Autodidata, dono de uma capacidade intelectual fora do comum, Berta falava com fluência cinco idiomas: português, alemão, espanhol, inglês e francês.
Tinha uma caligrafia clara, firme, quase desenhada, elogiada por todos. Representava o traço da sua forte personalidade Usava escrever bilhetes endereçados aos mais chegados com frases curtas e concisas, coisa de quem não tinha tempo a perder (com exceções).
Sempre que se deparava com algo que não conhecia (coisa rara) pedia explicações sem medo de mostrar seu eventual desconhecimento.
O tratamento com Meyer tinha característica pessoal e íntima, escrito de próprio punho, sem deixar rastros. Na criação da Fundação dos Funcionários, num bilhete para Meyer dizia: ” A reunião foi um sucesso. Mesmo os mais céticos, Schuetz e Schaly, renderam-se às evidências.
Todas as afirmações de Berta não eram baseadas em simples conjecturas, mas dentro de uma visão realista e objetiva dos fatos. Ele sempre teve essa virtude. Fazia previsões. Antecipava acontecimentos, tudo dentro de uma apurada análise das probabilidades, o que lhe rendava apreciável margem de acertos.
Assim, ele previa, em 1943, os acontecimentos de 45, incluindo todas as dificuldades que as empresas já estabelecidas teriam de enfrentar com o surgimento de centenas de aparelhos, sobras de guerra, vendidos a preço de banana, gerando a proliferação de empresas sem a mínima estrutura para operar
FRASE DE OURO: “OS HOMENS SE DIVIDEM EM DUAS ESPÉCIES – OS QUE TEM MEDO DE VOAR E OS QUE FINGEM QUE NÃO TEM”. (Fernando Sabino)
Um segundo enfrentamento envolvendo os comandantes e Berta teve Rubens Bordini como figura central. Quatro anos depois de um episódio que deixou sequelas, uma séria discussão entre ambos culminou com um enfarto que levou Berta a ser hospitalizado. Dois anos depois ele viria a morrer em plena mesa de trabalho, vítima do mesmo mal. Depois do litígio com um grupo de comandantes, em 57, onde o presidente saiu-se vitorioso, uma segunda dissidência, contestando Berta aconteceu em 1960, por coincidência ano em que a Varig estava dando um salto fantástico com a aquisição dos seus modernos jatos Boeing – 707
Segundo Bordini revela em seu livro, a Fundação até´ então não tinha vice, somente presidente (que era Berta desde 1945). A cada fim de mandato de quatro anos reunia-se o Colégio Deliberante que votava (um para cada ano de serviço) elegendo o novo, ou o mesmo presidente. No impedimento do presidente os Estatutos rezavam que o cargo seria ocupado pelo membro mais antigo do Colégio, Lá por 1964 eu tive um desentendimento com Berta que me acusava de tê-lo traído na eleição para presidente da Fundação em 1960. Estávamos no meu gabinete da companhia, quando tivemos uma séria discussão e nada que eu dissesse pôde alterar seu conceito do ocorrido já que estava envenenado pela intriga de alguns dos meus opositores.
Dessa alteração resultou um enfarte em Berta, quando tive de socorrê-lo chamando médico e internando o num hospital. Na época, em 60, um grupo formado por comandantes insistia em colocar minha candidatura para disputar com Berta na reunião do Colégio, a posição de presidente da Fundação – em última análise presidente da Varig. Não aceitei e disse que iria contar tudo para Berta, sem citar nome dos revoltosos: Berta ficou pasmo, pois não esperava esse tipo de reação dos seus colaboradores. Eu não sabia nem o que fazer, já que numa pesquisa feita sobre o assunto, parecia que a ,maioria dos membros do Colégio votariam mesmo em mim.
Pela primeira vez na história da Varig, um grupo dissidente indicava um candidato – Rubens Bordini – para enfrentar Berta nas urnas. Como era de se esperar, Berta venceu as eleições tendo seu opositor alcançado boa quantidade de votos.. ficado então como vice-presidente, cargo que até então não existia .A informação vigente era de que no impedimento do presidente o acionista mais antigo assumiria os trabalhos, e a função, coisa não muito clara no momento,. Segundo nos relatou Bordini,- “Com a diferença entre mim e Berta, deixei a presidência da Rede Aérea Nacional (RAN)- cargo de confiança, em São Paulo, e retornei para Porto Alegre para dedicar-me as antigas tarefas de treinamento na Diretoria de Ensino, então dirigida pelo comandante Wendorf. Berta se considerava traído e nunca perdoou o envolvimento de Bordini. a quem tinha na conta de um dos seus mais leais e dedicados colaboradores digno de extrema confiança.
Reeleito em 65, Berta abocanhou a Panair, transformando a Varig numa empresa aérea de bandeira, um benefício pela sua competência e integridade – único “ficha limpa”. Entre os dirigentes da época, segundo os critérios do governo militar. Junto veio um peso de enorme responsabilidade que ele, talvez, não tivesse forças para suportar. Provavelmente o episódio com Bordini tenha sido o sinal vermelho, que ele entendeu, mas não teve tempo para esperar o verde se abrir para continuar na caminhada.
