“TRAIÇÃO” ENFARTA BERTA

“TRAIÇÃO” ENFARTA BERTA

Sinal vermelho na caminhada

Um segundo enfrentamento envolvendo os comandantes e Berta teve Rubens Bordini como figura central. Quatro anos depois de um episódio que deixou sequelas, uma séria discussão entre ambos culminou com um enfarto que levou Berta a ser hospitalizado. Dois anos depois ele viria a morrer em plena mesa de trabalho, vítima do mesmo mal.  Depois do litígio com um grupo de comandantes, em 57, onde o presidente saiu-se vitorioso, uma segunda dissidência, contestando Berta aconteceu em 1960, por coincidência ano em que a Varig estava dando um salto fantástico com a aquisição dos seus modernos jatos Boeing – 707

Uma altercação entre Berta e Bordini (1964) resultou em enfarto do presidente, repetido de forma fatal (1966) em plena mesa de trabalho. Talvez veio junto o peso das responsabilidades de uma empresa de bandeira, difícil de suportar.

 Segundo Bordini revela em seu livro, a Fundação até´ então não tinha  vice, somente presidente (que era Berta desde 1945). A cada fim de mandato de quatro anos reunia-se o Colégio Deliberante que votava (um para cada ano de serviço) elegendo o novo,  ou o mesmo presidente. No impedimento do presidente os Estatutos rezavam que o cargo seria ocupado pelo membro mais antigo do Colégio, Lá por 1964 eu tive um desentendimento com Berta que me acusava  de tê-lo traído na eleição  para presidente da Fundação em 1960. Estávamos no meu gabinete da companhia, quando tivemos uma séria discussão e nada que eu dissesse pôde alterar seu conceito do  ocorrido  já que estava envenenado pela intriga de alguns dos meus opositores.

O livro de Bordini conta detalhes do episódio que resultou no primeiro enfarto de Berta.

Dessa alteração resultou um enfarte em Berta, quando tive de socorrê-lo  chamando médico e internando o num hospital. Na época, em 60, um grupo formado por comandantes insistia em colocar minha candidatura para disputar com Berta na reunião do Colégio,  a posição de presidente da Fundação – em última análise presidente da Varig. Não aceitei e disse que iria contar tudo para Berta, sem citar nome dos revoltosos: Berta ficou pasmo, pois não esperava esse tipo de reação dos seus colaboradores. Eu não sabia  nem o que fazer, já que numa pesquisa feita sobre o assunto, parecia que a ,maioria dos membros do Colégio votariam mesmo em mim.

Pela primeira vez na história da Varig, um grupo dissidente indicava um candidato – Rubens Bordini – para enfrentar  Berta nas urnas. Como era de se esperar,  Berta venceu as eleições tendo seu  opositor alcançado boa quantidade de votos.. ficado então como vice-presidente, cargo que até então não existia .A informação vigente era de que no impedimento do presidente o acionista mais antigo assumiria os trabalhos, e a função, coisa  não muito clara no momento,. Segundo nos relatou  Bordini,- “Com a diferença entre  mim e Berta, deixei a presidência da Rede Aérea Nacional (RAN)- cargo de confiança, em São Paulo, e retornei para Porto Alegre para dedicar-me as antigas tarefas de treinamento na Diretoria de Ensino, então dirigida pelo comandante Wendorf. Berta se considerava traído e nunca perdoou  o envolvimento de Bordini. a quem tinha na conta de um dos seus mais leais e dedicados colaboradores digno de extrema confiança.

Reeleito em 65, Berta abocanhou a Panair, transformando a Varig numa empresa aérea de bandeira, um benefício pela sua competência e integridade – único “ficha limpa”. Entre os dirigentes da época, segundo os critérios do governo militar. Junto veio um peso de enorme responsabilidade que ele, talvez, não tivesse forças para suportar. Provavelmente o episódio com Bordini tenha sido o sinal vermelho, que ele entendeu, mas não teve tempo para esperar o verde se abrir para continuar na caminhada.

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