Browsed by
Mês: Novembro 2022

ÍCARO BRASIL E AS “COPAS DO MUNDO”

ÍCARO BRASIL E AS “COPAS DO MUNDO”

Convite irresistível –  Copa do  Mundo pela Varig e o “clamour” de Paris

Contar a história das Copas do Mundo, divulgada através da revista de bordo Icaro Brasil –  um ano antecedendo o evento, previsto para 1998, foi jogada de marketing  da Varig com efeito imediato – fazendo a empresa reprogramar  a escala dos seus jatos de maior porte para atender a demanda.

.

.

UM ESTÁDIO INTELIGENTE  
Entre os 10 estádios preparados para receber os jogos da Copa, o Stade de France, em Paris, onde o Brasil faz sua estreia, serve de orgulho para os franceses. pela sua modernidade. A cobertura parece um disco voador pousado, pendurado em tirantes, por sua vez, presos a 14 cilindros verticais de aço inox, tal qual foguetes em rampa de lançamento. Sua superfície inferior é um espelho prateado bem polido, tão liso  que reflete a parte de baixo do estádio. Esse reluzente teto flutua 42 metros acima do nível do gramado. Construído como  elegante arena elíptica palco das grandes emoções futebolísticas do ano que vem, tem todo estilo francês – arquitetura sólida e responsável. Com capacidade para 80 mil espectadores .o estádio vai receber nove jogos. A partida  inaugural da Copa 98 será entre o  Brasil (último campeão) e um adversário a ser definido por sorteio.
.
.
OS TRÊS CARTAZES QUE ENCANTARAM O MUNDO
Parece que ninguém até hoje tinha prestado tanta atenção aos posters de todas as Copas de 1930 até 1998, do que os três destacados publicitários que Icaro Brasil visitou para discutir  bom gosto em 68 anos de ilustrações futebolísticas Ana Carmem Longobardi, do grupo Talent e Talent Biz e Marcelo Serpa, sócio diretor de criação da Almap, mais Washington  Olivetto, presidente da W/Brasil, examinaram o conjunto do trabalho e opinaram.
 
Ana Carmem se encanta com o poster de 1954 -“lindo, classe suiça” Mas julga o de1930 o mais bonito -“ousado para a época” autentica art decó. Já Marcelo elege o de 1954 como o mais bonito de todos: imagem limpa, elegante, poucos traços, tudo muito lúdico e leve, mas destaca também o de 1930 – digno, livre, art déco. Já Olivetto considera o poster de 1954  bem suiço, limpo, asséptico, com a visão de trás do golo como só poderia mesmo ocorrer no país inventor do  “ferrolho” no futebol, jamais num país ofensivo.  Ele elogia o cartaz de 1938, sem explicar por quê., Já Ana Carmem e Marcelo caem de pau na ideologia fascista incorporada àquele poster – é a bota em cima  da bola, um cara dominando, esmagando todo o mundo.
 
Por sua vez, Olivetto considera que o poster de 1950 do Brasil, “lembra a cultura do álbum de figurinhas”. e o que  da  Itália, de 90, “não reflete o bom gosto do país em design” E, surpreendente, julga o poster França 98, o melhor de todos, contrariando frontalmente  a opinião de Marcelo, que critica : “falta um ponto focal, a Copa. Essa é também a visão de  Ana Carmem, que gosta da obra de arte, mas ressalva: “esta muito afastada da finalidade de promover o torneio” Para justificar o voto Washington considera a Copa do Mundo  “um produto que se vende tão descaradamente, graças à imensa cobertura da imprensa mundial que o artista pode liberar uma visão mais artística do que do que didática”

Os cartazes e os times que deram ao Brasil os quatro títulos mundiais

 –  Suécia, em 1958, o Brasil revela para o mundo àquele garoto de 17 anos que se tornaria o rei do futebol – Edson  Arantes do Nascimento – PELÉ-  numa jornada memorável  sagrando-se pela primeira vez campeão mundial abrindo caminho para grandes conquistas  (foto time 58)

–  Dito e feito – Chile 1962 — o time canarinho conquista o bicampeonato mundial com a presença consagradora de Garrincha.

  – Em 1970 – um time recheado de craques garantiu no México o tricampeonato – de repente é àquela corrente pra frente. Brasil salve a seleção !

  – Nos EUA, em 1994 –sob o comando de Dunga e da tabelinha Romário – Bebeto a gloria do tetra com mais uma estrela reluzindo no peito.

