AVRO VIROU GAÚHO (2)

AVRO VIROU GAÚHO (2)

Depois de uma longa e vitoriosa jornada desbravando os campos de pouso mais inóspitos do interior, o grande e interminável guerreiro estava preparando a merecida aposentadoria. Berta adorava os DC -3. Era agradecido pelo seu desempenho memorável. Tinha no entanto ciência que estava chegando a hora do descanso.

A dúvida pairava no ar: Qual seria a máquina capaz de lhe dar continuidade ainda com maior carga e eficiência que o momento exigia? A concorrência também pensava de forma semelhante. E corria atrás de uma solução pesquisando e buscando um substituto na altura da necessidade

Era uma preocupação geral. A Vasp chegou no YS_11 Samurai. A Sadia/ Transbrasil escolheu o Dart-Herald. A Varig, por sua vez, ficou com o HS_748. conhecido por Avro. Em abril de 1970, o avião passou a ser exclusivo para o cliente gaúcho.

Idealizando o lançamento em Porto Alegre projeto coordenado pelo diretor de tráfego Alfredo de Sales Oliveira Neto. Na área de marketing foi criada uma estratégia sem similar no estado.

Juntamente com Nelson Jungbluth, participei do trabalho bolando os textos, que incluiria diversos tipos de mídia. O pedido solicitava entre outras coisas, a necessidade de peças criativas e bem elaboradas falando das características da aeronave criando um formato diferenciado que atraísse a atenção do leitor.

Depois de muita conversas, cafezinhos, pesquisas e outras ações veio a lembrança do amor que Berta tinha pelo Rio Grande do Sul, chegando ao ponto de introduzir churrasco a bordo no voo mais nobre da empresa com o Super\Constellation para Nova York.. Eureka! Era a grande sacada .Transformar o Avro num baita CTG, com as meninas vestidas com trajes típicos estilizados, oferecendo a culinária gaúcha apreciada por todos na região.

Berta, de cara, ficaria encantado com a ideia especialmente depois de ver os rabiscos do Nelson e os textos com sotaque dos Pampas, tudo aprovado. As gurias passaram por intenso treinamento, aprendendo, inclusive o linguajar local; pois algumas eram de outras regiões do país. Mas o fundamental ainda faltava. Qual o costureiro que arriscaria fazer a vestimenta, que comportasse. os adereços sendo leve o suficiente para o bom desempenho a bordo, e ainda uma defesa contra o vento minuano que no inverno soprava implacável.

Foi quando surgiu. não sei bem de onde, o Nazaré, com portfólio , capaz de aceitar nossas exigências. Idealizou uma confecção espetacular garantindo premio internacional em concurso na Espanha e considerado o Uniforme do Ano no Rio de Janeiro, entre outras distinções

Uma das vestimentas tinha saia e colete azul, completando o figurino com botas, cinto, blusa e chapéu de couro vermelho com aplicação de metal. Para enfrentar o frio congelante do inverno dos pampas ele idealizou uma manta xadrez, vermelha e azul.

A aeronave oferecia 40 lugares quase o dobro do DC- 3 Cada equipe era formada por três comissárias. O grupo constituído por 18 “prendas” foi treinado pelo comissário Martin Bernsmuller. No final da empreitada ele terminou casando com a mais esperta, chamada Ionilda.

O Avro teve vida curta na Varig, apesar dos bons índices de aproveitamento, saindo de operação em 1975, sendo três acidentados e o restante vendido para empresas no exterior.

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