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Mês: Julho 2021

A AGONIA DA VARIG (José Sarney)

A AGONIA DA VARIG (José Sarney)

José Sarney assinava uma coluna no jornal Folha de São Paulo, publicada todas as sextas-feiras. Uma delas beira o inacreditável. No dia 16/06/2006, data crucial para os destinos da Varig, ele lança em manchete uma frase de arrepiar – A agonia da Varig – e derrama lágrimas de crocodilo.

Ex-Presidente José Sarney

Lembra que os meninos do seu tempo queriam ser aviadores e fala sobre o fascínio de voar. Já, então, para ele, a Varig era o máximo, marca de conforto e segurança. Fala que estava em Paris, viajando pela Panair do Brasil, quando a Varig assumiu a rota para a Europa e fez seu regresso por ela. Conta sua admiração pela figura de Ruben Berta e o convite para o primeiro voo a Tóquio, tendo como meta o sonho de dar a volta ao mundo (que nunca se realizou). Patético, ele se debulha em lágrima – Vejo agora a agonia da Varig. Lembro do seu charme e esplendor naqueles anos, com a beleza dos Constellation. No final do texto garante numa frase absurda como se eximisse de qualquer culpa do cadáver aos seus pés – E garante – É com nostalgia que assisto aos estertores das asas abertas por Berta. E acrescenta – Quanto tempo levam as empresas aéreas para morrer? Pergunta beirando a indecência. Ele teria a resposta na ponta da língua E termina afirmativo – “Que bom se ela se salvasse”, debochando com a assinatura Varig! Varig! Varig! Acredite quem quiser, mas nosso Blog tem em sua cartilha de princípios – O Bom Blog fala a verdade. O bom Blog tem conteúdo e outros oito mandamentos – que procuramos seguir à risca.

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VARIG A PÃO E ÁGUA

VARIG A PÃO E ÁGUA

A Varig não atendeu pedido de Zé Dirceu em 2002. Em 2006, passou a viver de pão e água como o todo poderoso presidente do PT profetizara.  (ISTO É).

Ozires Silva dirigia a companhia gaúcha em tempo de crise e qualquer ajuda política teria que ser referendada pelo Conselho e não alcançaria receptividade dos seus pares.

Ozires viera da EMBRAER, onde tivera uma carreira elogiável; mas faltava a ele a jinga para dançar a música e vestir botas num verdadeiro baile de cobras. Berta tinha um jeito próprio de tratar estas questões. É verdade que os tempos eram outros, embora a política fosse seguida por gente preparada para grandes batalhas verbais e estratégicas, que só um homem com o perfil de Berta poderia acompanhar.

Mas tudo começou por obra do destino, com a morte prematura de Tancredo Neves, democraticamente eleito cedendo espaço para José Sarney, seu vice-presidente. As peças começavam a serem expostas no grande tabuleiro de xadrez da política nacional, envolvendo todos os ex-presidentes pós regime militar numa trama que congregaria desde Sarney, passando por Collor de Melo, chegando em Fernando Henrique e terminando com Lula e Dilma, num acerto coletivo onde as peças se comunicavam em cada lance,

Ozires Silva

Era uma época em que o prestígio da Varig tinha ligação direta com o sucesso do Governo Militar e seu protagonismo incomodava precisando ser extirpado a qualquer custo, O lance mortal, obra de Sarney em 1986, através da Defasagem Tarifaria, com o congelamento das tarifas aéreas por cinco anos, dívida nunca paga pela União mesmo sacramentada em juízo favorável a Varig, até hoje não resolvida. Em seguida, a Política de Flexibilidade do Transporte Aéreo Brasileiro imposta por Collor viria a dar início a um ciclo nefasto, que levaria a Varig ao extermínio.

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O TÚNEL DA VERDADE

O TÚNEL DA VERDADE

Um mergulho nas letras das manchetes, nos levam a revelar pessoas e imagens capaz de desvendar fatos e mistérios, clareando a escuridão no Túnel da Verdade. Assim, afastado do grupo dirigente pela aposentadoria (dezembro de 1992) minha presença na Varig se dividia em lembranças e alguns contatos, que nunca terminaram.

