A GUERRA DAS LETRAS E O GRENAL NOS ARES

A GUERRA DAS LETRAS E O GRENAL NOS ARES

Lineu saiu na frente, usando o Super H como estratégia de marketing. Berta não perdeu tempo e transformou o Super G em Super I  de Intercontinental. Os Lockheed-1049, em 1958, ensejaram o que se chamou na época a Guerra da Letras, envolvendo os modelos Super G e Super H, tendo como pano de fundo a astúcia de dois gênios de marketing da nossa aviação comercial, Ruben Berta e Lineu Gomes, que mais uma vez voltavam a medir seus talentos. Estes aviões operados pela Varig e Real, criaram a mais famosa e inusitada disputa publicitária envolvendo companhias aéreas comerciais no Brasil

A Varig começou a operar com os Super Constellation fazendo desde julho de 1955 voos para Nova York, Em 15 de março de 1958, ou seja três anos depois, aterrissaram no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, os três primeiro Super H Constellation, do total de quatro, adquiridos pelo Consórcio Real Aerovias Nacional. Estas aeronaves já vieram de fábrica equipadas com  “wing  tip tanks” fixados nas extremidades das asas. Sua principal função era dotar os aviões com maior autonomia de voo. A Real, aproveitando a excelente visualização destes tanques nas aeronaves, pintou Super H com muito destaque em cada um deles, alcançando cobertura da imprensa mobilizando a opinião pública. Era tudo o que Lineu Gomes queria – ferir com vara curta o seu maior rival dentro dos seus próprios domínios.

O GRENAL NOS ARES

Os primeiros aviões da Varig não vieram com a modernidade dos Tip Tanks na ponta das asas, onde a Real havia colocado com destaque  a palavra Super H, sugerindo que o Super G da Varig era superado. Assim que chegaram os novos aviões, já munidos dos tanques, Berta reuniu imediatamente a equipe de Propaganda e ordenou que fosse criado algo para enfrentar a concorrência, capaz de reduzir o impacto.

A  reunião decisiva entre os “alquimistas do pensamento” com a presença do presidente, abriu com o tradicional cafezinho para acalmar os ânimo. Inicialmente, surgiu a palavra INTERNACIONAL, pintada em vermelho, com o layout  rejeitados por Berta – a Varig não era ainda uma companhia mundial e a cor vermelha não se coadunava com o desenho azulado do bojo dos aviões. Na hora, ele mesmo resolveu a charada:  Seria INTERCONTINENTAL– E assim foi feito. No entanto, quebrando tabus, depois de acalorados debates (que Berta escutava sorrindo) a cor vermelha continuou predominando pela força visual e ser um elemento estranho à fuselagem. O sufixo INTER permaneceu comandando o letering, mantendo o selo da vitória rubra.  Assim, surgiu o moderno Super I mais atualizado do que o H, e todo o mundo engoliu.

Na verdade a diferença entre os aviões era tênue. Revistas especializadas como Velocidade e Aéreo Magazine garantiam que ambos tinham as mesmas característica. A diferença estava na disposição interna da cabine  com predominância de luxo e conforto para o Super G (que o marketing da Varig mudara para Super I) , tendo a empresa  deliberado o transporte de 94 passageiros, (quando poderia conduzir 112) nos quais o serviço de bordo era qualificado um dos melhores do mundo.

 No Super H, preciso que se diga, foi  sacrificado o conforto em favor da quantidade. Empresas dedicadas ao transporte de cargas como California Eastern e Fliyng usavam o Super H. Por outro lado empresas tipicamente para o transporte aéreo de passageiros usavam o Super G, como TWA,KLM, LUFTHANSA, IBÉRIA e VARIG. Aéreo Magazine finalizava com uma intrigante pergunta: A Guerra está declarada. Quem vencerá? – Um vencedor já é certo – o passageiro.

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One thought on “A GUERRA DAS LETRAS E O GRENAL NOS ARES

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