.
.
Entrevista com  Platini  –  “Aquele jogo contra o Brasil não merecia o final que teve.”
Michel Platini´ é  uma figura muito popular na França,. Como Pelé passou de jogador a  autoridade, mantendo a forma  e também o carinho das pessoas que vibraram  com ele  nos gramados. É um dos atletas gauleses mais importantes de todos os tempos, juntamente com Just Fontaine, artilheiro da Copa de 58 com 13 gols, recorde  ainda não igualado na competição. No bate- papo que manteve com Roberto Muylaert da revista Icaro Brasil, ele fez uma declaração inusitada quando inquerido sobre suas lembranças da famosa partida França e Brasil, em Guadalajara, no México, em 1986, especialmente quanto a decisão por pènalts, foi incisivo.: .”Aquele jogo não merecia o final que teve.. Aquela partida das quartas – de- final poderia ter sido a decisão da Copa do Mundo de 1986 – foi imperdível Eu errei minha cobrança, mas para a nossa sorte Júlio César e Sócrates foram tão infelizes quanto eu (assim como Zico durante o jogo) e, afinal Luis Fernandes nos salvou mandando a bola para dentro das redes brasileiras. Foi um alívio, mas nos demos mal na semifinal contra a Alemanha logo em seguida.” Para Platini, respondendo a pergunta sobre qual o melhor jogador de futebol que viu jogar não vacilou- ” Maradona sabia fazer tudo – ele era da raça dos grandes. O meio-de-campo brasileiro da época, com Zico, Falcão, Junior e Sócrates, era destaque individual e coletivo. que encantava. Boniek e Rossi, da Juventus de Turim, também. A Juventus era o melhor time do mundo na década de 80 (Roberto Muylaert).

Cadernos das Copas – 1997

Icaro Brasil (Roberto Muylaert)
Compilação -resumindo textos
sem perder a essência e 
acrescentando algo pertinente

VARIG – CAINDO DE PÉ (OU DERRUBADA?)

VARIG – CAINDO DE PÉ (OU DERRUBADA?)

 FORÇA POPULAR DA VARIG GARANTIU O TÍTULO

Em pleno 2006, no cadafalso, Varig é aclamada bicampeã como Companhia Aérea do Ano

 

Dias antes da degola, em 2006, a Varig era aclamada, pela segunda vez consecutiva a  Companhia Aérea do Ano – uma alegria que durou pouco, incapaz de sensibilizar governantes  – como acontecia na Europa e América do Norte,  em situação semelhante, com suas empresas aéreas de bandeira atingidas pela crise que abalava a economia  do  planeta. O Brasil pagou caro por essa omissão e nunca mais conseguiu se recuperar no domínio dos ares. A matéria sacramentava – ” VARIG  deu mais uma demonstração  de que tem uma imagem mais forte do que suas enormes dificuldades financeiras. Contra todas as previsões dos  especialistas .em aviação,  que apontavam  uma vitória da TAM, a VARIG foi eleita a Companhia Aérea do Ano 2006, –  de acordo com 16.120 votos dos leitores de Avião Revue .revista especializada em aviação, de grande credibilidade, com milhares de leitores. É a segunda vez consecutiva que a VARIG ganha esse prêmio. A “estrela brasileira” somou 10.229 pontos dos onze itens do concurso, contra 8.684 pontos da TAM

Além de conquistar o bicampeonato, como Companhia Aérea do Ano, 2006 a VARIG foi considerada a mais querida por 50% dos participantes, enquanto a TAM somou 27.9% das preferências. A vitória da VARIG mostrava que o público votante – aficionado da aviação e normalmente bem informado – não dá muita importância sobre a saúde financeira- das empresas, e sim para sua condição de operação aérea. Tanto que dos 11 atributos do concurso a VARIG venceu seis ( Facilidades para reservas./ Eficiência no check-in/.. Eficiente manutenção/. Bom programa de milhagem/ Excelente  serviço de bordo .e pintura atraente) A eleição garantiu que a força internacional da VARIG ainda contava muitos pontos. E ela levava  mais passageiros ao destino do exterior. E faz sentido, embora tenha uma frota menor de 51 aviões contra 82 da TAM. Em termos de aeronave de longo percurso, a VARIG possuía  cinco Boeing 767, oito Boeing 777 e onze aviões  MD-11. Embora estivesse em crescimento no mercado internacional a TAM operava com sete Airbus A-330. O surpreendente resultado em favor da VARIG contou pontos para a companhia, num momento em que ela superava difíceis obstáculos para manter  seu alto padrão de confiabilidade. E mostrou que a marca tinha um força impressionante, Por isso convidamos até um psicólogo especializado em aviação, Dr. Juarez Lopes Neto, para fazer uma análise do resultado e o que sentiam as pessoas na hora de votar  Seu diagnóstico foi curto e grosso – ” A TAM é mais comercial, enquanto a VARIG é mais hospedeira.

