ADROALDO MESQUITA DA COSTA

ADROALDO MESQUITA DA COSTA

Com Meyer – Salvando a Varig do extermínio ( Parte 2/3)

“Convocarei a Assembleia Geral, dissolverei a Varig e em manifesto ao Rio Grande do Sul, darei as razões do meu procedimento.”

A Varig desenvolvia sua atividades rotineiras de uma empresa aérea pioneira, até o ano de 1930, quando iniciaram os movimentos revolucionários em nosso Estado.. A 24 de abril de 1930, quando Oswaldo Aranha se encontrava à frente da Secretária do Interior do Rio Grande do Sul e preparava a revolução deflagrada a 3 de outubro, firmou  contrato com a Varig, em nome do Estado gaúcho e em que ela foi representada pelo diretor  presidente, Sr Otto Ernest Meyer e seu diretor – técnico, Walter Peschel.

Flores da Cunha era o Interventor Federal do Estado – dependia dele o “canetaço” da vida ou morte da Varig.

Ao ato se encontrava presente o dr Francisco Campos, secretário do Interior de Minas Gerais – na ocasião o contrato estipulava de que o governo cederia, pelo prazo de 20 anos, com opção para mais 20, o campo de Gravataí para uso e administração da Varig, fornecendo recursos financeiros no montante de 399.000$000 para o acabamento deste; a construção de um hangar e respectivas instalações essenciais, e finalmente lhe poria à disposição até 186.000 dólares, para que lhe adquirisse 4 aviões terrestres de passageiros do tipo Junkers-F-13, – 2 aviões de correio e carga e 2 e outros 2 para instrução, mediante a entrega de 1.050 de suas ações. assumiria a construção de outros 6 aviões e manteria uma escola de aviação, onde seriam matriculados, anualmente, a título gratuito,  até 10 alunos da Brigada Militar.

Meyer e Adroaldo – Um abraço do tamanho da história que ambos construíram juntos

Deflagrada a Revolução a 3 de outubro de 1930, seguiu Oswaldo Aranha para o Rio de Janeiro, a fim de ocupar o Ministério da Justiça, enquanto Flores da Cunha assumia a Interventoria  Federal no Estado. Posteriormente, a Varig buscou o cumprimento do contrato junto ao Interventor Federal, encontrando sempre muita dificuldade. O próprio Oswaldo Aranha escreveu para Flores uma carta, que entre outras coisas afirmava categoricamente: “Seria um crime desamparar a Varig, Flores, quando o seu reerguimento está em tuas  mãos e ela reclama do Governo apenas o cumprimento de um  compromisso. No fim do mês corrente se reunirá a Assembleia dos credores e ela será obrigada a desaparecer se o Estado não  acorrer em seu auxilio. Estou certo que não permitiras que isso suceda, e assim sendo, terás o teu nome ligado a mais um ato de justiça e benemerência”.

Foto histórica nos 25 anos da Varig – reunindo a cúpula da empresa. Na primeira fila, nas extremidades, as figuras sagradas de Otto Ernest Meyer e Adroaldo Mesquita da Costa. No fundo, Ruben Berta – o passaporte para o mundo.

Entretanto, nada modificou a situação. Em 1ª de outubro de 1931, o major Alberto Bins renunciou a presidência do Conselho Fiscal, cargo que passei a ocupar. Como havia nesse espaço todo de tempo ocorrido propostas e contra – propostas de ambas as partes, sem que nada ficasse resolvido, enviamos a 19 de outubro um ofício ao Interventor tentando uma pronta solução e pedindo uma resposta até o dia seguinte à noite, Terminado o prazo previsto e dado nenhuma resposta, escrevi um bilhete ao General Flores da Cunha, com a seguinte declaração: ” Se dentro de 24 horas, a Varig não receber o que lhe é devido, convocarei a Assembleia Geral, dissolverei a Varig e em Manifesto ao Rio Grande do Sul, darei as razões do meu procedimento. Deixei a carta no Palácio aos cuidados do senhor João Antunes da Cunha, após dar-lhe ciência do conteúdo e voltei a casa. Imediatamente o telefone tocou. Era o senhor Antunes que, em nome do Interventor, pedia o meu comparecimento imediato à sua presença. Larguei o fone e dirigi-me ao Palácio, pois morava numa grande casa na rua Riachuelo. ao lado do Solar dos Câmaras.

O Flores da Cunha cumprimentou-me visivelmente agastado, e a mim se dirigiu nestes termos: “O senhor é um caso sério para o meu governo”. Ao que lhe retruquei de imediato: Eu não, a Varig talvez”. E prosseguiu: “Que quer oi senhor de mim? Respondi-lhe::”:Mas este contrato não tem nenhum valor jurídico?” Contestou- me Era necessário que a Assembleia o tivesse aprovado  e ela foi dissolvida, sem que tivesse pronunciado a respeito. Isso na opinião de V. Exa, respondi-lhe: “para mim o Estado tem obrigação de cumprir o que trata” – Ademais, prosseguiu Flores da Cunha, esse processo que o senhor se refere. não está comigo.”,  Obtemperei – me “Estou informando que encontra-se nos seus aposentos, para onde foi remetido.

Personagens marcantes no crescimento da empresa, na época pioneira, receberam de Berta o reconhecimento da Varig, com a cessão do Passe Livre (agosto de 1950) como o conferido ao dr, Antonio Augusto Borges de Medeiros, pelos relevantes serviços prestados a organização

“Comigo? indagou-me surpreso? Eu, confirmando a informação, ele mandou chamar o João Antunes da Cunha e dele indagou  o paradeiro do processo. Informado de que realmente o documento se encontrava em seu quarto, de como havia declarado, que o mesmo fosse trazido  à sua presença, Ao recebê-lo, entregou-me com estas palavras : Vai ter com o Maciel. Ele que o examine e decida.” No mesmo instante dirigi-me à Secretaria da Fazenda, para relatar ao dr. Francisco Antunes Maciel tudo quanto ocorrera. Após o parecer do Procurador Fiscal, dr. Carlos Heitor de Azevedo,, meu saudoso colega de turma, foi-me, então, transmitido pelo dr. Maciel Junior o almejado despacho – ” Pague-se” Ao restituir-me o processo disse-me sorrindo: “Agora vê se consegue a assinatura do Flores. E, eu, felizmente, a obtive. Assim a Varig pode continuar a existir.

No dia seguinte a empresa recebia do Estado 1.200 contos de réis. Dias depois assinava novo contrato com o Governo  Em 11 de novembro por designação do Secretario da Fazenda, o Major, Alberto Bins,  era nomeado Fiscal do Governo junto a empresa .Em 1932, em Assembleia Geral foi determinado que enquanto fossem vivos, teriam passagem gratuita na Varig .por relevantes serviços prestados a aviação comercial brasileira, nomes consagrados como Flores da Cunha, Major Alberto Bins, João  Antunes Maciel, Oswaldo Aranha e dr, Borges de Medeiros. Para surpresa minha fui incluído nessa relação.

(Parte 3/3)- Com Berta – Informações sigilosas e a aquisição da Panair

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