Ver a derrocada da Varig, foi um momento de aflição, depois lutando em causa própria para a salvação do AERUS. Restou o documento dos fracos, que se tornam fortes – O grito, através da imprensa atraindo o interesse da opinião pública e alguns políticos – Foram armas usadas nesta batalha de vida ou morte.

Para entender bem o processo que levou a Varig a falência com enfrentamento de crises mundiais no setor, com seus reflexos na aviação, políticos fraudulentos, falhas de gestão com ingerência nefasta de governantes, verdadeiros responsáveis pelo drama que alijou profissionais de altíssimo nível de suas funções e esfacelou com uma companhia orgulho dos gaúchos e do Brasil, recorremos a uma varredura total nas matérias jornalísticas da época, capaz de dar subsídios para analisarmos os fatos e revelar nomes, num episódio histórico ainda passível de arraigadas discussões.

Tucaninho se incumbiu desta tarefa analisando a governança dos cinco primeiros ex-presidentes do Brasil, do período democrático depois da era Militar buscando interpretar fatos condizentes com cada época, dentro do seu contexto histórico, voltados aos prejuízos que levaram a extinção da Varig.

VARIG E AS TETAS DO GOVERNO

VARIG E AS TETAS DO GOVERNO

A grande questão – A Varig usou ou foi usada pelos governos brasileiros?

No prólogo do meu livro lanço a pergunta que suscitou debates e discussões acaloradas,-
A Varig viveu mesmo “mamando nas tetas dos governos”? Ou foi usada por eles. Agora, repasso para os meus seguidores a mesma interrogação quase cinco anos após o lançamento do – Berta – Os anos dourados da Varig. O tempo passou, A Varig não existe mais já fazem 15 longos anos, o Aerus ainda é uma dúvida amenizada, mais ainda não resolvida.

Ruben Martin Berta foi um ídolo para todos nós da Varig, especialmente de gente como eu, que teve o privilégio de ser testemunha ocular do seu desempenho e de sentir o magnetismo pessoal da sua figura humana. Falar de Berta é falar da Varig. Pela minha profissão de jornalista, toda dedicada a zelar pela marca que ajudei a construir durante quatro décadas, escrever um livro sobre esta experiência fascinante tornou-se quase uma obsessão.

Ajudado pelas entrevistas que me foram concedidas por figuras históricas, incluindo Otto Ernest Meyer e Ruben Berta. com episódios vivenciados por mim, nasceram perguntas inquietantes que merecem serem interpretadas mais a fundo. De que forma se deu a aproximação com os presidentes brasileiros? Como aconteceu na ditadura? Como foi na democracia? Berta sempre foi fiel aos seus parceiros políticos? E a recíproca foi verdadeira?

Nos momentos de graves crises políticas, os governos sempre encontraram na Varig um parceiro solidário – seja na revolução liberal de 1930,que levou Vargas ao poder; seja no evento da Legalidade com Brizola e João Goulart (episódio que participei quando no CSM (Controle de Serviço da Manutenção, escalando o Caravelle PP-VJC que foi a Montevidéu buscar Jango) ; seja atendendo a determinação de Jânio Quadros para a aquisição da Real em situação falimentar ( sob ameaça da implantação da AEROBRAS); seja pelo controle da Panair. Por ordem de Castelo Branco e Eduardo Gomes, pelos mesmos motivos – falência e administração fraudulenta, sempre com ameaça da AEROBRAS

Meyer e Berta – Do sonho a realidade na conquista do mundo
Berta mostrou o Super Contellation para Juscelino num voo precursor para Europa e América do Norte, nascendo dai uma amizade que resultou na conquista pela Varig do pioneirismo na era do jato.
Jânio dá adeusinho e vai de Varig, deixando legado salgado para Berta com a Real falida e milhares de servidores a ver navios ou aviões.
Troca de sorrisos e distinção de honrarias no governo militar, com a Panair de lambuja