Fazendo parte de um grande contingente de aeronautas e aeroviários que estavam deixando a aviação comercial em 1986, beneficiados pela implantação do AERUS, o comandante Hamilton Mancuso recebeu uma emocionante homenagem dos seus colegas no Sul . Ao desembarcar no aeroporto Salgado Filho, dia 31 de março , foi cercado por uma multidão de amigos e colegas, estes fardados, formando alas para aplaudi-lo e homenageá-lo
Era a despedida de um dos profissionais mais brilhantes da nossa aviação comercial. com uma carreira de 38 anos de bons serviços. Em sua trajetória na Varig, Mancuso pilotou os mais diversos tipos de aviões, desde o pequeno Electra, um bimotor que cobria o interior do Rio Grande do Sul, até os sofisticados DC-10 e Boeing 747.
Mancuso, gaúcho de Pelotas, lembrava que teve oportunidade de transportar personalidades famosas como o Papa João XXIII e os ex-presidentes Juscelino Kubitscheck e João Goulart. em momentos históricos para o pais. No final de sua carreira foram 34 mil horas voadas, tudo feito com muita dedicação e consciência profissional.
Era o momento de curtir a “Escala da Família”, como dizia na faixa que os colegas e amigos dedicaram ao veterano comandante.
Entre o Icaro e o Saci – Pererê – Enquanto um pedia agua outro imprimia ritmo alucinante – Aqui no sul, milagres acontecem – como amar o azul sendo apaixonado pelo vermelho ? Somente vivendo aqui para entender. Além do Icaro alado, figura mitológica da Varig, outra personagem, o Saci – Pererê símbolo do Sport Club Internacional, coloria o tempo livre de Hamilton e Jessi. Liderada por Dona Wilma Berta, o Serviço Social da Fundação realizava um trabalho voluntário, dignificante, fazendo visitações periódicas aos lares dos funcionários menos favorecidos na empresa, dando ajuda, e atuando na capacitação pessoal, um trabalho que Jessi (com J mesmo) se destacava pelo denodo e eficiência, muitas vezes com a presença de Hamilton, na ideia do fortalecimento da Grande Família Varig. Mas o momento sublime estava reservado para a reunião anual do Colégio Deliberante, quando Berta liberava um espaço especial para destacar a atuação do grupo feminino, fazendo um balancete das batalhas e vitórias, num reconhecimento do alcance das metas atingidas, ação que se perpetuou na história da Fundação e da Varig.
Na verdade, a “Escala da Família” veio referendar um amor antigo,. abrindo as porta para Hamilton e Jessi viverem intensamente momentos gloriosos participando ativamente da história do clube do coração, o Sport Club Internacional cada passo entre o antigo Estádio dos Eucaliptos e o Gigante do Beira Rio, participando como membros do Conselho do clube (ela, talvez, a primeira mulher a receber esse sufrágio) O casal teve presença destacada atuando na criação da Fundação ( mais uma vez) de Educação e Cultura do Internacional (FECI) com ênfase na reconstrução da Capela de Nossa Senhora das Vitórias, obra de contornos belíssimos, em seguimento ao projeto arquitetônico construído tijolo por tijolo, com a participação de todos que podiam dar seu óbolo. O local é usado com frequência pelo povo colorado com a realização de casamentos, missas, batizados e encontros ecumênicos, todos orgulhosos pelo espaço acolhedor que lhe é entregue. .Certamente,. ao lado de um grande homem sempre tem uma grande mulher.
Piloto da Varig, herói de Orly, desaparece no Pacífico (JC/30/09/2017)
Em ambos os casos tanto na França como no Japão, o motivo oculto estaria no porão dos aviões sendo a grande verdade nunca revelada?
Uma das novidades da 2ª edição do livro ‘Berta – Os anos dourados a Varig”, de Mario de Albuquerque, diz respeito aos acidentes sofridos pelo Boeing – 707 (PP – VJZ) em Orly , na França, (11/10/ 73), com 123 mortos, e outro, também um Boeing -707 ( PP – VJU) cargueiro, da mesma empresa, após decolar de Narita, no Japão, desaparecendo – nas águas do Pacífico sem jamais ser localizado.
O livro narra de como o comandante Gilberto Araujo participou dos dois eventos Considerado herói em Orly, por um pouso de emergência que planejou, mas nunca fez, (cego pela fumaça da cabine) sendo realizado pelo 1º oficial, Antonio Fujimoto com enorme perícia
1 ) A obra acrescenta detalhes relevantes, dúvidas e certezas, sobre dois dos mais intrincados mistérios que envolvem (até nossos dias,) a aviação comercial brasileira. Tanto na França, como no Japão, informações consideradas segredo militar, dão indícios de que o motivo oculto das tragédias estaria escondido no porão das aeronaves. Um fato jamais tornado público e mesmo desconhecido pelos diretores da Varig, que o livro agora revela, diz respeito à presença de Erik de Carvalho em Washington.
2 ) Segundo, Mario de Albuquerque, o presidente da Varig após o ultimo acidente foi convocado para uma reunião no Pentágono e teria saído do encontro totalmente desfigurado. Em 02 de fevereiro de1980, Carvalho foi informado de que tinham cessadas as buscas do Boeing desaparecido no Oceano. Três dias depois, Erik de Carvalho teve um AVC, ficando os membros paralisados com dificuldades de comunicação.. Faleceu levando consigo um segredo só seu.