Como a Varig e Panair escaparam do massacre do Comet

Como a Varig e Panair escaparam do massacre do Comet

 JATOS EXPLODIAM NO AR COMO BOMBAS VOADORAS

O incrível  Comet, construído pela De Havilland na Inglaterra,  era assombroso sob todos os aspectos. Fez seu voo inaugural em 22 de janeiro de 1952, sendo o primeiro jato comercial do mundo a receber certificação. Voava mais rápido e mais alto do que qualquer outro avião concebido. Num salto espetacular de tecnologia, alcançava 725km de velocidade (dobro dos concorrentes) acomodava até 48 passageiros, garantindo conforto nunca igualado. Voando em grande altitude ficava isento de turbulência. Suas janelas quadradas, panorâmicas, chamavam a atenção e ajudavam a fazer do Comet um sucesso de vendas. A BOAC, em 52, encomendou oito Comet voando até Tokyo. Até mesmo a Pan American também entrou na fila e solicitou oito jatos, sendo a primeira compra de uma aeronave inglesa adquirida por uma companhia norte -americana. Ainda no mesmo ano uma das aeronaves da BOAC acidentou-se em Roma, sendo a culpa repassada a erro humano, devido a complexidade da operação.

Projeto avançado, cheio de falhas, explodiu o jato pioneiro

Na entrega de um Comet para a Canadian Pacific, em 53, o jato não conseguiu levantar voo. Interrompeu a decolagem e explodiu no final da pista, matando seus onze ocupantes. Entre as investigações que se seguiram, após terríveis acidentes, ficou constatado que projetar um avião com as elogiadas janelas que forneciam o aparecimento de rachaduras, era uma das falhas capaz de causar a desintegração da fuselagem em pleno voo. As janelas quadradas criavam pontos de tensão nas extremidades. A pressão exercida sobre elas durante  o voo, era maior do que os projetistas imaginavam.  A consequência deste “deslize” era assustadora – o avião desintegrava-se no ar.

Tripulação técnica colaborou com erro humano

A partir daí todos os jatos de outros fabricantes também passaram a ter janelas redondas  e ovais  diminuindo a tensão causadora da fadiga dos metais. Descobriu-se que o projeto (verdadeiro vilão da história) não tinha preparado a estrutura para ser usada com grande diferença de pressão. As aeronaves a jato precisavam dispor de um sistema cuja pressão interna fosse maior do que a pressão do lado de fora. A estrutura não estava preparada para ser usada com essa diferença de pressão.  Às aeronaves se tornaram verdadeiras bombas voadoras. Bastou uma rachadura no teto  de um Comet acidentado para que ele se desintegrasse em pleno voo. Os jatos precisavam voar em grande altitude para evitar turbulências e tempestades, onde a pressão atmosférica é mínima.

A empolgação com o jato não durou muito. Era uma série de cinco acidentes, em menos de dois anos, resultando na morte de 113 pessoas. Nas investigações ficou constatado problemas de geometria no projeto das asas e falhas de pressurização na cabine. Descobriu-se que o projeto (verdadeiro vilão da história) não tinha preparado a estrutura para ser usada com grande diferença de pressão. Em 11 de janeiro de 62 os Comet foram interditados para voo, voltando em 23 de março com 60 modificações. Naquele mesmo mês o Ministério dos Transportes caçou a licença de operação dos Comet dando fim a um espetáculo que encantou e depois apavorou o mundo.

BERTA FOI BUSCAR O COMET  E TROUXE O CONTELLATION

Quando a Varig foi autorizada pelo presidente Vargas para assumir a linha de Nova York, Berta já tinha organizado sua infraestrutura para crescer. Faltava definir uma marca forte para equilibrar a frota. Ele não pensou duas vezes e decidiu investir no futuro. E o futuro era o jato que se apresentava precursor e poderoso na figura do pioneiro.

Sua decisão contemplava a presença nada menos do que o Comet, jato inglês que acabara de sair das pranchetas  e inaugurava seus primeiros voos. Ele pensava entrar em Nova York por cima, pela porta da frente. se antecipando como sempre na primazia do voo. Queria ser também na era do jato, o pioneiro no Brasil. Arregaçou as mangas e se tocou para a Europa, visitando a Inglaterra a caça da sua presa. preferida.. Mas, o espetáculo que encontrou  já era conturbado  O majestoso Comet  enfrentava sérias dificuldades técnicas. Mesmo  assim . a lista dos futuros compradores era extensa e continha na sua relação companhias consagradas, incluindo  a  Panair  do Brasil. Paulo Sampaio se antecipara, antes mesmo da própria matriz –  havia assinado uma carta de intenções para a aquisição de  quatro Comet 1, com opção para mais dois Comet 3, ao preço de 450.000 libras esterlinas cada.

Nenhum dos dois alcançou seus objetivos ficando a presença do moderno jato como  um sonho não realizado, mas que teve prosseguimento com a vitória de Berta alcançando o pioneirismo com o Caravelle. Era a promessa com JK de trazer a era do jato para o Brasil no seu governo, depois consagrado com avançado Boeing – 707  No final., por osmose tanto a Panair como a Varig saíram sem arranhões deste intrigante episódio que culminou com o fim da De Havilland, em 1963. Para não perde a viagem e voltar de mãos abanando Berta alterou seu rumo para a América do Norte, trazendo o Super Constellation,  presença marcante na conquista de Nova York, construindo um lastro para conquistas maiores.

Berta veio buscar o Comet e levou o Super Constellation

 

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