Os irmãos Bromberg e a criação da Varig

Os irmãos Bromberg e a criação da Varig

A Varig e as cores do Grêmio
A INCRÍVEL HISTÓRIA DOS IRMÃOS QUE PARTICIPARAM DA FUNDAÇÃO DO GRÊMIO E DA VARIG

Eles escreveram página épica participando da criação de duas gigantescas marcas, orgulho da nossa gente, que se eternizaram conquistando o mundo. Atuando como protagonistas nestas jornadas épicas jamais esqueceram as origens. Assim, nasceu e cresceu o Grêmio Futebol Porto Alegrense. Assim, nasceu e cresceu a Varig – Viação Aérea Riograndense.

O MOSQUITEIRO
As primeiras bolas de couro entraram pelo porto de Rio Grande, diretamente da Europa, trazidas pelos ingleses e logo se espalharam pelo estado, graças ao trabalho incansável dos caixeiros – viajantes. Em Porto Alegre o primeiro clube a ser formado foi o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, (15/09/1903) surgindo através de imigrantes alemães, cujos estabelecimentos se concentravam no coração da cidade. Entre eles estavam os irmãos Waldemar e Arthur, da conceituada firma Bromberg Cia. empresa que integrava o alto comércio teuto-riograndense no Brasil.

Os irmãos Arthur e Waldemar ( a esquerda) grandes protagonistas na história do Grêmio

Os alemães gostavam muito dos esportes, incluído modalidades aquáticas praticadas no Rio Guaíba. Entretanto, logo o futebol angariou preferência pela facilidade das peladas no meio da rua e os bate bolas nos campinhos. No princípio tudo não passava de um grande ideal. Apesar de nem ter campo a adesão foi significativa. Depois, graças ao apoio de duas figuras expoentes do comércio local, o Grêmio deixou e de ser um sonho e tornou-se realidade.

O time do Grêmio com suas vistosas camisetas no ano da fundação (1903)

Primeiro, contando com a doação de parte de um terreno no bairro Moinhos de Vento, rodeado por mato, pertencente a Laura Mostardeiros, cuja família era dona de vasta área naquela região. Outra versão é a de que o  Grêmio ficou com uma dívida que se alongou, tendo que pagar  varias parcelas para ficar dono do campo e então ser proprietário e construir o Pavilhão. O fato foi saudado com euforia, mas era necessário um grande esforço para desbravar o local, tornando-o habitável para a prática do esporte. O campo dos Moinhos de Vento foi marcado e os jogos ganharam continuidade. À medida que o local era conhecido torcedores se multiplicavam e as dependências tornavam-se acanhadas, sem nenhum conforto. Nasceu daí o primeiro pavilhão coberto com arquibancadas, graças à ajuda financeira de Arthur e Waldemar, fundadores históricos mais atuantes, que também integravam a parte administrativa do novo clube, providenciando em tudo. Valor da ajuda para a construção ficou em torno de 10 contos -de réis, nascendo o Fortim da Baixada, que durou de 1904 até 1954, quando foi inaugurado o Estádio Olímpico. Do pavilhão da Baixada a gente tinha uma visão panorâmica do Prado da Independência, (onde hoje fica o Parcão) acompanhando corridas de cavalos. O pessoal dava as costas para o jogo e esquecia por instantes da partida, concentrado nas apostas feitas. Meu sogro, seu Walter, gremista fanático, me carregava junto aos domingos, na tentativa de mudar minha paixão pelo Inter (coisa que não teve êxito) De lá dava para assistir ao vivo escutando pelo radinho de pilha a narrativa elétrica no vozeirão do locutor Adroaldo Guerra (pai do Guerrinha) e depois trocar as pules.

O Fortim da Baixada e o primeiro pavilhão

NOITE ESCURA EM DIA CLARO
Numa nova proeza dos irmãos Bromberg o Grêmio transformou a noite escura em dia claro inaugurando em 1931, no Fortim da Baixada, refletores para jogos noturnos. A iluminação era um dos fortes da firma que atuava em várias capitais brasileiras, e percorria o mundo já com uma marca que ficaria consagrada.
Nestes anos todos o Grêmio viveu momentos de gloria e algumas frustrações, quando teve que enfrentar o Rolo Compressor, numa vingança dos 10×0, apitado por Waldemar Bromberg, que na sua imparcialidade e cavalheirismo nato, anulou um golo do Grêmio sem nunca ter sido perdoado por isso pelos gremistas implacáveis, através dos anos. Na verdade, o Grêmio tinha sido desafiado pelo Internacional que dava seus primeiros passos. Pressentindo o massacre tanto Waldemar como Arthur sugeriram entrar em campo com seus reservas, o que não foi aceito pelos colorados que se acharam menosprezados. No final as previsões se confirmaram. Mas tudo terminou em uma grande confraternização, com carne de costela gorda e muito chope gelado com baita gola para esfriar os ânimos.

EU, AIRTON E O PAVILHÃO FAMOSO
O campo da Timbauva pertencia Ao Força e Luz, clube que disputava o campeonato profissional citadino da primeira divisão profissional de Porto Alegre. O gramado era espetacular, considerado o melhor, onde tinha assistido jogos históricos como o da Seleção gaúcha desfilando craques. Agora seria o palco para exibir meus talentos de jovem habilidoso?

Mario Albuquerque, parceiro de Airton nos juvenis do Força e Luz

No início custei a me achar. Como o clube tinha um número mínimo exigido para a disputa na primeira divisão, muitas vezes os juvenis eram convocados para participar dos treinamentos, foi aí que eu vivi os melhores momentos da minha vida esportiva. E pensei com meus botões -O que é que esse cara ta fazendo aqui? È bom demais. O crioulo tinha um metro e oitenta mais se agigantava quando grudava a bola no corpanzil. Tinha a nossa idade e já estava no time principal a algum tempo. Era perfeito. Já possuía todos os fundamentos que eu conhecia e muito mais, e não errava passe nenhum. No começo do treino ele comandava o ataque e era goleador. Com lindas cabeçadas, dribles desconcertantes e chutes bem colocados. Depois Aparício colocava ele no meio. Não errava passe, ajudava a defesa e o ataque e ninguém conseguia tirar a bola dos seus pés. Mas aí, tinha o calcanhar de Aquiles – Era lento para a posição, que exigia movimentação constante e marcação acentuada quando sem a bola.

Airton Pavilhão – do Força e Luz para a glória

Foi justamente num jogo considerado de alto risco contra o Grêmio, na Baixada que ele pode mostrar todo o seu repertório. Com a contusão do zagueiro central abriu-se um buraco na defesa e Airton teve que voltar para organizar a grande área. O Grêmio ganhou porque tinha um time superior, mais as honras ficaram com Airton considerado o melhor jogador em campo. Foi o começo de um namoro que terminou em casamento. O presente de núpcias foi a troca pelo pavilhão que estava desmanchado porque o Grêmio se preparava, 54, para inaugurar o Estádio Olímpico e o zagueirão do Força e Luz era tudo o que Oswaldo Rolla Foguinh precisava.

Foto time do Grêmio com Airton, 1960
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