Para chegar aos pés de Berta, Getulio Vargas usava um pequeno estrado (preparado pelo anjo negro) na hora da foto, imagem jamais divulgada. Os releases mostravam olho no olho

 

Na verdade, Berta era considerado o único ficha-limpa da aviação comercial brasileira, razão pela qual todos os governos não hesitavam em buscar socorro. Ele procurava estar sempre ao lado do governo. poder concedente. Fazia política, sem nunca ser politico. Convidado para ocupar elevados cargos públicos jamais aceitou, afirmando que a sua missão na vida era tornar a Varig uma companhia na busca de conquistar o mundo.
Depois da era Berta, continuei tendo participação ativa na administração de Erik de Carvalho, Helio Smidt e Rubel Thomas, O governo democrático montou uma arapuca que merece ser contada num capítulo a parte

A grande pergunta sustenta-se num tópico: A VARIG soube usar as benesses do poder concedente para subsistir, ou os governos serviram-se da Varig buscando resolver seus mais intrincados problemas? Por que, entre todas as congêneres sempre foi ela a única escolhida(seja qual fosse a ideologia vigente) capaz de participar das grandes decisões? Afinal usou ou foi usada? É resposta que transferimos para nossos seguidores

COM BERTA A VARIG NASCEU E CRESCEU CONQUISTANDO O MUNDO.
SEM A PRESENÇA DE BERTA, A VARIG FOI PRESA FÁCIL ENTERRADA VIVA
POR GOVERNOS PERDULÁRIOS NUMA NEGOCIATA MACABRA

 

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UM GIGANTE DOS ARES SEM INTERVALO COMERCIAL

UM GIGANTE DOS ARES SEM INTERVALO COMERCIAL

Como uma incrível coincidência, descoberta na última hora, fez nascer um programa de televisão único no país, sem intervalos comerciais, apresentando um gigante dos ares, colocando a Varig, mais uma vez, como pioneira, agora, na era Wide-Body (fuselagem larga) no Brasil

Certa tarde, em 1974, recebi a visita de dois grandes profissionais e amigos, Estevam Romano e José Mauricio Pires Alves, da TV Difusora. Eles tinham planos de lançar uma programação divulgando filmes inéditos para assinalar a comemoração dos 10 anos de aniversário da TV propugnando a presença da Varig como participante máster.

Consideravam o prestígio da marca Varig uma garantia de aceitação do público-alvo, além de outros anunciantes, fechando um círculo capaz de viabilizar comercialmente o projeto.

A princípio nada feito. Era necessário revisar a verba e alterar o planejamento de mídia. Entretanto, entre uma conversa e outra, já na hora da despedida, perto da porta de saída, surgiu a pergunta cuja resposta marcaria uma estratégia espetacular de oportunidade, daquelas que descem do céu, num pouso manteiga.

–  E o programa vai ter nome?

O título, até então, inexplicavelmente mantido em sigilo, caia como uma luva – >  “Década de Clássicos no 10”.

O novo jato que estava para chagar diretamente da fábrica. Era um Douglas DC-10, da última geração, pioneiro da era Wide-Body no Brasil,

Máquina que a Varig considerava revolucionária. De imediato solicitei uma nova rodada de cafezinho, pois certamente o bate-papo iria se alongar. Estava feita a ilação. Tudo combinava. Foi quando surgiu a ideia revolucionária

– Que tal passar os filmes sem intervalo comercial?

Houve um instante de perplexidade, que pareceu durar horas.

Varig seria a patrocinadora máster e única, sem inserir comercial. Apenas usaria em determinados momentos, textos institucionais no rodapé, que se movimentavam – DC-10 da VARIG – A maneira mais elegante de voar,; surgindo daí dezenas de apelos institucionais.

