Meyer, Osvaldo Aranha e a fusão abortada (2/2)
REVOLUÇÃO LIBERAL SALVOU A VARIG DO EXTERMÍNIO
Dentro de um novo quadro histórico, em 7 de maio de 1930. o major Alberto Bins, presidente do Conselho Fiscal da Varig, declarou, oficialmente, o desinteresse da empresa em prosseguir nas negociações da fusão com a Condor.- por falta de prazo conveniente. A diretoria e o Conselho Fiscal da Varig. haviam procurado novos meios para defender os valores da companhia. Ele garantia, ainda, ter recebido valiosa proposta do governo, que visava apoiar moral e materialmente a companhia para manter-lhe a independência buscando o bem dos interesses da população do Rio Grande. Assembleia resolveu, por unanimidade, não mais tomar em consideração a fusão com a Condor. A dissolução do negócio estava na devolução dos hidroaviões, venda do imóvel do aeroporto na ilha Grande dos Marinheiros e compra de 41% das ações pertencentes a Condor, além do encontro de contas até a data da Assembleia. O movimento revolucionário foi, certamente, a razão da intervenção do governo impedindo o desaparecimento da Varig.
Por trás dessa decisão, existia uma boa história para contar. A fusão proposta pela Condor acabaria com a Varig, já no seu primeiro ano de vida. Só, que um insólito acontecimento viria colocar agua fria na fervura. Enquanto as tratativas avançavam dentro da proposta de operação conjunta, Meyer envolvia-se, secretamente, em uma grande conspiração política visando a derrubada do Governo da União, presidido por Washington Luis, considerado fraudulento. Nas eleições, a contagem dos votos deu a Vargas uma vitória esmagadora aqui no sul. No entanto, no cômputo geral, o grande vencedor foi o candidato Júlio Prestes, coisa nunca aceita pelas lideranças gaúcha e mineira. Havia sérias suspeitas de que o governo central teria condições de manipular ao seu bel prazer o resultado das urnas, considerando a extensão do pais e inexistência de um controle absoluto na contagem dos votos. Faltava uma formula perfeita para garantir a integridade do pleito.
Em outubro de 1929 sugiram no Rio Grande do Sul tentativas visando o levante político liderado pela Aliança Liberal tendo no topo as figuras de Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha e Flores da Cunha, nomes tradicionais da política local, a quem a Varig devia tudo, pela apoio e esforço na sua criação. Envolvido com a conspiração pelo chamamento de Oswaldo Aranha, a fusão projetada pelas duas empresas começou a vazar. O governo do estado tinha sido, até então, um mero espectador no processo da fusão .Mudou radicalmente a sua postura ao assumir o perfil revolucionário. Muitas vezes, Meyer passou a manter encontros secretos com Osvaldo Aranha na residência deste, no bairro Tristeza, em Porto Alegre, onde a conspiração continuava a ser tramada. Instruções eram repassadas para Meyer e Berta, que assumiam posição relevante na estratégia do uso da aviação como arma bélica, coisa que o governo revolucionário não podia dispensar.
Atendendo determinação de Oswaldo Aranha, Meyer apresentou um parecer sobre a orientação a ser dada ao serviço de aeronáutica nos âmbitos civil e militar, ficando afeto àquele a preparação e cuidado do material e a última ação puramente militar.. No setor civil Carlos Sylla foi escolhido como diretor geral e Walter Peschei como diretor técnico. Ruben Berta assumiria a seção de tráfego e Otto Meyer pela Intendência.. A Varig participou ativamente incluindo contrato feito em 1930, cedendo o piloto Nuelle e avião. Quando se aproximavam as eleições de 1º de março de 1930, Oswaldo Aranha procurou conseguir por intermédio da Varig dois aparelhos que servissem para transporte de pessoas e permuta de informações no dia do pleito. Em meados de fevereiro foram tomadas as providencias para a aquisição de dois aviões Klimam, que serviriam para o fim almejado. Meyer assim o fez colocando-os montados no campo de Gravataí, prontos para qualquer eventualidade.
Todos que trabalharam pela revolução foram heroicamente dedicados, afirmava o documento. Entregaram-se com ardor a tarefa de organizar a arma da aviação, buscando a maior eficiência possível. Graças a Revolução Liberal a Varig continuou viva.