COMO NASCEU O TUCANINHO DA VARIG
A história de um dos maiores ícones da publicidade brasileira (1-2)
A vitória do então desconhecido Francisc Petit num grande concurso de arte organizado pela Varig, fez nascer em 1953 uma figura lendária na propaganda brasileira. Segundo Meio e Mensagem o jovem Petit, recém chegado ao Brasil, conseguiu emprego na agência Publicine, tornando-se em pouco tempo, graças, ao seu talento, o encarregado do estúdio de arte. Lá, ficou ao par de um concurso de cartazes da Varig, cujo regulamento e busca de ideias, tomaram-lhe noites e dias até encontrar o mote que traduzisse a Varig como uma companhia aérea no Brasil – um tucano de camisa listrada ,óculos escuro, chapéu da palha e vara de pescar. Esse era o fagueiro olhar catalão sobre o país que Petit vivia há pouco mais de meio ano.
A preparação do cartaz, relatada detalhe a detalhe por Petit em 1991 – ou seja quase 40 anos depois – é uma verdadeira aula de capital cultural, indicadora também do perfeccionismo, que faria a diferença. -” Mandei fazer dois bastidores e um quadro, como dos quadros tradicionais, com madeira boa, mogno. Comprei uma folha de papel alemão Schuellerhammer para guache. Umedeci cuidadosamente o papel, que estiquei e preguei no bastidor. Quando secou ficou um lido tambor sem nenhuma dobra ou ruga, liso, perfeito. Era assim que todos os cartazistas europeus apresentavam seus trabalhos. Nesse fabuloso bastidor de papel, executei meu cartaz com guache, copiando o pequeno esboço que tinha feito. Desenhei o personagem “Tucano”, o céu azul cobalto, o avião Constellation passando ao fundo, o lettering da Varig e a marca, tudo num só original belíssimo.
Os melhores publicitários, artistas e cartazistas do Brasil tinha participado desse grande concurso, mas, pelo resultado, nenhum havia captado o espírito brasileiro da Varig, como “um tal de Petit” – essa foi a resposta que a moça da recepção da agência da Varig da rua Barão de Itapetininga deu a Petit, quando o garoto de 19 anos foi até lá informar-se sobre o vencedor do concurso – a moça lamentou – “Pena que o ganhador esqueceu de deixar o endereço”, conta Petit. – Quase morri de emoção. “Foi algo inexplicável, maravilhoso, que jamais esquecerei”.
Naqueles idos de 53, na reportagem do jornalista da Folha de São Paulo, Caversan (2003) o Tucaninho da Varig não só rendeu a Petit um bom dinheiro como fama abrindo-lhe as portas da maior agência de publicidade do Brasil, a J.W Thompson. Em janeiro de 2000, quase meio século depois, o mesmo Tucaninho da Varig daria a Francisc Petit outro raro privilégio: o de ser o único brasileiro incluído em famoso catálogo americano sobre os maiores ícones do séc XX. O Tucaninho foi também o único personagem brasileiro citado no livro What a Character, lançado nos EUA. O catálogo mostra os maiores ícones da publicidade do século 20, como o tigre Tony da Kellog’s e o camelo Joe – Camel 50.