ERNI SILVEIRA PEIXOTO
Gênio das telecomunicações da Varig
Apesar de autodidata, Erni Silveira Peixoto era considerado um gênio pela sua destacada atuação na aviação comercial. tendo recebido o diploma de técnico em telecomunicações nos Estados Unidos. No Brasil, dedicou sua vida à Varig assumindo postos relevantes. Foi agraciado com a medalha Santos Dumont, pelo reconhecimento de suas atividades e valor em relação à Aeronáutica do nosso país, fato que lhe causou incontida emoção.. A Câmara Municipal de Porto Alegre, sua cidade natal, o referenciou outorgando-lhe o título de Cidadão Porto Alegrense, bem como a cidade de Gramado -RS, onde tinha seu retiro de férias com a família, sendo um dos propulsores do progresso turístico da região, através da Varig, tornando a cidade serrana no Rio Grande do Sul, referência nacional e exterior nesse importante quesito.
Ele tornou-se engenheiro eletrônico, capaz de projetar e construir, por conta própria, o primeiro aparelho de eletroencefalograma do Rio Grande do Sul, contribuindo ainda com seu talento, para trabalhos pioneiros na aviação comercial brasileira. Tanto Meyer como Berta o tinham em alta conta pela excelência do seu desempenho Erni Silveira Peixoto ingressou na Varig em 1939 com a incumbência de instalar as estações de radiotelefonia e radiotelegrafia, além de fotografias e gravações em fita magnética. Antes, havia sido fornecedor de equipamentos para a empresa. Trabalhou lado a lado com Ruben Berta, de quem recebeu a elogiosa referência de “jovem e genial técnico gaúcho”. Peixoto tinha inúmeras lembranças dos momentos mais significativos da história da Varig, entre os quais marcou sua vivência junto a Ruben Berta, de quem guardava as mais fortes recordações.
Segundo Peixoto, em entrevista que me foi concedida para a revista interna Rosa dos Ventos, Berta se assemelhava a uma “incrível maquina humana” atuando sempre em alta rotação. Chegava até a operar as estações de rádio para saber das reservas de passagens. Aos domingos, ia para o aeroporto.- Morreu trabalhando. Berta respeitava muito os acionistas -.Por isso, exigia de mim que fizesse uma estação de rádio em quatro dias. Foi o brasileiro mais impressionante e patriótico que eu conheci, garantia ele. – Quando dava uma ordem de serviço era para fazer tudo, o mais rápido possível. Essa situação traz a lembrança como se fosse um filme de Carlitos, com imagens em velocidade – “exigia eficiência e não tolerava atrasos.” Nos momentos críticos era capaz de tomar decisões imediatas. Certa vez, no aeroporto de Ciudad Trujillo, quando o Caravelle estava aberto à visitação pública, foram roubados praticamente todos os objetos que os passageiros haviam deixado sobre as poltronas, causando uma situação desagradável, que ele, como sempre, soube contornar. Ressarciu os prejuízos, agradando a todos, sem que o fato vazasse para a imprensa, relatou Peixoto.
Erni Silveira Peixoto dedicou sua vida à Varig, da qual foi diretor regional e de telecomunicações, trabalhando de1929 até 1980, quando aposentou-se, passando a tomar parte do Conselho de Administração.com destacada atuação nas grandes decisões da empresa, como na escolha do jato DC-10. Esteve sempre ao lado de Berta, por quem nutria sólida amizade. Quando da implantação do Museu Varig, sua participação foi decisiva junto a presidência, viabilizando o projeto histórico com apoio irrestrito de Erik de Carvalho dando-me carta branca no planejamento e execução do layout, configuração do conteúdo e formato de exposição. Partiu de Peixoto, em 1966, a proposta na célebre reunião do Colégio Deliberante da Fundação dos Funcionários, de dar ao presidente recém falecido, o nome da entidade, que passou a chamar-se Fundação Ruben Berta, homenagem que levou consigo, enquanto esteve em nosso convívio.