão imediata. O próximo passo  garantiu resposta avassaladora, oferecida em venda avulsa nas bancas de revista dos aeroportos brasileiros (depois no exterior)- estratégia divulgada antes, timidamente, no Expediente; Equipe consagrada de mestres da fotografia percorria o mundo  voando em céu de brigadeiro para mostrar aos passageiros/leitores o que  existia de mais  belo nesse mundo conturbado.. Era uma descoberta de personagens e lugares, trazendo em cada foto, cada emoção, cada pessoa, tudo  que  a Ìcaro viveu e mostrou –  desde as grandes capitais do mundo até os mais inóspitos  lugares e ambientes, esbanjando  conhecimento e saber, com sua gente, crenças e costumes num ângulo inusitado,  salientado por Ricardo Kotsche na famosa edição do numero 100, em que seguiram-se outras tantas.

Até o exemplar 14, a Icaro era distribuída apenas em voos nacionais, com circulação bimestral, preparando um salto estratégico de crescimento A partir daí, passou a ser mensal, duplicando seu número de paginas e exemplares oferecidos a bordo

 

 A arte era mostrada na sua essência valorizando mestres da pintura e das artes, sem esquecer as crônicas  e humor de gente nossa , como Mino Carta, Fernando Sabino, Millô,  Luis Fernando Verríssimo e Jô Soares, O jipe de reportagem da Icaro  era um boeing que cruzava  o mundo. A curiosidade em descobrir novas paragens e revelar o país  acabou dando o tom da revista. Vinhos gaúchos, café,  frutas, carros, aço, gado, sapatos, tecidos, um a um nossos principais produtos de exportação foram ocupando aa capas e páginas centrais da Icaro, que se tornaria uma grade vitrine do Brasil circulando pelo planeta . Mas, além de paisagens e produtos, a revista nunca parou de mostrar desde o seu inicio a arte do pais em todas as suas  manifestações.  Muito se deve aos fotógrafos brasileiros com suas câmaras sensíveis e cabeças lúcidas que se lançaram mundo a fora num fecundo corpo -a – corpo com a realidade em constantes transformações. Com igual valentia e sensibilidade eles se aventuravam pelas solidões das escarpas do Monte Roraima, minas da Bolívia e praias de Abidjan. Eram pelo menos oito viagens por ano que podiam envolver tanto as  fervilhantes ruas de Osaka no Japão, um persistente cerco ao escritor  Mario Vargas Llosa, no Peru, ou o encontro com a insólita beleza do Mar Morto, em Israel.

Icaro assumiu sua grandeza festejando a centésima edição, como uma das revistas mais lidas no pais e grande presença na mídia classe A alcançando liderança mundial no segmento
A presença de grandes escritores, artistas consagrados, fotógrafos renomados e diagramação exuberante, fizeram dela referência de qualidade, encantando os seus leitores que passaram a ser colecionadores, logo atendidos através de assinaturas

Nas páginas da Icaro, num lance genial, a Varig criou o  Air Shopping, passando a oferecer em pleno voo uma série de peças promocionais ostentado a logomarca cobiçada exibida na revista com entrega imediata quando do desembarque. Além do ganho mercadológico, a Varig ficou livre (ou quase)  de um constrangimento causado pela  ânsia do passageiro em levar alguma peça como suvenir que marcasse a sua viagem . Ia de caixa da fósforo à talheres  finíssimos da Hercules, disputados na primeira classe, além  de artigos essenciais para a segurança de voo como salva-vidas, retirados sorrateiramente  da parte inferior das poltronas.

Do irrecusável desejo do passageiro em levar alguma lembrança do voo, nasceu a ideia do Air Shopping, juntando o útil ao agradável

 

O próximo passo seria a edição em japonês (Los Angeles -Tóquio) com circulação bimestral (20 mil exemplares). O cuidado com a versão japonesa segue o mesmo cultivado com a edição do  lançamento em inglês – produzir um texto que não pareça tradução. O conjunto da obra  tornou-se um dos mais significativos “Cases de Marketing” do gênero, na aviação comercial, colocando a Companhia gaúcha no patamar dos ” best –  seller” editoriaisA revista de bordo da Varig em sua trajetória tornou-se referência no setor merecedora de prêmios internacionais no segmento.

A presença de grandes escritores, artistas consagrados, fotógrafos renomados e diagramação exuberante, fizeram dela referência de qualidade, encantando os seus leitores que passaram a ser colecionadores, logo atendidos através de assinaturas

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