NOTA 10

NOTA 10

Livro “Berta – Os anos dourados da Varig” Ganha nota 10 – com avaliação máxima
 

Resenha publicada na rede social Skoob (7 mil seguidores) para leitores como estande virtual, premia  o livro Berta Os Anos Dourados da Varig, com nota máxima no seu conceito de boa leitura, merecedor de apreciação pelo seu conteúdo inusitado.

O autor e sua obra – Nota 10 pelo ineditismo – Segredos de bastidores nunca antes revelados.

  Segundo a avaliação, o livro revela  fatos históricos  inéditos, além de ser uma biografia de Ruben  Martin Berta da um “insight” da Varig desde a sua criação, apogeu e declínio Nota 10 pelo ineditismo do material  Mesmo sendo conhecedor da historia das principais Cias aéreas brasileiras, me surpreendi com detalhes interessantes narrados no livro. Existem muitos livros sobre a Varig mas esse é único por explorar a intimidade de Ruben Berta e Otto Meyer.

E foi escrito por uma pessoa que os conheceu pessoalmente convivendo com eles,  tendo  ainda acesso aos arquivos  particulares da família Meyer. Além desnuda a empresa  à  nível de grandes decisões coorporativas. É possível ao leitor  entender como a Varig virou essa grande organização e porque faliu. Detalhes desde anúncios, estratégias  comerciais  e também formas pouco republicanas de se imiscuir  com políticos, dar e receber favores, vencer concorrentes e se tornar uma empresa  líder por décadas formam um ciclo digno de uma epopeia.

Meyer,Berta,Schuetz e Erik – baluartes de uma história que fez da Varig gigante da aviação comercial brasileira.

Um pequeno ponto negativo do livro, a tentativa de colocar Berta e a empresa num pedestal. Até aí é compreensível, visto que  o autor  foi contratado por Berta e dedicou sua vida à empresa. Contudo, qualquer leitor com mínimo discernimento  é capaz de fazer um juízo crítico quanto a isso. Berta era um empresário consagrado, mas não  foi nenhum herói bonzinho ou inocente. No caso Panair, por exemplo, o livro tenta isentá-lo. Mas buscando outras fontes, fica evidente que ele foi peça fundamental no fechamento daquela empresa. Alguns anos atrás ele enviou um telegrama ao presidente Jânio Quadros, protestando pela aquisição da Panair pelo grupo  Rocha Miranda Simonse

O embate Berta x Lineu, a nacionalização da Panair, a luta contra a  instalação da Aerobras (que caos seria se tivesse ido pra frente) e os voos internacionais no desejo de dar a volta ao mundo. ganham predominância. O autor, Mario de Albuquerque, se formou em jornalismo pela PUCRS,  com bolsa de estudos dada pela Varig ( além de trabalhar lá, até sua aposentadoria) então entendo seu amor pela empresa e seu líder maior, mas ficar falando  inúmeras vezes dos predicados de Berta reflete como puxa – saquismo.

Enfatizando a vida de Berta, o jornalista revela episódios inusitados sobre a existência da Varig. Seguramente o mais completo até hoje, envolvendo a intimidade dos seus criadores

Só faço  um aparte a outra resenha que li aqui -, discordando da avaliação dada em função de alguma críticas. A nota que damos a um livro, no meu entendimento, serve para avaliar a leitura; Pela nota indicamos se vale a pena ler o livro ou não, para que outras pessoas possam se decidir  sobre compra-lo ou não  A moral das personagens ou se é justo  ( ou de lei) receber subsídios, isso fica num juízo subjetivo –  mas nada tem a ver com a nota que damos para o livro. A vasta quantidade de fotos é impressionante e muito valiosa. No final da obra tem um QR Code que nos direciona a um link – é um vídeo que o próprio autor apresenta comerciais icônicos da Varig. Portanto dou nota máxima para o livro – “Berta – Os Anos Dourados da Varig” e recomendo a leitura para qualquer pessoa  que se interesse pela história da aviação comercial no Brasil

