COCHILO REPARADOR – DORMIR ERA DESPERDICIO PURO

COCHILO REPARADOR – DORMIR ERA DESPERDICIO PURO

O dia era pequeno para tanta ousadia.

 

O cenário dos anos 60 foi rico em figuras notáveis como Ruben Berta, sempre pioneiro com sua Varig, já pensando em dar a volta ao mundo  – Assis Chateaubriand, ampliando o reino da comunicação com os  Diários Associados inaugurando o advento da televisão no Brasil e Juscelino Kubitschek, construindo em tempo recorde o milagre de Brasília introduzindo no Pais a era da modernidade definindo, na somatória das forças, a obstinação dos vencedores

Eles guardavam características. Assemelhavam-se, transformando  ideais em metas para serem alcançadas.. Qualquer cochilo era suficiente para revigorar forças e manter olhos bem abertos, não importando tempo e espaço, para, fazer acontecer o impossível, – palavra que para eles não existia no dicionário. Cada sonho era uma premonição.

Berta quase não dormia à  noite – uma permanente insônia. Muitas vezes, em plena madrugada, acordava e pedia para dona Wilma fazer sanduiches e surpreendia os mecânicos nos hangares revisando aviões que iam sair  pela manhã. Acompanhava o trabalho Dava palpites e confraternizava. Para ele não tinha hora perdida. O tempo valia ouro  e cada instante merecia ser vivido com intensidade. Fez da Varig. uma pequena companhia do interior do Rio Grande a maior empresa aérea da América Latina.

Assis Cheteaubriand, envolvido com o sucesso da televisão não tinha hora certa para invadir a redação atrás da notícia que buscava afanosamente – como que um prato de comida nordestina que engolia com enorme prazer. alimentando as edições do seu Diários Associados. No lugar que estivesse, fosse onde fosse, fazia um dos seus portentosos escritos. Envolvido em  mil e uma atividades ( inclusive com o MASP. Museu criado por ele em São Paulo do  qual a Varig -diga-se Berta – era transportadora participativa) Chatô considerava-se um ser extra terrestre, com o resto da humanidade regurgitando aos seus pés. O sono ficava para depois, quando aparecesse, sorrateiramente, com resultado  pífio logo transformado em poeira.

  Juscelino, gravou seu nome na história com a construção de BRASÍLIA  dentro do  Plano de Metas definido pelo slogan  que caracterizou  o movimento – “ 50 ANOS EM 5″ – numa amostragem da velocidade necessária para cumprir seu desiderato, obrigando o presidente a se desdobrar ao máximo, junto com sua equipe de técnicos e os “candangos com suas dificuldades de relacionamento. JK. ficava insone dois a três dias seguidos, para acompanhar os trabalhos que não paravam e discutir com a equipe técnica o andamento da obra, que a oposição chamava de “monstrengo.” Seguidamente era flagrado por câmeras indiscretas, vencido pelo ardor das batalhas diárias, derrotado pela exaustão  que lhe consumia, mas logo refeito pelo ânimo revigorante do seu inquebrantável ideal  Depois de concluída ( 1955/1960),  BRASÍLIA viria a tornar-se  uma das construções mais notáveis do mundo.

Entre Brasília e Rio de Janeiro – cortesia Varig sem pesadelos

O trio vigoroso tinha muita coisa em comum,. desde a forma de tomar decisões antecipando-se  aos fatos. Líderes autênticos eram personagens fantásticas nos seus acertos e erros. Verdadeiras máquinas de pensar e buscavam objetivos que somente iniciativas arrojadas poderiam contemplar. Tomados por grande agitação pelo que fazer, o dia parecia para cada um girar além das 24 horas dos simples mortais. Dormir era desperdício. Viviam acesos o tempo todo  só  parando derrubados pelo cansaço. Não  escolhiam momento e nem lugar para caírem  em um cochilo reparador. Era o descanso do guerreiro do qual ninguém tinha a coragem de perturbar.

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