Erni Peixoto, nosso diretor regional, fora um dos grandes incentivadores da aquisição dos DC-10, defendendo com muita propriedade na Comissão Especial, as características peculiares da aeronave, com a mais apurada técnica em propulsão, aerodinâmica, e estrutura eletrônica de bordo, assunto que atingia em cheio sua especialidade. Com o seu apoio os trâmites da verba foram resolvidos junto à presidência, a ideia aprovada pelo Adoniram, na Superintendência da Propaganda. Criamos antão um teaser com a marca DC- 10 e o ano de lançamento, assinando com uma frase de expectativa – ESPERE QUE VOCE VAI VER –  para ser divulgado somente na abertura e no encerramento do programa. Na verdade, o jato fabricado pela MC DONNELL DOUGLAS DC-10-30 representou verdadeira joia na constelação de estrelas brilhantes da Varig na conquista do mundo, assunto que esperamos abordar em detalhes oportunamente.

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AVRO VIROU GAÚHO (2)

AVRO VIROU GAÚHO (2)

Depois de uma longa e vitoriosa jornada desbravando os campos de pouso mais inóspitos do interior, o grande e interminável guerreiro estava preparando a merecida aposentadoria. Berta adorava os DC -3. Era agradecido pelo seu desempenho memorável. Tinha no entanto ciência que estava chegando a hora do descanso.

A dúvida pairava no ar: Qual seria a máquina capaz de lhe dar continuidade ainda com maior carga e eficiência que o momento exigia? A concorrência também pensava de forma semelhante. E corria atrás de uma solução pesquisando e buscando um substituto na altura da necessidade

Era uma preocupação geral. A Vasp chegou no YS_11 Samurai. A Sadia/ Transbrasil escolheu o Dart-Herald. A Varig, por sua vez, ficou com o HS_748. conhecido por Avro. Em abril de 1970, o avião passou a ser exclusivo para o cliente gaúcho.

Idealizando o lançamento em Porto Alegre projeto coordenado pelo diretor de tráfego Alfredo de Sales Oliveira Neto. Na área de marketing foi criada uma estratégia sem similar no estado.

Juntamente com Nelson Jungbluth, participei do trabalho bolando os textos, que incluiria diversos tipos de mídia. O pedido solicitava entre outras coisas, a necessidade de peças criativas e bem elaboradas falando das características da aeronave criando um formato diferenciado que atraísse a atenção do leitor.

Depois de muita conversas, cafezinhos, pesquisas e outras ações veio a lembrança do amor que Berta tinha pelo Rio Grande do Sul, chegando ao ponto de introduzir churrasco a bordo no voo mais nobre da empresa com o Super\Constellation para Nova York.. Eureka! Era a grande sacada .Transformar o Avro num baita CTG, com as meninas vestidas com trajes típicos estilizados, oferecendo a culinária gaúcha apreciada por todos na região.

Berta, de cara, ficaria encantado com a ideia especialmente depois de ver os rabiscos do Nelson e os textos com sotaque dos Pampas, tudo aprovado. As gurias passaram por intenso treinamento, aprendendo, inclusive o linguajar local; pois algumas eram de outras regiões do país. Mas o fundamental ainda faltava. Qual o costureiro que arriscaria fazer a vestimenta, que comportasse. os adereços sendo leve o suficiente para o bom desempenho a bordo, e ainda uma defesa contra o vento minuano que no inverno soprava implacável.

Foi quando surgiu. não sei bem de onde, o Nazaré, com portfólio , capaz de aceitar nossas exigências. Idealizou uma confecção espetacular garantindo premio internacional em concurso na Espanha e considerado o Uniforme do Ano no Rio de Janeiro, entre outras distinções

Uma das vestimentas tinha saia e colete azul, completando o figurino com botas, cinto, blusa e chapéu de couro vermelho com aplicação de metal. Para enfrentar o frio congelante do inverno dos pampas ele idealizou uma manta xadrez, vermelha e azul.

A aeronave oferecia 40 lugares quase o dobro do DC- 3 Cada equipe era formada por três comissárias. O grupo constituído por 18 “prendas” foi treinado pelo comissário Martin Bernsmuller. No final da empreitada ele terminou casando com a mais esperta, chamada Ionilda.

O Avro teve vida curta na Varig, apesar dos bons índices de aproveitamento, saindo de operação em 1975, sendo três acidentados e o restante vendido para empresas no exterior.

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