MANGA E A VARIG

MANGA E A VARIG

QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINSIDÊNCIA – AMBOS  ADORAVAM VOAR – UM NO CÉU OUTRO NA TERRA

Manga e a Varig.  Figuras inesquecíveis voando juntas  sem jamais encontrarem substitutos – Quem viu Manga  na excelência de guardião não esquece jamais. Insuperável. Tornou-se personagem lendária na história do Inter, assim como a Varig, sinônimo de qualidade e eficiência que voava alto orgulhando os brasileiros, não encontrou jamais uma companhia aérea condizente  com a sua grandeza. Duas marcas fantásticas que aparecem juntas, gravadas na nossa memória  afetiva. A Varig se engrandecia quando hospedava aquela figura carismática. Manga entrava em parafuso, voando de canto à canto, defendendo a baliza colorada. Com sua mão direita espalmada, trazia à torcida alegres emoções. Fora dos gramados, voar mesmo  para ele, na acepção da palavra, era momento de crise, abstinência, reza- Como toda regra tinha uma exceção – No aeroporto só aceitava embarcar pela Varig, na  certeza de um voo tranquilo numa ida e volta  garantida, sem susto. No jogo, Manga era a certeza de um voo alado. Fora disso, na realidade da vida, ele só conseguia subir os degraus seguros da escadaria do avião na certeza de um voo perfeito, abraçar as nuvens, garantindo o retorno, são e salvo .pisando terra firme  com a torcida que o esperava de braços abertos para levá-lo nos ombros e atirá-lo na grama macia que ele acariciava nos seus sonhos.

Manga tinha com a Varig relacionamento umbilical, que seus companheiros não entendiam e ele retrucava- “Boca fechada não entra mosca”

Pensava nas coisas boas da vida. Fazia comparações e considerações. Elias, com seu cotovelo de aço, o poderoso comandante, que tinha na sua cabeça coroada  liderando um caminho de vitórias, No jogo, Manga era a certeza do impossível, voando de canto a canto, fazendo vibrar o  Beira- Rio.  Viajar pela Varig era certeza de voo tranquilo ,de ida e volta, garantidas.- Na delegação todos perguntavam:  “Como é que pode? – Fenômeno  Agarrar com a mão direita – de três dedos retos difíceis de dobrarem, com  o  minguinho mais torto e o quebrado desviando para escanteio. era cenário  que marcava presença. enlouquecendo o Beira-Rio

Viajar em outro avião que não da  Varig, transformava-se em exercício de pavor, semelhante ao petardo do Nelinho, mas que ele amaciava sem adorno de luvas, livrando o perigo rondando a pequena área. Quando o capitão Figueiroa fez o golo iluminado, assisti com os olhos esbugalhados o milagre da transformação, ajudando com um sopro o raio de sol que cegava. Raul. A arquibancada de cimento armado, antes  fria e insensível, transformou-se num poleiro vibrante,  machucado por sapateado sem fim. Cada minuto era um mundo. Sentar pra que? Lá dentro Manquita garantia um título de campeão brasileiro que caia do céu. Assim como a Varig, Manga  ( sem comparações) tornou-se figura  lendária, na fulgente  galeria de grandes craques do nosso futebol.

 Carlos Duran dirigentes do Internacional, era grande amigo meu dos tempos do Colégio São João –  a pedido dele eu intercedia junto ao nosso diretor (colorado doente) para fazer “upgrade” com o Manga, que ele merecia tratamento especial para mantê-lo em boa forma, nas grandes decisões, coisa que se estendeu, porque estava funcionando. Ele passava a conversa das mãos e o pessoal da diretoria  do Inter engolia, pois era cortesia da Varig  e ninguém queria prejudicar o craque. Manga tornou-se passageiro VIP da Varig,(considerado deficiente físico) sem o clube pagar diferença alguma por tal vantagem, recebendo tratamento  especial na classe executiva,  coisa que a diretoria raramente conseguia

Manga abandonou o futebol.  A Varig foi abandonada, mas ambos ficaram para sempre guardados no cofre das recordações (que felizmente as chaves do pensamento ainda continuam comigo) incluindo o “rolo compressor” colorado do pós-guerra, com seu ataque fulminante que ninguém mais tem lembrança –  Tesourinha, Vilalba, Adãozinho. Rui e Carlitos ou do “rolinho” dos anos 50 –  Luizinho, Bodinho, Larry, Ènio Andrade e Chinesinho.